
Tanto tempo sem escrever... tanta coisa aconteceu... nesse período abriu-se um vazio imenso no meu coração, com a partida do meu pai... mas a vida segue adiante. Da mesma forma que seguiu desde essa foto (em algum lugar bonito do noroeste paulista, à beira de um rio, meu pai abraça suas três meninas, e eu até faço pose!) até os dias atuais. Aliás, é sobre seguir adiante o texto de hoje. É o 13° aniversário da minha filha... há muito tempo venho matutando sobre essa coisa legal que é ter filho. Às vezes acontecem coisas chatas quando o diálogo se esgota, como ter que brigar, falar alto, impor coisas... e eu odeio brigar, me faz mal. Mas no frigir dos ovos, o lado bom sempre prevalece.Continuidade
Há exatamente treze anos eu entrava pro time das pessoas que recebem a graça de ter continuidade na vida. O dia 12 de abril de 1995 começou bem cedo, e às 9h22 eu virei “nós”. Naquele momento senti que a responsabilidade de receber um ser pra cuidar e orientar era muito maior do que a alegria que ele trazia. Mas ao mesmo tempo, a alegria de ver cada gesto, cada sorriso e cada choro daquela pequena criatura só alimentava mais o meu desejo de fazer valer a confiança que a Divina Providência havia depositado em mim. Eu já sabia que esse ser viria sem manual de instruções, por isso fui construindo a criação da minha filha a partir das experiências que eu vivi e que das coisas que via ao longo do caminho, colhendo as lições boas e descartando as ruins.
Nesse período recebi elogios diversas vezes por ter uma filha tão bem educada, interessada, bastante madura pra idade dela, sempre à frente da sua cronologia. Desde cedo eu procurei dar a ela uma noção de independência, porque sempre trabalhei fora e pensava que ela precisava saber fazer algumas coisas sozinha, como se servir à mesa, se trocar pra ir à escolinha... é, essa noção de independência foi crescendo... e hoje é preciso puxar as rédeas – a mocinha tá “acelerada” demais. Mas ainda assim acho mais fácil pisar no freio do que ter que empurrar!
Mas a continuidade... Ter um filho não é apenas “povoar o mundo”. Ter filho é o começo da própria imortalidade, é ter pra quem passar seus princípios, crenças e valores; é ver-se naquela pessoa, enxergando atitudes que você mesmo tomaria, e se orgulhando dela por isso. É ficar feliz por saber, ver e sentir que aquilo que se recebeu dos pais MAIS o que se aprendeu ao longo da jornada, de outras pessoas igualmente importantes (minha madrinha, amigas, amigos e até mesmo de desafetos, as chamadas “contra-lições”) segue adiante. É construir um ser melhor do que você mesmo, mas não uma cópia fidedigna sua, afinal, a individualidade é essencial para o ser humano. E a formação dessa personalidade única é algo que se molda ao longo do caminho, mas que precisa ter como base os princípios, crenças e valores que aprendemos de nossos pais na mais tenra infância.
Sei que a tarefa é perene... mas infelizmente nem sempre 100% aplicável no dia-a-dia, sobretudo de quem é “pãe” como eu. Eu também sou alguém em construção, que às vezes falha e precisa de apoio. Mas a responsabilidade de ser a continuidade do meu pai e de já ter a minha própria continuidade me dá forças pra seguir adiante. O legal é que às vezes esse apoio vem da minha própria cria... é, entre erros e acertos, sinto que meu saldo tá positivo.
Até breve!









