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domingo, 28 de setembro de 2008

Sensações "inexplicáveis" / “Unerklärliche” Sensationen


Um pequeno pingente no meu pescoço... de ouro, praticamente sem as cores que chamam atenção... mas o que ele representa é tão forte, que quem por ele tem amor, consegue enxergar a quilômetros de distância.

Assim foi na Oktoberfest esses dias. Um grupo chegou perto de nós para perguntar como tínhamos conseguido cerveja, pois estávamos de pé, e normalmente servem apenas para quem está sentado a uma mesa. Só que antes que eu respondesse (em alemão, porque nesse idioma me perguntaram), um dos homens do grupo apontou pro meu pescoço e disse “olha, o brasão do Corinthians... você é brasileira?”

Resumo: o cara é diretor de futebol de 11 a 13 anos do Timão. E me deu uma camisa oficial novinha, que fui buscar no hotel dele no dia seguinte.

Salve o Corinthians!

PS: o outro pingente é minha menina, já grandinha, Luísa.

PS2: hoje é curtinho o post... com tradução lá embaixo.


Unerklärliche” Sensationen

Sie waren zusammen seit kurzer Zeit, und es war das erste Mal, dass sie gemeinsam flogen. Kurz nach dem Abflug hielt er ihre Hand fest und sagte:

- Ich habe den Eindruck, dass ich das mit dir schon erlebt habe...

**********

Und das Lied, wie immer:

... und wenn die Zeit kommt, kehrst du zurück, da unsere Liebe über allen Sachen dieser Welt steht” (Noch einmal - Jota Quest)

http://www.youtube.com/watch?v=kvFjaxdpKY4


Sensações “inexplicáveis”

Estavam se relacionando há bem pouco tempo, e era a primeira vez que voavam juntos. Logo após a decolagem, ele segurou forte a mão dela e disse:

- Tenho a impressão de que já vivi isso com você...

**********

A música, sempre uma música:

... e quando a hora chegar, volta... que o nosso amor está acima das coisas desse mundo” (Mais uma vez - Jota Quest)

http://www.youtube.com/watch?v=kvFjaxdpKY4


sábado, 19 de julho de 2008

Über das Süß-sein / Sobre ser doce


Uma das coisas mais engraçadas do aniversário de uma amiga foi ver alguns convidados jogando pingue-pongue. Acho que eles inventaram algumas regras novas, tipo a bolinha ter que passar entre as garrafas junto à rede, e a cada raquetada, tinham que tomar um gole de cerveja. Pode ter certeza que não houve vencedor nesse jogo... kkkk... E outra: quase houve banho de ovo. Alguém pegou os ovos na geladeira e saiu distribuindo um pra cada, meio que escondido, pra que pudéssemos pegar a aniversariante de surpresa. Ele só não sabia que os ovos já estavam cozidos... que gafe! E a festa terminou em volta de uma fogueira, com violão e cantoria. Muito legal! Ah, tem tradução do texto de hoje lá embaixo.


Über das Süß-sein
Noch eine kurze Geschichte... Auch dieser Dialog stammt ursprünglich aus dem Englischen.

Sie lebte am Meer... es war super schön, aber die Insekten waren für sie immer ein Problem, weil wenn sie gestochen wurde (und es passierte sehr oft), hatte sie eine Allergie, und es juckte sie sehr.

Sie schlug ein Insekt auf ihrem Bein und sagte:
- It's unbelievable how these insects love me... I may be sweet!
Er schaute sie mit einem listigen Blick an und antwortete:
- Yes, you are. I know that.

Und ein Teil eines Liedes, um diese Geschichte zu ilustrieren:

“Komm und küss mich, mein süßer Vampir...”
http://www.youtube.com/watch?v=3mymIrWrWPI
(Rita Lee)

Sobre ser doce

Morava junto ao mar... muito legal, mas os insetos eram um problema, porque sempre que ela era picada por um (e isso acontecia muito freqüentemente), tinha alergia local e coçava muito.

Ela matou um mosquito que estava sobre sua perna e exclamou:
- É inacreditável como esses insetos me amam... eu devo ser doce!
Ele a fitou com malícia no olhar e replicou:
- Sim, você é. Eu sei disso.

E um trecho de uma canção, pra ilustrar essa historinha:

“Venha me beijar, meu doce vampiro...”
http://www.youtube.com/watch?v=3mymIrWrWPI
(Rita Lee)



quarta-feira, 16 de julho de 2008

A cama nova


Gostei desse negócio de histórias curtinhas com “trilha sonora”... aí vai mais uma. E pra “descer redondo”, uma Weißbier a fim de deixar meus leitores com sede... com a tábua de asinhas e costelinhas ao fundo... ai, desculpe, é jogo baixo, eu sei... kkkkk


A cama nova

Depois de engolir muito “sapo cururu“ com as companheiras de república, ela colocou todas pra correr e estava morando sozinha – com o aluguel em fim de contrato, dava pra encarar. Só que não tinha uma cama decente... a dela era de rodinhas, daquelas que ia embaixo do beliche pra formar treliche. Então decidiu comprar uma.

Entregaram rapidinho, e o namorado estava em casa quando a cama chegou. Ela estava ansiosa pra vê-la montada, e foi logo na casa do zelador pedir ferramentas emprestadas.

Quando voltou, o namorado, que estava assistindo TV, falou pra deixar que ele montaria depois, ignorando completamente a ansiedade dela. Por sua vez, ela ignorou o que ele disse e passou direto pro quarto. Menos de 15 minutos depois, foi saindo com as ferramentas para devolver ao zelador.

Ele: onde você vai?
Ela: vou devolver as ferramentas.
Ele: mas e a cama?
Ela: já montei. Pra essas coisas não preciso de homem na minha casa.

E a música:
“As coisas não precisam de você
quem disse que eu tinha que precisar...”

http://www.youtube.com/watch?v=EZmes76uNqA
(Virgem, Marina Lima)




quinta-feira, 3 de julho de 2008

Der erste Kuschelabend / O primeiro aconchego


Hoje vou postar em alemão e inglês uma história bem curtinha (com tradução no final). Tenho estado meio preguiçosa pra escrever, embora as idéias não parem de fervilhar na cabeça, só que sempre quando estou longe do computador... quero escrever... só preciso me concentrar para isso quando estou diante dele! Tempo nunca falta, é só planejá-lo adequadamente, o que eu não tenho feito... pronto, assumi minha atual desorganização pessoal! Pra ilustrar, uma foto de um pôr-do-sol amazônico, tirada na cidade de Terra Santa, Estado do Pará, na divisa com o Estado do Amazonas.

Der erste Kuschelabend
Das ist eine Geschichte von einem ersten Kuschelabend. Der Dialog stammt ursprünglich aus dem Englischen:

Nach einem normalen Montag haben die zwei sich zum ersten Kuschelabend getroffen, in ihrer Wohnung. Die beide waren echt müde, und mussten am folgenden Tag wieder arbeiten. Aber er lag auf ihrem Schoss als ob es nichts mehr wichtiges im Leben gäbe... wie ein kleiner Junge verloren im Urwald, der endlich eine Zuflucht gefunden hatte.

Sie: it's late, I have to work tomorrow, and so do you. I need to go to sleep.
Er: but I don't wanna go away...

Um diese Geschichte zu ilustrieren, ein Teil eines Liedes:
“and
when you find yourself lying helpless in her arms
you know you really love a woman”

http://www.youtube.com/watch?v=3pJoMeEg8cM
(Bryan Adams)

traduzindo...

O primeiro aconchego

Depois de uma segunda-feira normal de trabalho, os dois se encontraram no apartamento dela, e ficaram por um longo tempo juntos, abraçados, no que foi o primeiro momento de aconchego deles. Ambos estavam cansados, e tinham que trabalhar normalmente no dia seguinte. Mas ele havia se aninhado nos braços dela como se nada mais na vida tivesse importância, como um pequeno menino perdido na floresta, que finalmente encontrara um abrigo.

Ela: é tarde, eu tenho que trabalhar amanhã, e você também. Preciso ir dormir.
Ele: mas eu não quero ir embora...

E o trecho de uma canção, para ilustrar essa história:
e quando você se vir repousando indefeso nos braços dela
você saberá que realmente ama uma mulher”

http://www.youtube.com/watch?v=3pJoMeEg8cM
(Bryan Adams)

segunda-feira, 16 de junho de 2008

Quando as palavras são desnecessárias


O texto de hoje não tem introdução, pois há ocasiões em que as palavras são dispensáveis... mas a ilustração é bem colorida, porque a vida é mais feliz quando tem muitas cores. A artista? Minha filha Luísa.

Quando as palavras são desnecessárias

Um encontro... olhares se cruzam... afinidades afloram... sentimentos nascem e crescem... e foram se conhecendo tão intensa e profundamente, que para saber como o outro estava, não era mais preciso perguntar: bastava olhar nos olhos. E se não estivessem por perto, seria suficiente dois minutos de conversa pra sentir na respiração ou no tom de voz. Havia total transparência ali entre eles, ninguém escondia nada um do outro. Até porque com aquela sintonia, nem era possível.

Distância... eles nem sempre podiam estar fisicamente perto. Havia outras variáveis nessa história, mas nada que pudesse abalar verdadeiramente aquele sentimento que os unia. Apesar de um oceano estar no meio deles, não havia no mundo dois seres que estivessem mais próximos um do outro. Pelo menos, era o que eles sentiam, era o que parecia ser.

Relacionamento... ele aprendeu tanta coisa legal com ela, cresceu como pessoa, conheceu diferentes formas de encarar a vida, família, trabalho... ao lado dele ela pôde constatar que suas utopias sobre convivência com homens eram plenamente realizáveis, ao lado dele ela teve a coisa mais importante que uma mulher precisa de um relacionamento: sentir-se amada.

Experiência... porém chegou um dia em que ele sentiu-se pressionado de alguma forma (não por ela), por circunstâncias ou coisa parecida e, por falta de maturidade, fez a escolha mais fácil: decidiu terminar aquela história, uma decisão unilateral, por telefone, sem dar chance ao diálogo, ao olho no olho.

Dor... é claro que ela sofreu, mas pouco depois escolheu não mais chorar nem sofrer, afinal, uma história tão linda como aquela só poderia deixar lembranças bonitas. Só que a dor fez com que ela se tornasse mais exigente consigo mesma e com os homens com quem viesse a se relacionar. E a vida seguiu adiante, mas ela sempre sentiu falta de olhar nos olhos dele uma última vez, pra poder ter certeza do que a voz entregava: de que aquela decisão de terminar não havia vindo do coração.

Tempo... senhor soberano, cura todas as dores. Na verdade, não é de fato uma cura, mas ele faz com que as pessoas se acostumem com suas novas realidades. E elas passam a doer menos. Ela nunca mais ouviu falar dele, só sabia que ele já tinha outra pessoa. Que fosse feliz assim, desejava ela sinceramente, sem mágoas ou ressentimentos.

Acaso... eis que um dia, nesse mundo virtual, alguém que o conhecia a encontrou, fez contato e contou algo que abalou o coração dessa mulher: ele havia ficado viúvo. Um sentimento estranho a perturbou por alguns dias, e ela não entendia porque, afinal, tinha certeza de que não o amava mais, de que ele tinha se tornado apenas “uma história bonita” na vida dela, que pertencia ao passado. Mesmo assim, decidiu procurá-lo, a fim de conversar olho no olho e fechar aquela porta que havia ficado entreaberta.

Reencontro... demorou mas aconteceu. Depois de tantos anos, era muito estranho rever alguém que havia sido tão importante. Ela simplesmente não sabia o que esperar, como ele reagiria, o que conversariam. Mas quando se viram, havia um brilho tão radiante no rosto de ambos, mas que porém era muito mais evidente, realmente indisfarçável, no sorriso dele.

Palavras... conversaram horas sobre o que se passou com cada um. Ela se preparou para esse encontro de forma a não querer falar do passado, ainda que fosse de coisas bonitas e alegres que ambos viveram. E realmente não fez isso, mas ele a todo instante evocava algo que haviam vivido. Enquanto ela contava de seu processo de autoconhecimento, de como isso estava lhe fazendo bem, ele dizia apenas “eu sei”, como a confirmar que a conhecia muito bem. “A essência não muda”, disse ela, e ele disse “estou percebendo”.

Não falaram nada sobre o fim do relacionamento. E acho que ela conseguiu o que queria: teve certeza do que a voz dele entregou naquele fatídico telefonema. E o sentimento que ficou no ar, depois de muita conversa sobre amenidades, é de que na verdade aquela história nunca acabou, pois parecia que tinham se encontrado no dia anterior (e não há quatro anos e meio), tamanha era a sintonia.

Se encontraram mais uma vez... e não houve como adiar mais o encontro dos lábios. Era claro como a luz do dia que apenas lábios e olhos estiveram longe uns dos outros durante aquele tempo todo. Só sei que naquele reencontro, olho no olho, as palavras foram absolutamente desnecessárias para falar sobre coisas do coração.

segunda-feira, 15 de outubro de 2007

Um sonho ruim

Uma para incentivar, hoje e sempre!

“Se todos teus esforços forem vistos com indiferença, não desamines, pois o sol ao nascer dá um espetáculo todo especial e, no entanto, a maioria da platéia continua dormindo.”
(William Shakespeare)

Ainda bem que sempre há uma linda aurora após a escuridão da noite... foto de um nascer do sol na Amazônia... pois é, algumas vezes eu levantei cedo lá só pra ver esse espetáculo. Minha câmera era muito boa, mas ainda assim não retratava com total fidelidade o que meus olhos viam. De qualquer forma, por uma visão como essa sempre compensava madrugar, sair cedo da cama em um sábado ou domingo, depois de ter levantado cedo pra trabalhar a semana toda.

Um sonho ruim

Cheguei em casa do trabalho... fazia muito calor e, como de costume, já ia entrando e tirando a roupa – ficava só de calcinha e sutiã, aproveitando-se do fato de a minha casa ser indevassável. Estava sozinha – tinha dado folga pra empregada e a minha filha estava de férias com a avó, então pretendia ir pra gandaia ainda, mas era cedo pra se arrumar. Fui pro meu quarto, ar-condicionado fresquinho, liguei a televisão e peguei o livro que estava lendo, porque queria terminá-lo logo. Acabei caindo no sono...

Acordei com uma cena estranha... alguém entrando no meu quarto apontando uma faca pra mim, e não tardou para eu sentir a sua lâmina afiada encostar no meu pescoço. Foi muito rápido, não deu nem pra ver o que estava acontecendo ou quem era o mascarado que havia invadido o meu lar. Mas percebi logo o que ele queria, e com uma faca no meu pescoço, não ousei recusar. Tentei me manter calma, sem olhar diretamente pra ele, pedindo a Deus que aquilo terminasse logo. Ele colaborou, se assim podemos dizer – fez depressa o que queria e, ao me ver cair descontroladamente em prantos, ainda tentou me acalmar, mas achou melhor ir embora antes que os vizinhos ouvissem alguma coisa. Cá entre nós, com uma faca no pescoço, quem é que vai lembrar da máxima “se o estupro é inevitável, relaxa e goza”? Talvez tivesse sido bem “menos ruim”, mas a adrenalina já corria desvairadamente em minhas veias, portanto, sem chance para relaxar.

Em estado de choque, fiquei paralisada sobre minha cama, temendo que ele ainda estivesse por perto. Depois de não sei quanto tempo chamei a polícia, que veio rapidamente e me levou pro hospital, onde fui imediatamente internada para as providências necessárias relativas ao caso. Haja calmante... Lembro-me de amigas vindo me visitar... palavras de apoio... “você é forte”... coisas do tipo. Lembro-me também que não conseguia mais me concentrar pra trabalhar. Mas a memória é seletiva: sei que me esqueci de muitas coisas... ainda bem!

Até que pouco tempo depois eu acordei. Ufa... que alívio. Foi só um sonho ruim, apesar de bastante real, e que já havia ficado pra trás, devidamente superado. Mas como tudo na vida, trouxe uma lição a reboque: nunca mais deixei a porta da cozinha aberta!

hehehe...

quarta-feira, 26 de setembro de 2007

Umsteigentreffen*


Em clima de Oktoberfest... trabalhando muito durante a semana pra poder me divertir no sábado! E domingo também, talvez...
xxxxx
Hoje peguei uma foto que tirei em 2005. Ela ilustra exatamente o local da história aqui narrada: a estação central de Munique - Hauptbahnhof.

Umsteigentreffen*

Estação normalmente é lugar de chegadas e partidas – percepções que foram eternizadas na música “Encontros e despedidas” de Milton Nascimento. Mas uma coisa diferente vem acontecendo por aqui.

A estação tem sido um lugar para beijar no intervalo da baldeação entre um trem e outro (lembrar que a estação central é ponto de conexão para vários destinos). E beijos nem sempre muito comportados, se considerarmos que são em público. É o que acontece quando não se tem tempo... os beijos ficam relegados às possibilidades de encaixe na agenda cheia dos “ficantes” – sei lá o que são essas pessoas uma pras outras.

Mas é a vida... certamente para alguns é melhor um “beijo de estação” vez ou outra do que nem isso ter. Ou então podem ser o tais encontros “de conexão” só um complemento para a vida amorosa agitada que já se tem: não se perde tempo nem na baldeação de um trem pra outro – tá sobrando uns 5 minutinhos, beija!

Visualiza a cena... o cara desce do trem, já pescoçando pra ver se a guria tá por ali, esperando – afinal, ele disse a ela a que horas e em qual plataforma chegaria, pra não perder tempo, é claro. Eles se acham e ela pergunta: “quando sai o seu trem?” Ele olha no relógio, faz uma cara de quem tá desapontado com o que vai dizer e responde: “daqui a 15 minutos”. Então eles procuram um lugar onde se sentar e passam o tempo cumprindo o propósito do encontro: beijar.

Quem ler vai pensar que eu fico fazendo plantão na estação observando isso... que nada, são histórias que ouço aqui e ali. Quem me dera ter um “Umsteigtreffen” tipo o da descrição padrão “alto, loiro, olhos azuis”, o que aqui nessa terra tem com fartura. Mas claro que tem uns nada atraentes... ou seja, ser alto e loiro de olhos azuis não significa necessariamente ser bonito. Ainda bem que eu enxergo bem, sobretudo com os olhos do coração – além disso, a beleza está nos olhos de quem vê. Talvez seja por ver além do que os olhos físicos me permitem é que eu seja tão exigente no quesito companhia masculina: antes só do que acompanhada de alguém que não me acrescenta nada. Numa dessa, fico sem beijo mesmo.
xxx
Mas, pra ser sincera, se eu tiver um tempinho... nada contra o beijo rapidinho da estação!

* traduzindo ao pé da letra, é o encontro no período de espera entre a troca de trens na estação (baldeação). Sinceramente, acho que tal palavra nem existe em alemão... hehehe...

segunda-feira, 17 de setembro de 2007

A vida é um livro


Gente, tô achando que tá faltando “emoção” nisso aqui... pelo menos aquela emoção que faz a gente se sentir de alma lavada... emoção de dizer umas verdades a quem as mereça ouvir (ou ler)... Vou ver o que posso fazer... hehehe...

A foto de hoje é do encontro das águas, não o mais famoso, mas nem por isso menos lindo. O mais famoso é em Manaus, o encontro do Rio Solimões (de águas barrentas) e o Negro (águas escuras). Esse é em Santarém, Pará, e as águas que se encontram são as do Rio Amazonas (barrentas) com as do Rio Tapajós (esverdeadas). Interessante... não existe uma “área de mancha”, ou seja, elas não se misturam, embora a água barrenta do Amazonas vá “engolindo” a água esverdeada aos poucos. Mas por um bom trecho elas fluem simplesmente lado a lado. Coisas da natureza...

A vida é um livro

Certa vez, um mocinho viajou pro exterior a trabalho. Ele foi mandado para uma região distante e remota dentro de um país grande e também distante. Filho caçula, a mãe dele deve ter ficado de joelhos dia e noite pedindo aos santos que protegessem seu rebento naquela selva, literalmente: dos animais, dos mosquitos, do calor...

“Lugar exótico, gente esquisita, idioma incompreensível”, provavelmente foi o que pensou logo ao chegar. Mas ele arranhava um inglês, o que era suficiente pra trabalhar (e sobreviver) ali. Desembarcou e foi logo levado para onde seria sua moradia nos próximos três meses: um apartamento de 20 m2, já com ar-condicionado (naquele lugar, item vital para a sobrevivência de qualquer um, sobretudo de gringos), bem próximo ao refeitório onde todos que ali habitavam faziam suas três refeições diárias, sete dias por semana.

Uma das vizinhas viu que o rapaz andava sempre sozinho e, a fim de integrá-lo mais ao local, passou a conversar com ele. Papo vai, papo vem... rola um clima, mas a vizinha era meio tapada, nunca tinha tomado a iniciativa. Só que a coisa estava demorando tanto, que um dia ela criou coragem, cercou e o beijou. O cara tremeu feito vara verde... Medo? Ansiedade? Surpresa? Tudo isso junto e outras coisas mais? Na verdade, ele tinha medo de se apaixonar, porque logo teria que voltar para a sua casa e, no seu entender, “perderia” um amor. Que romântico... hehehe... Mas a ela não via as coisas dessa forma. Porém não foi assim tão fácil vender o peixe pro camarada.

A vizinha, tendo já alguma história de vida, começou explicando ao inexperiente e assustado rapaz como ela acreditava que a vida deveria ser – até porque a própria havia deixado de aproveitar muitas oportunidades na vida por causa desse mesmo medo que ele naquele momento sentia. Então começou: “Quando a gente nasce, é como se recebesse um livro, porém com páginas em branco. Cada dia da nossa vida é uma página em branco onde podemos escrever as histórias que vivemos. Ao final de cada dia a página é virada, independentemente se algo foi escrito ou não. E não há como escrever numa página que já foi virada – ela só pode ser lida. Mas o que é que você vai ler se essas páginas estiverem em branco, se você não tiver escrito nada nela? Você quer que sua vida seja um livro cheio de páginas em branco? Ou você prefere viver um dia de cada vez, escrevendo nas páginas do seu livro histórias que poderá reler futuramente?”

O mocinho ouviu atenta e silenciosamente, e percebeu que as palavras faziam sentido: viver um dia de cada vez, escrever um pouco de história a cada dia. E o medo foi se dissipando, dando lugar a uma sede de viver que se transformou numa bela história, ainda que ele tenha retornado ao seu país e ela, que naquela altura dos fatos já era muito mais do que apenas vizinha, tenha permanecido no país grande e distante. É, a mãe do mocinho deve ter rezado muito, mas acho que ela não deve ter incluído na lista de pedidos aos santos que o protegessem do bicho mulher. Por sorte, ele foi bem assistido nesse quesito.

Eu conheci muito de perto essa história – começo, meio e fim. Se me permitirem, contarei aqui futuramente algumas passagens que eles “escreveram” juntos. Histórias bonitas e divertidas, que pertencem a páginas devidamente viradas da vida de ambos.

Pois é, a vida é um livro... o seu tá cheio de histórias ou tem mais páginas em branco? É tão bom ter o que contar, o que lembrar, claro, desde essas lembranças nos tragam alegria, e não uma triste saudade de algo que não volta mais.

até!!!