Adoro escrever... e comecei nessa vida muito antes de pensar em cursar Jornalismo. Escrevia cartas, ia ao correio postar e ficar contando os dias para chegar a resposta... e sempre recebia! Hoje em dia eu só mando... ninguém mais me responde. Porém isso não me abate: continuo escrevendo.
Esse envelope é de uma carta recebida de Israel em 1989, no meu primeiro ano em Campinas. A remetente, uma pessoa muito especial... muitas cartas nossas cruzaram o oceano nessa época. O interessante é que atualmente as cartas entre nós continuam cruzando o oceano (eu aqui, ela no Brasil), apesar de em mão única.
PS: o selo eu tirava e dava pra um amigo colecionador...
A banalização do “eu te amo”
Há um tempo, no início da popularização da internet, recebi diversas vezes emails com conteúdo do tipo “não deixe pra amanhã o que você pode fazer hoje”, “diga 'eu te amo' antes que seja tarde demais”, “o dia especial da sua vida é hoje”, entre outros que, na época, me serviram de base para um texto que escrevi pro jornal da empresa – e que já publiquei aqui.
Depois dessa onda toda, eu passei a me expressar mais, disse diversas vezes a meu pai que o amava, assim como para minha mãe... coisa que nunca tinha feito antes. Não que não houvesse amor, mas simplesmente não era parte da minha criação expressar dessa forma. Falei e falo também para algumas poucas amigas, que são mais do que irmãs... enfim, acho que me melhorei um pouco nessa mudança de postura.
De lá pra cá, com a massificação da internet, cada vez mais o privado está presente na esfera pública. No orkut, que eu chamo de “o paraíso da devassidão”, virou moda declarar amor. O que se vê é “eu te amo” escrito das formas mais diferentes e explícitas possíveis, em recados, depoimentos e afins. É tanto “te amo” que os amigos ficam disputando o “topo” na lista de depoimentos, como se isso significasse ser mais ou menos amado. Quanta besteira...
Eu sinceramente questiono a essência desse tipo de “eu te amo”. Acho que essa gente toda tá confundindo o nome dos sentimentos... ou querendo supervalorizar... ou até mesmo escrevendo no mundo virtual o que não teria coragem de dizer olho-no-olho. Ou então quer só aparecer. Santa incoerência... pode ser que se diga tímido pra dizer cara a cara, mas coloca no orkut, atualmente o mais popular site de relacionamentos no Brasil.
Dizer que ama alguém, quando o sentimento é genuíno, é algo que vem tão das entranhas, que muitas vezes demora a sair, a ser verbalizado. E quando sai, pode ser numa fala meio embargada... com a voz sumindo... algo dito no fim da conversa, que a gente diz e “sai correndo”. Correndo pra um abraço ou beijo, pra dizer tchau na conversa ao telefone, pra acalmar alguém que tá triste ou com problemas, dar colo... mas é normalmente algo que se diz no fim de um papo. Porque o “eu te amo” verdadeiro dispensa palavras depois.
Apesar de eu estar “alyways connected” – estou no orkut, uso MSN, skype e outros – a minha forma de expressar o meu amor não é necessariamente dizendo “eu te amo” para todos os lados... eu amo muitas pessoas, e cada uma delas sabe do meu apreço. E exatamente por saberem é que não preciso ficar “disputando topo” na lista de depoimentos, por exemplo. Isso não signfica que eu nunca diga a elas que as amo, mas quando o faço, tento buscar uma forma diferente da coisa massificada que se vê por aí. Por exemplo, adoro escrever cartas ou postais de próprio punho, ir ao correio, comprar selo... é tudo tão mais humano, e não passível da tecla “delete”. Não é o máximo?
Escrevam pra mim! Amo receber postais!









