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sábado, 10 de julho de 2010

Sobre estar pronto

Da viagem do Coral EmCanto para o Encontro de Corais de Empresas em São Lourenço, Minas Gerais, em maio de 2003, o que mais me impressionou foi a acústica da Catedral de Bambus. Quando vimos no programa o nome do local da apresentação, pensamos numa igreja ou algo assim. Ao chegar lá nos deparamos com um local aberto e nossa reação foi “puxa, a platéia nem vai ouvir direito”. Ledo engano: a área tem esse nome porque tem uma acústica fantástica, que pudemos comprovar ao assistir outros corais cantando. Na foto, nós, do Coral EmCanto, clicados por Carol Reis.

Sobre estar pronto

É muito comum ouvir mulheres e homens falando que não estão prontos para um relacionamento, para ter filhos, ou pra qualquer outro passo mais decisivo na vida. Mas do que se trata esse “estar pronto”?

Eu penso que estar pronto é estar consciente dos prós, mas sobretudo dos possíveis contras de uma decisão, e ainda assim bancá-la. É querer provar o desconhecido, com o cuidado de não perder o chão sob os seus pés. Talvez requeira coragem, ousadia, cara-de-pau ou coisa do tipo, atributos que não estão presentes em todo indivíduo. Não pensar demasiadamente também pode ajudar, certamente, porque ao pensar demais, fica-se imaginando coisas que podem dar errado, mas na verdade só dão errado na cabeça dos que cultivam o pessimismo e só conseguem ver o lado ruim da vida.

Ser mãe ou não ser? Essa pergunta eu não tenho como responder, pois virei mãe “na marra”, ou seja, sem pensar ou programar, embora tivesse essa vontade “para um dia no futuro”. Mas no momento que me descobri grávida senti que eu possuía o que era necessário para essa nova tarefa que a Mãe Natureza me confiava, ou seja, estava pronta. E essa sensação foi se renovando a cada novo desafio apresentado durante o processo de criação e educação – ainda em curso, claro.

Uma amiga minha, casada há 6 anos, terminando a faculdade agora, está em dúvida se engravida ou não. Logo ela, que há 3 anos brigava com o marido porque queria ser mãe e ele não queria filhos na ocasião. Agora diz que não se sente pronta, pensa que não vai ter paciência, que não se vê “mãe”, carregando filho pra lá e pra cá, escola, natação, dança, pensa em como vai ser trabalhar e cuidar de criança etc. Pensa, pensa, pensa... e o interessante é que agora o marido quer o filho. Estar pronta para ser mãe é algo que, no meu caso, veio automaticamente com a gravidez

Estar pronto” para um relacionamento é querer ter alguém ao seu lado, mesmo com todos os eventuais defeitos do parceiro – afinal, cada qual tem os seus. É querer compartilhar os momentos, dos mais banais aos mais especiais. É valorizar as afinidades e minimizar as imperfeições. É querer criar algo novo a partir de duas personalidades. Claro que podem existir feridas recentes no coração de um ou outro que venham a obstruir um pouco essa vontade (de estar/ficar junto). Mas quando essas feridas são constantemente mencionadas como motivo do “não estou pronto”, pode-se abstrair duas hipóteses: [1] essa pessoa precisa de anos de terapia pra ficar “pronta”, com o risco de ainda não ficar (portanto, caia fora dela), ou [2] ela não te quer (caia fora também).

Mas se você for como eu, um ser com uma paciência (quase) inesgotável, consciente de que também os homens têm seus períodos de humor instável e às vezes insuportável, análogos à TPM feminina, não vai pensar muito no assunto. Vai falar alguma coisinha, não no estilo “curta e grossa”, mas sim “sucinta e bem no alvo” e se retira de campo. Para o intervalo, claro. Isso alivia e, no mínimo, coloca o cidadão pra refletir. Normalmente dá resultado, mas na maioria dos casos, a passo de tartaruga... bem, melhor assim do que nada.

Portanto, “estar pronto” para algo é simplesmente QUERER essa coisa a partir do momento que ela se apresenta no seu caminho e agir firmemente para realizá-la.

Eu estou sempre pronta para tudo o que eu quero. E você?


terça-feira, 21 de outubro de 2008

Was willst du? / O que você quer?

O auge do outono já foi... as árvores já estão mais peladas do que com folhas, e as poucas que ainda se seguram nos galhos semi-expostos já não têm as cores firmes. Mas ainda assim vale colocar aqui essa foto linda tirada ao lado da estação daqui de Germering, no início desse outubro dourado.


“Was willst du?” / “O que você quer?”

E a pergunta me persegue...

Ouvi essa pergunta novamente há alguns dias. Refletindo bastante sobre os contextos, cheguei à conclusão de que a objetivo dessa pergunta não é necessariamente saber o que o outro quer, mas sim projetar o que se quer na intenção do outro.

Explicando melhor: eu quero alguma coisa, mas não sei bem o que é. Então eu jogo essa pergunta, na (inconsciente) esperança de que a resposta da outra parte me ajude a saber o que eu quero.

Outra possibilidade é que você já sabe o que quer, mas tem um medo (também inconsciente) de assumir pra si mesmo isso. Então joga essa pergunta pro outro, de forma que se ele não quiser o mesmo que você, não vai doer tanto... afinal, a pergunta funciona como escudo!

Ah, na verdade, é tudo balela... se os dois sentarem-se frente a frente, olho no olho, a coisa se resolve em cinco minutos. Mas pra quem usa uma pergunta desse tipo (feita por conversa no telefone ou via mensagem no celular) pra se proteger... olho no olho pode ser algo muito perturbador!!!

E mais: penso que só se deve fazer essa pergunta a alguém DEPOIS que ela estiver devidamente respondida pra si mesmo.

Olha o divã aí, gente! A psicóloga aqui em mim vai entrar em ação!!!

hehehehe...


domingo, 20 de julho de 2008

Uma analogia interessante


Quando estive aqui em 2005, fui a um “orkontro”, onde conheci diversas pessoas, entre elas o Stefan, um engenheiro que trabalha na BMW. No segundo “orkontro” ele estava lá de novo, e na hora de ir embora fez questão de me levar pra casa, embora a direção fosse diametralmente oposta à dele. É que ele estava passando uns dias com um carro da empresa a fim de fazer testes e, ao final do período, um relatório. Antes de partir, ele colocou o meu endereço no sistema de navegação. No caminho, foi apertando botão lá e cá, mostrando confortos que eu nem imaginava que poderiam existir e pedindo minha opinião a respeito. Dias depois escrevi pra ele e perguntei se o relatório tinha ficado bom. Eis que ele me respondeu: “Marina, sobre nossos carros só é possível fazer ÓTIMOS relatórios”. É, BMW é outra história... e o carro dá pra ilustrar, colocando a foto de um modelo aqui. O X5, por exemplo. A foto não está lá muito boa... mas o carro é tão tchan, que ainda assim consegue se mostrar imponente.


Uma analogia interessante

Já escrevi alguns textos aqui sobre relacionamentos, sobre algumas experiências e acima de tudo, sobre minha maneira de pensar e viver essas coisas. E justamente por isso que tenho sido considerada utópica, com diversas pessoas me dizendo “o que você busca não existe”. No texto "Utopia concretizada cria jurisprudência?" (
http://marinanoar.blogspot.com/2008/04/utopia-concretizada-cria-jurisprudncia.html) fui bem clara nessa minha posição.

Pois bem, sempre insisti e continuarei insistindo que, se uma coisa já aconteceu, pode sim se repetir, não 100% idêntica em formas e cheiros, mas em essência é possível chegar bem perto disso. Eu vivi uma relação porreta de legal e depois dela, nada do que apareceu na minha vida me serviu – me tornei exigente demais, diriam alguns. Mas eu é que não iria me contentar com algo inferior ao que já tinha tido.

A melhor analogia que eu pude encontrar para explicar minha postura nesse caso foi dizer que, em termos de relacionamentos, eu já dirigi um BMW, portanto, depois disso não dá pra acostumar com um “carro qualquer”.

Reconheço que ter mais que um “relacionamento-BMW” na vida pode não ser uma coisa assim fácil de se conquistar, mas sei dos meus predicados e sei o que quero. Indo um pouco além na analogia, pode-se dizer que se a Bayerischer Motor Werk (ao pé da letra, Fábrica de Motores da Baviera), situada aqui em Munique, oferece diversos modelos (compactos, esportivos, familiares, conversíveis, minivan etc.), o mesmo deve ser com os “relacionamentos-BMW”: a vida pode oferecer outros. Claro que não tem como ser exatamente igual, afinal eu mesma não sou igual ao que era ontem, mas tem que ter os mesmos padrões de qualidade.

Insanidade minha? Ah... acho que não. E já estou de olho no próximo modelo...

Em tempo: a BMW até poderia me pagar por essa propaganda gratuita!!!


sexta-feira, 25 de abril de 2008

Indignação


Eu falei que o tucano estava comendo de boca, ops, bico aberto, que a gente até via o mamão lá no meio... mas na outra foto não dá pra ver direito. Fiz um recorte e ampliei... desculpe a repetição, mas eu adoro essa imagem, tenho o maior orgulho de tê-la feito. Aliás, o assunto de hoje também é repetição...

Indignação

“As coisas não precisam de você
quem disse que eu tinha que precisar?”
(Virgem, Marina Lima)

Minha xará mandou muito bem nessa música... “Quem disse que eu tinha que precisar?” Achei que minha história de vida já diria algo de forma clara que sou uma pessoa que se vira sozinha, com excelente formação acadêmica, profissionalmente ativa e independente financeiramente. Não fui criada pra ser apenas mulher de “cama-e-mesa”, embora tenha total capacidade de exercer TAMBÉM esse papel.

Pois é, o texto “Sentimento entra na DRE?” não foi suficiente pra extravasar toda a minha indignação com a espécie masculina. Não quero aqui generalizar... mas tá difícil encontrar alguém em quem valha a pena investir, alguém que se digne a ir além das aparências, que ouse querer conhecer mais do que os olhos podem ver e que se comunique clara e abertamente sobre isso.

Uma amiga deu uma de “advogada do diabo” e me disse “ah, mas tem a comunicação do corpo, dos gestos... ele fez essa leitura em você e concluiu as coisas”. Pois é, não vou aqui negar a existência dessa comunicação não-verbal, até porque já falei sobre ela anteriormente. O problema é que ela é invariavelmente unilateral e definitivamente não serve como parâmetro para pessoas que praticamente não se conhecem, se o objetivo for algo além de apenas uma “noche caliente”. Nesse caso, a comunicação sem palavras se torna uma fonte inesgotável de mal-entendidos. Aí já viu, né...

O tipo de coisa que esse cidadão fez mexe profundamente com meu orgulho, e não tem nada que me doa mais do que isso. Pode me trair, me deixar na beira do altar, até me agredir fisicamente (coitado daquele que um dia ousar isso!), que não me dói tanto quanto me atingir naquilo que mais prezo: meu caráter.

Mas eu só tenho que agradecer... ele se mostrou bem rápido. “Meno male” ferir apenas o meu orgulho agora, que eu curo rapidinho escrevendo aqui, do que me fazer perder tempo com alguém que não merece minha atenção. Gente assim merece viver sozinha. Mas ele não precisa se preocupar... vida de velho solitário aqui na Alemanha é top de linha: tá cheio de asilos cinco estrelas por aí. Barato não é, claro, mas os aposentados aqui ganham relativamente bem.

Pensando bem... ele tá certo em evitar mulheres “caras” agora... tem que economizar pra pagar a casa de idosos logo, logo... afinal, já está nos “enta e tantos”. É, o tempo é carrasco, e quem não morre cedo, envelhece!

kkkkkkkk

terça-feira, 22 de abril de 2008

Sentimento entra na DRE?


Tenho muitas fotos de bicho, sobretudo do tempo que vivi na Amazônia. Minha câmera era minha fiel companheira de passeios e mesmo em casa, estava sempre pronta pra ação. Um dia flagrei um tucano comendo mamão no quintal do vizinho, nos fundos da minha casa. Fiz uma série de fotos do bicudo, porém a mais legal é essa. Acho que a mãe dele não o ensinou a comer de boca fechada... o cara tá comendo e a gente consegue ver a comida na boca, ou melhor, no bico dele...

Sentimento entra na DRE?

A mente dos homens é algo pra ser indefinidamente investigada... é impossível saber o que se passa na cabeça deles. Se você não dá logo de cara, tá fazendo doce; se dá, não é o tipo pra apresentar pra família... esse dilema não é novo.

O que me move a escrever hoje também não é novo, mas é algo que me incomoda severamente: associar relacionamento com dinheiro. A mentalidade do homem aqui na Alemanha é materialista demais pra mim... claro que deve haver exceções, mas eu ainda não encontrei. Aí entra outro dilema: se você se mostra independente, forte e decidida, os homens se assustam e se afastam, porque não suportam “concorrência”; se você se mostra frágil, mulher que deseja ser protegida, pensam que você quer só vida boa, ser sustentada e gastar a grana deles. E caem fora também.

É, sempre em pauta o vil metal... sentimento vira algo pra segundo ou terceiro plano. Aí eu pergunto: com a “contabilização” dos sentimentos, onde eles entram na Demonstração de Resultados do Exercício? Ativo ou passivo? Com amortizações ou depreciações? São vistos como lucro ou perda? Geram dividendos? Amor, por exemplo, pode ser enquadrado como investimento a longo prazo ou a fundo perdido? O respeito, entra em direitos ou obrigações? Os estoques de compreensão, são lançados onde? Ter uma postura sempre transparente é fato relevante? Harmonia pode ser tida como lucros acumulados? Lealdade é visto apenas como capital de terceiros? Uma não-conformidade sentimental é tratada de que forma numa auditoria contábil? É passível de auditoria por terceiros, tipo Ernst & Young ou PriceWaterhouse Coopers?

Tô escrevendo e rindo... porque nada disso faz sentido. Mas infelizmente a mentalidade de muitos por aqui é essa. Não existe aquela coisa de “vamos ficar juntos” assim, sem a fria análise materialista. E pouco interessa se você tem sua profissão, trabalha etc. Não há sequer diálogo, a outra parte fica matutando sozinha com as impressões superficiais que colheu e “conclui tudo”: você pode ser uma mulher “cara”, porque quer estudar, porque tem filho, porque comprou patins de € 20 no Ebay, porque tem uma bolsa Prada (de R$ 10,00)... nenhum argumento faz sentido, mas é a conclusão do materialista com quem você ESTAVA flertando. Estava, porque depois dessa, nem que venha a mim de joelhos... com essa cabecinha “zu kleiner”, tô fora. Eu não preciso de um homem pra pagar as minhas contas. Sou “macho” o suficiente pra cumprir minhas responsabilidades.

Na minha cabeça, sentimento não entra na DRE...

* “zu kleiner” é uma corruptela gramatical; o correto seria "zu klein". Em alemão, klein é o adjetivo que significa "pequeno". O sufixo "er" indica o comparativo de superioridade, ou seja, "kleiner" é algo como "mais pequeno". O "zu" é um advérbio de intensidade, com conotação sempre negativa, que signfica "demais". Portanto, dizer "zu kleiner" é exacerbar todas as noções de mesquinharia que se possa imaginar...

sexta-feira, 18 de abril de 2008

"Pegou pra criar, foi?"


Um dia saí pra jantar com um amigo. Ele me perguntou o que eu queria comer – acho que ele conhece cada restaurante na cidade dele. Sugeriu italiano, chinês, japonês, iugoslavo... opa, fiquei curiosa. Perguntei o que era típico iugoslavo, e ele disse “carne grelhada”. “Então vamos lá”, disse eu. Pedimos um grelhado misto, e veio o prato, visualmente bonito e chamativo. Eu perguntei a ele se a pimenta era forte (é a coisinha verde entre a batata frita e o pimentão vermelho), e ele disse que não. Ainda assim, mordi a dita-cuja de forma bem comedida... santa precaução! Se aquilo não é forte pra ele, nem quero imaginar o que seja! Ah, a carne é só de porco, e o grelhado é tipo “hamburguer”. Gostei de conhecer, mas confesso que não morri de amores... em uma eventual próxima vez, vou optar pelo tradicional italiano!


"Pegou pra criar, foi?"

Uma amiga minha, que já há anos mora nos Estados Unidos, era o tipo de garota que só gostava de rapazes mais novos que ela. E eu vivia dizendo “vai trocar fralda” ou “pegou pra criar, foi?”. Pois é, um dia eu paguei minha língua. Porém não é sobre o meu caso que vou escrever, mas sim do que eu constatei depois dele.

Pelo que vivi nessa relação e em outras a posteriori, descobri que a idade apita muito pouco nessa questão de “criar”. Há homens que há tempos passaram dos 30, até dos 40, e ainda precisam ser “criados”. Sobretudo se for do signo de câncer, bicho que só anda de lado e se esconde na carapaça... kkkkkk

A relação dos cancerianos com a figura feminina é muito complicada. O homem de câncer é romântico, paternal e voltado à família OU conquistador nato, estilo Don Juan. Ou pior: uma combinação das duas características, o que pode parecer imcompatível, mas eu digo que já vi isso. Essa definição está em qualquer perfil astrológico do signo. No fundo, o que esses homens buscam é uma mulher que os poupe dos problemas da vida, pois, muito provavelmente tiveram forte influência materna desde a mais tenra infância, o que os conduz a muitas inseguranças em suas relações íntimas. Daí a minha afirmação de que a idade pouco importa... homens nesse perfil precisam de uma mulher que os “crie”.

Aí aparece o velho ditado: “filho a gente cria pro mundo” e assim foi com o meu: “criei”, então ele abriu asas e foi embora. Depois dele, outros (notem o plural) cancerianos cruzaram o meu caminho: acho que fiquei “cancerianamente magnetizada”! Só que não estou mais a fim de “educar” homens crescidos, apesar de eu amar desafios.

Porém acho melhor não dizer “dessa água não beberei”... vai que dá sede e não tem outra! Mas eu tô achando que se encontrar mais algum canceriano por aí que me venha com o papo “você é maravilhosa, mas difícil de se chegar perto”, vou sugerir logo no primeiro encontro que vá fazer terapia, porque embora eu seja boa ouvinte, goste de conversar e instigar o outro à alguma reflexão, não sou psicóloga... e esse tipo de homem precisa é de ajuda profissional!

Ciao!

quinta-feira, 17 de abril de 2008

Utopia concretizada cria jurisprudência?


contei na postagem do dia 13 de abril que fui pra Suíça, e que fomos passear numa montanha, cheia de neve e nevando (ai que frio!). Achei que só eu ia dar uma de doida, de querer fazer guerra de bola de neve, afundar o pé até a neve chegar no joelho... mas o que vi foi um bando de crianças até mais velhas do que eu tomando a iniciativa nas brincadeiras. E nessa farra de andar na neve fofa, sobrou pra mim: me desequilibrei e caí bonito! Porém, antes de me levantar, peguei minha câmera no bolso e a dei pra minha amiga – tinha que registrar aquela cena. Ser criança é bom demais... melhor ainda é guardar por toda a vida uma criança dentro da gente.

Utopia concretizada cria jurisprudência?

Essa pergunta surgiu na minha cabeça depois de ouvir uma amiga falar (na verdade, repetir) de forma taxativa sobre o que eu espero de um homem: “isso não existe”. Aí eu retruco com ela: “claro que existe, já aconteceu comigo”. Ela insiste em me dizer que eu preciso rever minha forma de idealizar um relacionamento, porque no seu modo de entender as coisas, o que eu busco não encontra respaldo na vida cotidiana.

Eu odeio cigarro e seus rastros; não sou a mais ordeira, mas não gosto de ver coisas espalhadas pela casa; não gosto de limpar chão, mas detesto pia suja – e lavo a louça na boa... ou seja, tenho algumas manias. Mas há coisas nas quais eu sei que posso me flexibilizar, mesmo não gostando, se o cidadão em questão assim merecer. Porém existe uma coisa da qual eu não abro mão, absolutamente: comunicação.

O cara não conversa, não fala de si, não se mostra... não dá. A comunicação não é apenas verbal, pode ser também em expressões corporais, atitudes, afinal, a não-verbal é muitas vezes mais poderosa e mais freqüente do que a verbal. É conversando, trocando impressões, que as pessoas se mostram e permitem que o outro as conheça em sua intimidade, em sua essência. E sem conhecer o outro, pra mim não rola. O problema é que hoje em dia as pessoas não têm tempo para dedicar a conhecer umas às outras. De novo esse assunto*.

Se utopia concretizada cria jurisprudência eu não sei. Mas continuarei acreditando que tudo pode acontecer, ainda mais quando o objetivo final for o amor e a harmonia entre dois seres.

Auf Wiedersehen!

* Veja aqui um texto já postado no qual falo sobre esse mal horroroso dos tempos atuais, a falta de tempo:
Time is money – a aceleração da vida
http://marinanoar.blogspot.com/2007/08/no-meu-texto-de-abertura-eu-comentei.html

domingo, 13 de abril de 2008

O “macho” da minha vida


Na Páscoa visitei amigos brasileiros na Suíça francesa, em Gland, uma cidadezinha situada perto de Genebra, às margens do enorme lago de mesmo nome. Num dos passeios, fomos pra uma montanha ali perto. Tava um frio danado, neve pra todo lado, lindo de se ver. Mas em algum ponto do caminho me senti chegando na capital mineira... um restaurante à beira da estrada tinha um letreiro escrito “Bel Horizon”... pensei comigo: “uai sô... cheguei em Minas Gerais e nem pircibi... i qui trem doido é esse sô... caiu umas letra e eles nem arruma!” kkkkkk


É, mas eu tava muito longe do pão de queijo... porém, o horizonte que se vê daquele local é realmente muito belo! Dali avista-se uma enorme extensão do Lago de Genebra, o Mont Blanc, um dos maiores maciços dos Alpes (mas que naquele dia infelizmente estava encoberto) e várias cidades que ficam na beira do lago – do outro lado já é França. Fiz uma montagem com duas fotos, pra ilustrar melhor o que descrevo aqui. Oui, c'est un bel horizon. Au revoir!


O “macho” da minha vida

Há algum tempo li o livro de crônicas do Arnaldo Jabor “Amor é prosa, sexo é poesia”. Entre diversos textos, inclusive o que serviu de inspiração pra Rita Lee compor a música homônima ao título do livro, tem um que se chama “O mundo de hoje é travesti”. Trata-se de uma visão bem realista de como a mulher deseja ser tratada, mas de como o mundo de hoje a obriga a ser. Afirma também que o mundo atual é essencialmente feminino, porém dirigido por homens boçais (essa foi muito boa... melhor ainda por ter sido escrita por um homem!).

Me identifiquei com aquelas palavras... tenho plena consciência de que há 13 anos, logo depois de me tornar mãe, tive que assumir o papel de “macho” da minha vida, por razões óbvias de quem se torna “pãe”. E descuidei completamente da mulher doce e meiga que existe em mim – sem perceber, a ocultei completamente nesse tempo todo. Homens detestam concorrência... têm medo de mulheres fortes. Isso explica o fato de eu ter tido tão poucos relacionamentos nesse tempo. O processo de autoconhecimento é lento... tenho me dedicado a isso nos últimos meses, e demorôôôô... descobri que quero voltar a ser mulher, urgentemente!!! kkkkkkkk

“Querer é poder”... se fosse tão fácil assim, eu já tinha resolvido essa parada. Mas tudo que demanda interação com outras pessoas (ou seja, 99,999999% das coisas da nossa vida) tem o ingrediente complicador de lidar com as emoções, desejos e medos explícitos e ocultos do outro. Se muitas vezes nem os nossos próprios estão bem claros e resolvidos, imaginem como fica o contato com alguém cheio de escudos, alguém que até tá cansado de ser sozinho, mas que se habituou a viver numa redoma e, por mais que queira, não consegue sair dela!

Várias amigas minhas declaram sua admiração por mim por meio de adjetivos como “guerreira”, “batalhadora”, “sensível mas pragmática”, “compreensiva mas às vezes incisiva demais”, “macho-de-saia”... às vezes acho que não sou tudo isso que me dizem... tenho meus medos, minhas dúvidas, meus altos e baixos... mas “macho-de-saia” infelizmente sou sim. E quero deixar de ser, mas já sei que isso não depende apenas de mim... é preciso que eu seja devidamente tocada em minha essência feminina para que a mulher venha à tona (o citado texto do Jabor diz, ainda que forma genérica, como isso pode acontecer).

Aí entra o dilema Tostines*: eu não consigo mudar porque não sou tocada, ou não sou tocada porque continuo sendo “macho-de-saia”? Complicado... mas o fato de eu estar consciente já ajuda um bocado. Verbalizar isso em alto e bom som me mantém firme no caminho da mudança. Mas ninguém é uma ilha... sempre precisamos de outrem para interagir, para corroborar as mudanças.

Paciência... tudo acontece devidamente a seu tempo. Pelo menos eu sei que tenho feito a minha parte.

Fuii!!!

* Dilema Tostines: é de um comercial de biscoitos de mesmo nome, que lançava a pergunta “Tostines vende mais porque é fresquinho, ou é fresquinho porque vende mais?”. Detalhe: essa pergunta nunca foi satisfatoriamente respondida.

sábado, 27 de outubro de 2007

E porque as mulheres acreditam?


Hoje tô blue... coisas da vida. Tenho como conduta sempre acreditar que as pessoas são boas, até que se prove em contrário. Acreditar é preciso! A própria natureza sempre se renova e se modifica, mesmo depois de tormentas... por que não também o ser humano? Vejam que obra de arte da natureza na beira no rio, em processo de transformação. Na natureza eu confio plenamente... Deus permita que eu não perca a capacidade de acreditar também no bicho homem.


Ah, Nonô, obrigada pela visita. Eu sabia que você estava bem... tenho me esforçado pra seguir seus conselhos. E tenho fé que vou conseguir.

E porque as mulheres acreditam?

Pois é, uma pergunta puxou a outra. Outro dia reli um texto que recebi pela internet há tempos... o encontrei em velhos arquivos pessoais. O texto foi escrito por um homem, que falava sobre o maior defeito da mulher.

Segundo ele, o homem nasce, vive e morre uma existência infanto-juvenil, enquanto que a mulher, desde cedo, se prepara para a vida. Ele exemplifica isso com as brincadeiras de criança: meninas brincam de casinha e com isso aprendem a organizar as coisas, brincam de boneca e criam a atmosfera de serem mães cuidando dos bebês (brincadeiras de ordem prática, não?).

Você já viu um menino brincando de ir ao banco pagar contas? Ou brincando de ficar estressado com o imposto de renda? Meninos brincam de carrinho, lutas e armas, sempre num clima de competição e fantasia (“o meu é melhor, mais potente, mais caro”). Então entra aí um ditado corretíssimo: “the difference between men and boys is the price of their toys” (a diferença entre homens e meninos é o preço de seus brinquedos). Ou seja, desde cedo o homem aprende a competir, a querer estar em posição de destaque diante dos amigos e da sociedade.

Entre os alvos dessa “competição” está a mulher, de uma forma invariavelmente nada louvável... muitas vezes ela é para o homem um objeto de desejo cuja conquista pode trazer uma satisfação semelhante a da compra do carro dos sonhos – mesmo que ele a AME de verdade. Ainda mais se for um tipo top model... os amigos vão ficar de queixo caído! hehehe...

Mas voltando ao texto do cara. Para ele, o maior defeito da mulher é acreditar firmemente na possibilidade do homem ideal. Concordo em gênero, número e grau. É por isso que a mulher acredita nas histórias que os homens contam, mesmo sabendo que as chances de ser mentira beiram os 99,9%. Ela acredita porque DESEJA FIRMEMENTE que seja verdade. Infelizmente nem todas estão devidamente preparadas para as decepções... ficam mal, choram etc. Nessa hora o que vale é a sabedoria “nelson-nediana”, que canta “mas tudo passa, tudo passará...” E passa mesmo, Deus é Pai!

Porém, viver duvidando de tudo e todos deve ser muito cruel... ainda tô tentando descobrir essa linha tênue entre acreditar ou não, porque nem sempre se consegue captar a mentira no brilho dos olhos (muitos homens são PhD em disfarçar algumas evidências). Em todos os casos, ainda acho que o melhor é duvidar. Se porventura o camarada estiver sendo realmente sincero, vai insistir. E nós mulheres vamos perceber a verdade, mais cedo ou mais tarde. O problema é que às vezes pode ser tarde demais... eita complicação!


Porque os homens mentem?


Aqui as estações do ano são lindamente bem definidas. Agora, por exemplo, tenho me deliciado com as cores do outono. Até então, eu achava que era predominantemente amarelo, pois as folhas secam e caem. Só que voltando da Uni outro dia, passei por um prédio que é coberto em parte por uma trepadeira, cujas folhas normalmente são verdes. E as suas folhas estavam... vermelhas! Depois ficam amarelas e caem. Parei e fotografei, é claro. Cenas de outono...


Porque os homens mentem?

Pois é, agora a pergunta que ficou martelando, e em mim, foi essa.
Bom, fiz uma humilde listinha de motivos que levam os homens a mentir (a partir da minha experiência e a de algumas amigas). Claro que não são todos que mentem... só 99% deles. Aceito contribuições!

  • por necessidade de auto-afirmação
  • para seduzir e conseguir o que quer (sexo)
  • para conquistar
  • pelo desejo de possuir algo que está fora do alcance
  • acha que todo mundo mente então faz o mesmo
  • para se mostrar melhor do que é e fazer imagem do que não é
  • para tentar encontrar o ponto G de cada mulher (tolinhos... nunca sabem onde é!)
  • complexos (Édipo, por exemplo)
  • por medo de rejeição
  • por imaturidade
  • para administrar “projetos paralelos”
  • ...

E porque, mesmo depois de evidenciada a mentira, eles continuam mentindo:

  • para JAMAIS admitir que já mentiram antes.

Na verdade, a lista pode se alongar mais e até se tornar repetitiva. Mas penso que a raiz de todos os motivos está na criação divina, que fez o homem dotado de uma capacidade emocional LIMITADÍSSIMA, pois nos primórdios da humanidade a função do macho era apenas a de procriar, caçar e prover – não tinha a menor necessidade de sentir emoção.

Por outro lado, o Criador fez o ser humano dotado de inteligência, a fim de que ele fosse se melhorando com o passar dos tempos, quando as necessidades pudessem ser supridas de forma menos complicada. Só que os homens não souberam e ainda não sabem desenvolver seu lado emocional. Alguns ficam a vida inteira ligados na figura materna... outros trocam de mulher como trocam de roupa... e ainda há os que conseguem levar várias paralelamente – troféu “cara-de-pau” pra esses.

Acreditar em homem? Eu ultimamente não tô dando crédito nem pro meu pai...

A pergunta que ficou martelando


Esse é o resultado da “operação caneca” desse ano: duas Maß (Paulaner e Löwenbräu) e uma de meio litro (Spaten). Faltou uma Maß da Augustiner... mas a Ale conseguiu e vai me dar. Saibam os leitores que é proibido sair dos pavilhões com a caneca, eles até revistam a mochila se for o caso. Mas quem disse que foi na mochila que eu coloquei?


Ah, falta também uma do Hofbräu, mas essa a gente “compra” por 1 Euro no Englischen Garten. Explico: lá a gente paga 1 Euro de depósito quando pega a cerveja e vai se sentar ao ar livre no Biergarten. Depois, em tese, vai devolver a caneca e recebe de volta € 1,00. É o souvernir mais barato que tem pra comprar por aqui... kkkkk


A pergunta que ficou martelando

Há tempos venho pensando em escrever sobre homens e suas mentiras. Material não tem me faltado ultimamente (infelizmente). E quanto mais mentira deles eu ouço, mais me sinto insultada em minha inteligência e capacidade de observar as coisas. Mas eles não estão nem aí... e se ofendem se porventura a gente os confronta com fatos, deixando-os numa sinuca de bico, sem ter como refutar. Mas pra sair bem na foto, mentem mais um pouco. E eu finjo que acredito, porque é melhor não contrariar... kkkkk

Um dia desse, na Oktoberfest, estávamos num grupo bem heterogêneo, em se tratando de nacionalidade. Um dos homens me chamou a atenção: bastante charmoso, um tipo aparentemente “maduro”, realmente interessante. E bastante espirituoso, brincalhão. Quando ainda estávamos indo pra festa, no trem, ele comentou: “eu não bebo e não fumo”. Certamente era brincadeira.

Ao chegar lá, ele foi logo pedindo cerveja e riu de mim que pedi Radler (sempre misturada com limo). Aí lembrei do que ele havia dito e falei: “pois bem, você não fuma e não bebe. Provavelmente também não mente, né?”, perguntei devolvendo a brincadeira do trem. Precisam ver a cara do cidadão olhando pra mim... ficou atônito alguns segundos antes de responder que não, e ainda de forma hesitante.

Durante nossa permanência naquele pavilhão, rolou muito papo entre todos os presentes. Ele foi falando um monte de coisa da vida dele pra mim. Eu não perguntei nada a respeito – só ouvi. Não tava nem aí pro fato de ser verdade ou não, apesar do charme... afinal, ele estava “distribuindo” charme para várias direções (homens e seu instinto de preservar a espécie... afff).

Algum tempo depois ele veio a mim novamente e disse que havia mentido algumas coisas, e que queria dizer a verdade. Eu continuei ouvindo. E no final das contas, não me arrisco a afirmar se houve alguma verdade ali: a primeira, a segunda ou nenhuma.

Sinceramente, não entendi o motivo de ele querer “contar a verdade”, mas provavelmente a minha pergunta deve ter ficado martelando e ele deve ter percebido que eu era esperta o suficiente pra captar algo além das palavras. Ah, realmente ele não fuma: sobre isso ele não mentiu. Sobre o resto, só Deus sabe!

Mas fica aí a pergunta: por que os homens mentem?

terça-feira, 18 de setembro de 2007

Always connected x always busy


Tô me preparado pra Oktoberfest... quem vê pensa que eu vou tomar todas... vou nada, é muito caro. Vou tomar no máximo três Maß (Maß = 1 litro), mas isso misturado com sprite e ao longo de um dia inteiro! No ano passado, trouxe pra casa de “lembrança” duas canecas de Maß: uma da Spaten (a dessa foto) e uma da Hacker-Pschorr e também uma de meio litro também da Hacker (onde veio Sprite). Se encontrar alguém que pague, vou todo dia!!! Como não sou usuária de óleo de peroba (uso Chronos da Natura para o meu rosto), vou só quando tiver o meu dindin mesmo.
Auf geht's zur Wiesn!!!

Always connected x always busy

Um dia desse fui passar uma semana em Zurique, pra sondar as possibilidades que a cidade poderia me oferecer. E fiquei hospedada na casa de uma pessoa que encontrei pessoalmente no Brasil em 2006 – um conhecido. Porém, um conhecido que (eu sabia) poderia ter outras intenções além das de um amigo oferecendo estadia para uma amiga. Mesmo assim, eu fui – tinha que explorar a cidade e fazer alguns contatos por lá. Vale ressaltar que desde que pisei novamente no Velho Mundo, em abril de 2006, planejei diversas vezes de ir até lá para visitá-lo, mas ele raramente estava disponível. Na verdade, sempre ocupado – viajando, seja a trabalho, férias ou para tocar (música é um hobby dele).

Bem, como eu sabia que mesmo estando em Zurique naquela semana ele estaria de agenda cheia, me programei pra fazer minhas coisas sem precisar dele. Ele me deu a chave do apartamento, logo eu tinha liberdade para ir e vir no momento que me fosse conveniente. E mesmo chegando tarde dos meus compromissos, só cheguei depois dele uma vez na semana. Portanto, quando ele chegava, eu estava ao computador, navegando na internet, teclando com meu pessoal no Brasil etc. Depois do primeiro dia, meu bom senso me disse que, quando ele chegasse, eu deveria desligar o computador, a fim de poder conversar. No primeiro dia ele cozinhou e conversamos um pouco. Do segundo dia pra frente foram vãs as tentativas... ele ia pro escritório ou continuava trabalhando no laptop na sala mesmo... então só me restava ir dormir, para não incomodar.

Porém ele já tinha formado um imagem a meu respeito: “always connected”, porque eu estava sempre ao computador quando ele chegava. E até me escreveu um e-mail pra dizer isso (isso mesmo, eu estando lá na casa e ele me mandou um e-mail!). À noite, quando eu li o assunto da mensagem (“always connected”) e li o conteúdo, olhei pra ele e perguntei “o que é isso?”, e ele, meio que sem jeito, disse “ah, deleta, deleta...” Olhando a coisa assim, de cabeça fria e bem depois dos fatos, percebi que essa necessidade de me rotular era na verdade uma espécie de escudo contra a incapacidade dele de se comunicar. É sempre mais fácil transferir o problema para o outro do que assumir as próprias falhas. Depois fui entender melhor o motivo... o cara é canceriano... socorro!!!

Ao chegar em Munique, minha primeira providência foi enviar a ele um cartão agradecendo a gentileza da hospedagem, à moda antiga: escrito de próprio punho, assinado, selado. Postei numa terça-feira, chegaria pra ele no máximo em 2 dias. E na quinta ele me mandou um e-mail me chamando de mal-educada (porque eu não agradeci o que ele fez por mim) e egocêntrica (porque eu resolvi criar um blog), dizendo que “tudo gira ao meu redor” e algumas outras indelicadezas. Esse e-mail foi escrito pela manhã e certamente à tarde, ao chegar em casa, ele encontrou o meu cartão de agradecimento. “Onde eu enfio a minha cara agora?”, imagino eu que ele deve ter se perguntado. Oh dó...

Pois é, mas esse e-mail não poderia ficar barato... a mensagem dele, de umas cinco linhas, virou uma resposta de quatro páginas escritas a mão. Acho que fui ligeiramente fundo nos meus posicionamentos, porque até hoje ele simplesmente não disse nada. Mas eu falei o que tinha que ser dito – só não queria estar na pele dele, iria morrer de vergonha por ter sido tão leviana nos julgamentos. Por outro lado, essa carta pode ter dado a ele a chance de me conhecer um pouco mais, porém tenho minhas dúvidas se ele percebeu isso.

Já refleti bastante sobre esse rótulo de “always connected” – e confesso que sou sim “sempre conectada”, desde os meus 13 anos, quando comecei a fazer amizade por correspondência, muito antes da invenção da internet. Até hoje guardo o hábito de escrever cartas – raramente recebo respostas, mas nunca deixo de escrever. Sempre adorei ter contato com diferentes culturas... delirava quando chegava um envelope com as beiradinhas azul e vermelha, já ia logo responder... ficava contanto o tempo de chegar a próxima... bons tempos. E em relação à internet, assumo na boa que fico sim conectada sempre que posso – eu gosto. Além dos aspectos utilitários dela, é o meu meio de contato com o mundo, é um “tudo” e um “nada” ao mesmo tempo, mas que me preenche quando estou sozinha.

Ah, e já que eu levei o nome de “always connected” após um ínfimo período de observação (de cerca de 3 dias), achei no mínimo justo que eu também desse a ele um rótulo, porém, baseado em mais de um ano de observação e tentativas de ir visitá-lo: “always busy” (escrevi isso no cartão de agradecimento, não poderia perder a chance...) Mas ele é sempre tão ocupado... talvez nem tenha tempo de perceber que, se está sozinho ainda, é porque possivelmente não há espaço para alguém na vida “always busy” dele.

Vivendo e aprendendo...

segunda-feira, 27 de agosto de 2007

Considerações “marinianas” sobre o tal homem perfeito


A Bárbara, dona da casa onde moro, está se preparando para fazer o caminho de Santiago de Compostella. Há pelo menos dois meses ela vem mapeando distâncias e nas últimas semanas tem feito “ensaios”, simulando como será a peregrinação, inclusive com a mochila nas costas, com o peso do que ela vai efetivamente carregar. E ontem, domingo, ela me convidou pra sair com ela... andamos 20 km, com uma pausa de uma hora e outra de 15 minutos entre os trechos. Passamos por lugares bem legais, e todos relativamente perto de casa. E posso dizer que estou muito bem, obrigada! Hoje acordei super bem disposta, sem dor e “pronta pra outra”. Vai uma foto de um moinho d'água que vi no caminho, muito lindo.

Considerações “marinianas” sobre o tal homem perfeito

Um dia desses ousei colocar aqui uma lista de predicados que, no meu modo de ver, o “homem ideal” tem que ter. É claro que esse homem, dotado de TODOS aqueles predicados, simplesmente não existe, assim como também não existe a “mulher ideal”. Perfeição vem com o tempo, exige paciência e acima de tudo, vontade de estar junto. Mas vou falar deles, pois nós mulheres somos capazes de enxergar nossas imperfeições e nos dedicar a corrigi-las. Além disso, somos sensíveis e flexíveis pra compreender as limitações deles e ajudá-los, é claro se eles admitirem receber ajuda (atenção: isso pode ser raro de ocorrer).

Homens têm vários bugs “de fábrica” – coisas de uma anatomia cerebral incompleta, com pouca ou nenhuma capacidade emocional (nenhuma crítica à criação divina, pelo contrário). Portanto, para viver com alguém, imagino que seja necessário ter muita paciência, persistência e vontade de, juntos, melhorarem essas pequenas imperfeições um do outro (mulher também é humana, imperfeita, embora seja a ponte com o divino). Generalizando assim parece fácil...

Mas vamos ao que eu, Marina, penso e quero. Eu sou mulher, e o que uma mulher mais deseja é ser conquistada, sentir-se querida, amada, protegida, cortejada. Um homem, para me fazer mais feliz do que eu já sou pode até não ter todos aqueles predicados, desde que tenha a humildade de reconhecer suas imperfeições e determinação de se melhorar a cada dia, junto comigo, que também tenho meus defeitinhos. Se for pra compartilhar minha caminhada com alguém, que seja um homem que me faça rir, que tenha dentro de si um menino para brincar com a menina que guardo em mim. Bom humor é fundamental e levar tudo tão a sério pode fazer mal à saúde!

Dançar... adoro dançar. Seria bom que esse homem gostasse de dançar.. mas se não gostar, que fique feliz ao me ver dançando. Quando estou numa festa, eu procuro um cavalheiro olhando para os seus pés... se levitam no salão... e para os seus braços, vendo como eles conduzem a dama. Dançar é algo tão divino que, quando estou com alguém que me leva bem, me sinto nas nuvens.

Música... ah coisa maravilhosa... ouvir música, cantar, assistir a um show, ao vivo ou na TV... há música pra toda ocasião. “Quem canta seus males espanta“, nos ensina o velho ditado. Música pra ouvir fazendo as atividades domésticas ou no trabalho, música pra embalar o sono, pra espantar tristeza, pra namorar, pra relaxar, pra inspirar, pra lembrar, pra sonhar, pra festejar... ou seja, esse homem tem que gostar de viver musicalmente.

Tempo. Definitivamente eu quero alguém que tenha tempo pra mim, que me dê atenção. Ter tempo não é estar por perto a todo instante, adulando, babando... não, isso é muito chato. O que conta é a qualidade do tempo passado junto e como a pessoa se faz presente quando está distante, sobretudo se essa pessoa mora longe ou é muito ocupada. Tempo é uma questão de preferência – eu sempre encontro tempo pra fazer o que quero, para estar com quem quero.

Respeito. Não é preciso que o outro seja como eu sou, só é preciso que ambos se aceitem como são, respeitando suas crenças, suas diferenças, afinal, o que é combinado nunca sai caro. É óbvio que as diferenças não podem ser assim tão extremas, porque aí fica muito complicado encontrar um ponto de consenso.

Comunicação. É de extrema importância que esse homem seja totalmente transparente comigo. Isso elimina qualquer possibilidade de mal-entendido, porque da minha parte a recíproca será sempre verdadeira.

Um homem que saiba cozinhar... não precisa ser mestre cuca, assim como eu também não sou. Só precisa ser alguém que saiba se virar, e que não fique necessariamente esperando “a patroa” enfrentar o fogão. Alguém que use o verbo sempre na primeira pessoa do plural – “nós”. Compartilhar é uma ótima palavra. É muito mais completa do que “dividir”. Nada de “dividir” tarefas. Vamos compartilhar direitos e deveres.

O sexo, a fusão dos corpos – item, claaaaro, super importante. Não misturem as coisas. Amor é amor e sexo é sexo. Mas sexo com amor é tudo de bom, meeeesmo! Por isso é básico que haja sintonia na horizontal – ok, pode ser na vertical, diagonal ou como a imaginação permitir. Porém há que se dosar sexo e amor a fim de que não haja falta nem excesso. Amor demais pode atrapalhar o sexo. Sexo demais banaliza o amor.

Amor é fundamental, e é justamente pela sua importância que ele não pode e nem deve ser tratado de forma isolada. Amar exige coragem, e hoje em dia somos todos (ou quase todos) muito covardes. Mulher decidida que sou, não me vejo no time dos covardes, mas ao mesmo tempo não me permito amar se vislumbro riscos. Concluindo e assumindo, sou covarde também. Mas só um pouquinho... Nesse caso, uma saída é viver um dia de cada vez. Meus últimos relacionamentos (não se iludam com o plural!) começaram assim, completamente sem pretensão de ser coisa alguma, no esquema de “quero só beijar na boca e ser feliz“. E o último foi extremamente marcante, mas acabou por... covardia. Dele, é claro.

Mas o amor, ah o amor... ele é o envoltório essencial, sem o qual os predicados aqui mencionados ficariam soltos e jamais resultariam em um relacionamento sólido e agradável de ser vivido.

quinta-feira, 23 de agosto de 2007

O homem “ideal”


Um lindo pôr-do-sol da janela do meu quarto, em Germering... me fez lembrar um desses emails que a gente vive recebendo pela internet. Era sobre “conversas” de crianças com Deus. Uma delas dizia assim: “Querido Deus, eu sempre achei que laranja não combinada com roxo, até ver o pôr-do-sol que o Senhor fez hoje”.


O texto de hoje é pra cutucar a galera... que por enquanto sou eu mesma, porque quase ninguém lá lendo isso aqui. Se lê não deixa rastros (leia-se “comentários”). O que mais me importa agora é que eu tô adorando escrever.







O homem “ideal”

Ontem toquei, ainda que indiretamente, no assunto “homem ideal”. Vou ser direta e econômica com as palavras hoje. Eis a lista de predicados do companheiro “ideal”:

  • romântico e imprevisível
  • compreensivo e paciente
  • amigo e amante
  • menino e maduro
  • leal e transparente
  • brincalhão e sério
  • festeiro e caseiro
  • determinado e flexível
  • conquistador e fiel – porque o valor está em conquistar a mesma mulher a cada dia

Enfim, não quero alguém que seja “pra sempre“. Quero encontrar alguém que seja “pra todo dia“, porque assim é a vida, um dia de cada vez. Tô querendo muito? Ora, posso assegurar que o que estou querendo é no mínimo igual ao que eu tenho a oferecer. Um relacionamento sadio tem que ser uma troca constante. Sou “mulher-macho”, em alguns aspectos endurecida pelas lutas da vida, mas conservo minha ternura, sensibilidade e flexibilidade.

Gente, não nasci ontem... EU SEI QUE ESSE HOMEM NÃO EXISTE!!!

quarta-feira, 22 de agosto de 2007

“O que é que você quer?“


Uma paisagem de Zurique (Suíça):

o Rio Limmat, que "nasce" a partir do Lago de Zurique. Com águas cor de esmeralda, é um belo cartão postal da cidade e uma das paisagens que vi na semana passada.
Mas vamos ao texto de hoje.





“O que é que você quer?“

Um dia desses alguém me fez essa pergunta. “Alguém“ do sexo masculino, diga-se de passagem, provavelmente querendo saber se o que eu quero vai ao encontro ou de encontro ao que ele quer. “Porque, aos 36 anos, provavelmente essa mulher sabe o que quer“, deve ter pensado ele.

Confesso que faço essa pergunta a mim mesma com freqüência, e sempre sei a resposta. Mas naquele momento me senti incapaz de responder ao referido cavalheiro. Dois dias depois, após muito refletir, eu disse a ele que o que eu quero talvez fosse complicado de explicar, mas o que eu não quero era simples e fácil de dizer. “O que é que você não quer então?“, perguntou ele. E eu prontamente respondi: “São duas coisas: eu não quero ficar sozinha pra sempre e eu não quero depender de alguém“. Ele ouviu e calou. Não sei se entendeu ou se a dúvida da primeira pergunta continuou. Só sei que sou grata a ele pela pergunta que me fez.

Depois disso, passei a pensar mais amplamente no que eu quero. Digo mais amplamente porque sempre me pergunto isso e a resposta a que chego é “quero ser feliz“. Mas aceitar essa resposta como plena pressupõe que eu não seja feliz, e isso não é verdade. Não querer ficar sozinha, do ponto de vista emocional, é bastante fácil de entender. Mas não querer depender de alguém pode ter no mínimo duas interpretações. A primeira é não depender materialmente – mas sem radicalismo, pois não vou ficar disputando com um homem pra ver quem ganha mais. A segunda, não depender emocionalmente – aqui não cabe negociação. Paradoxo? Para alguns, pode ser.

Fui criada pra ser mulher independente. Meu pai sempre nos instruiu para que estudássemos, tivéssemos profissão, trabalhássemos e não dependêssemos de homem. Acho que levei isso tão a sério que fiz uma produção independente, ainda que acidental – minha filha tem hoje 12 anos e é minha maior motivação nessa vida. Mas vamos à vertente emocional da dependência. Eu não posso permitir que a minha felicidade dependa de alguém que não eu mesma: é algo importante demais na minha vida para estar fora do meu controle. E também não posso deixar que minha felicidade dependa das coisas que ainda não tenho – viver assim é cultivar a própria infelicidade. Portanto, para estar com alguém, eu preciso não ter necessidade dessa pessoa ao meu lado, pois dessa forma a convivência se torna um prazer, e não uma obrigação.

Pois bem, Marina, mulher solteira, interessante, madura, boa formação profissional, cheia de saúde, com família, amigos, uma filha maravilhosa... não, jamais poderia dizer que não sou feliz. Dou sim minhas cabeçadas aqui e ali, mas isso não tira em nada o brilho da minha caminhada. Então, qual o contexto da minha resposta “quero ser feliz“? Que felicidade é essa que eu penso que ainda não tenho? Seria alguém para compartilhar a vida? Pode ser. Porém, será que isso vai mesmo me fazer mais feliz do que já sou? Outra boa pergunta, porque se não for para somar coisas boas à minha vida, é óbvio, eu não quero!

Eu quero apenas uma vida normal. Família, casa, trabalho, amigos, lazer e alguém com quem compartilhar tudo isso e com quem eu possa construir algo mais. Alguém que, quando e se vier, que venha trazendo mais serenidade, paz de espírito, harmonia, pois já é decisão firme na minha vida afastar tudo e todos que possam vir a atrapalhar o meu equilíbrio pessoal e a minha paz interior.

Viram só? No fundo, é mesmo simples a resposta. Viver isso é que pode ser complicado para alguns... mas pra mim também é simples. Tão simples, tão cotidiano que nem sempre consigo explicar...

bjsssssssssss