
Uma das coisas mais engraçadas do aniversário de uma amiga foi ver alguns convidados jogando pingue-pongue. Acho que eles inventaram algumas regras novas, tipo a bolinha ter que passar entre as garrafas junto à rede, e a cada raquetada, tinham que tomar um gole de cerveja. Pode ter certeza que não houve vencedor nesse jogo... kkkk... E outra: quase houve banho de ovo. Alguém pegou os ovos na geladeira e saiu distribuindo um pra cada, meio que escondido, pra que pudéssemos pegar a aniversariante de surpresa. Ele só não sabia que os ovos já estavam cozidos... que gafe! E a festa terminou em volta de uma fogueira, com violão e cantoria. Muito legal! Ah, tem tradução do texto de hoje lá embaixo.
Über das Süß-sein
Noch eine kurze Geschichte... Auch dieser Dialog stammt ursprünglich aus dem Englischen.
Sie lebte am Meer... es war super schön, aber die Insekten waren für sie immer ein Problem, weil wenn sie gestochen wurde (und es passierte sehr oft), hatte sie eine Allergie, und es juckte sie sehr.
Sie schlug ein Insekt auf ihrem Bein und sagte:
- It's unbelievable how these insects love me... I may be sweet!
Er schaute sie mit einem listigen Blick an und antwortete:
- Yes, you are. I know that.
Und ein Teil eines Liedes, um diese Geschichte zu ilustrieren:
“Komm und küss mich, mein süßer Vampir...” http://www.youtube.com/watch?v=3mymIrWrWPI
(Rita Lee)
Sobre ser doce
Morava junto ao mar... muito legal, mas os insetos eram um problema, porque sempre que ela era picada por um (e isso acontecia muito freqüentemente), tinha alergia local e coçava muito.
Ela matou um mosquito que estava sobre sua perna e exclamou:
- É inacreditável como esses insetos me amam... eu devo ser doce!
Ele a fitou com malícia no olhar e replicou:
- Sim, você é. Eu sei disso.
E um trecho de uma canção, pra ilustrar essa historinha:
“Venha me beijar, meu doce vampiro...” http://www.youtube.com/watch?v=3mymIrWrWPI
(Rita Lee)

Gostei desse negócio de histórias curtinhas com “trilha sonora”... aí vai mais uma. E pra “descer redondo”, uma Weißbier a fim de deixar meus leitores com sede... com a tábua de asinhas e costelinhas ao fundo... ai, desculpe, é jogo baixo, eu sei... kkkkk
A cama nova
Depois de engolir muito “sapo cururu“ com as companheiras de república, ela colocou todas pra correr e estava morando sozinha – com o aluguel em fim de contrato, dava pra encarar. Só que não tinha uma cama decente... a dela era de rodinhas, daquelas que ia embaixo do beliche pra formar treliche. Então decidiu comprar uma.
Entregaram rapidinho, e o namorado estava em casa quando a cama chegou. Ela estava ansiosa pra vê-la montada, e foi logo na casa do zelador pedir ferramentas emprestadas.
Quando voltou, o namorado, que estava assistindo TV, falou pra deixar que ele montaria depois, ignorando completamente a ansiedade dela. Por sua vez, ela ignorou o que ele disse e passou direto pro quarto. Menos de 15 minutos depois, foi saindo com as ferramentas para devolver ao zelador.
Ele: onde você vai?
Ela: vou devolver as ferramentas.
Ele: mas e a cama?
Ela: já montei. Pra essas coisas não preciso de homem na minha casa.
E a música:
“As coisas não precisam de você
quem disse que eu tinha que precisar...” http://www.youtube.com/watch?v=EZmes76uNqA
(Virgem, Marina Lima)

No último sábado, 12 de julho, houve um jogo beneficente na Arena de Munique. Foi anunciado como sendo um jogo com as maiores estrelas do futebol atual, embora os mais esperados (Ronaldinho, Cristiano Ronaldo e Kaká) não tenham dado o ar da graça. Mas um que nada tem a ver com futebol compareceu, “jogou” pra caramba e até marcou um gol: Michael Schumacher (na verdade, o cara corria feito barata-tonta, meio que pra marcar presença no campo – foi engraçado ver como ele corre sem as quatro rodas!). O evento foi parte das comemorações dos 90 anos de Nelson Mandela, e a renda foi revertida para sua fundação, cujo objetivo é dar um futuro melhor às crianças da África. A pelada teve gol pra caramba, claro que tudo devidamente ensaiado. Na foto percebe-se que o estádio poderia comportar muito mais gente... meu ingresso foi na faixa, claro. Aí vale a máxima "não precisa ser o rei, basta ser o melhor amigo do rei"... hehehe
Conflitos e convicções
Um dia desses recebi por email um filme de gestão empresarial sobre conflitos. Interessante ver que, na opinião do Prof. Alexandre Freire, da FGV, não há ninguém errado em um conflito, que é na verdade um choque de valores, e cada um dos envolvidos está ali defendendo o seu ponto de vista.
Desde a minha entrada no mundo corporativo, aprendi muito sobre trabalho em equipe, feedback, saber ouvir... aprendi que a melhor forma de manter o emprego era colocá-lo em risco diariamente, sob a forma de assumir riscos que pudessem trazer bons resultados para a empresa e, além disso, nunca fui acomodada, sempre busquei contribuir com a minha opinião. Com o tempo, fui aprendendo a fazê-lo de forma mais suave, mais compartilhativa, para que não soasse como imposição ou arrogância.
Só que o mundo corporativo está cheio de pessoas, e essas são carregadas dos mais diversos tipos de sentimentos. E nesse meio, os mais comuns são a inveja, a ambição e o comodismo. O comodismo gera uma falsa sensação de que “está tudo bem”. Conheci gente assim, e que sobreviveu anos a fio na mesma posição, fazendo “sempre tudo igual”, porque o importante era manter o emprego. Engolia sapos de todos os tamanhos, puxava saco de todo e qualquer colega de trabalho que tivesse um cargo acima do seu, algumas vezes apertava o botão do “foda-se”, e ainda assim ia adiante. Gente assim é meio sem valores, eu acho, porque literalmente “dança conforme a música”.
Já a inveja e a ambição são altamente perniciosas, sobretudo porque invariavelmente andam juntas. E uma pessoa movida por essa dupla é capaz de qualquer coisa pra conseguir o que quer. Qualquer coisa inclui até mesmo puxar o tapete de alguém a ponto de deixar um pai de família desempregado. Falo com conhecimento de causa: sou “pãe-de-família” e já passei por isso.
De tudo que aprendi, o que sempre cultivei com muita força foi o saber ouvir e o feedback, dois valiosíssimos meios de crescimento pessoal, quando bem conduzidos. Praticar feedback é muitas vezes complicado, porque exige que as partes envolvidas tenham uma abertura para ouvir coisas que às vezes não agradam, pois é por meio dessas observações que a gente tem como se auto-avaliar, mudar posturas e melhorar como profissional e ser humano.
O problema é que muita gente pode estar mentindo quando diz que está aberta a ouvir uma crítica ou que vai sempre dar um toque a você quando perceber algo que não foi legal, que pode ser melhorado. Você se abre pra essa pessoa, acreditando que ela vai lhe ajudar assim como você está disposto a ajudá-la, mas a recíproca não é verdadeira, e ela se aproveita das informações que você lhe dá para usá-las de alguma forma contra você mesmo. Falo também com conhecimento de causa.
Apesar desses acontecimentos, eu continuo acreditando que as pessoas são confiáveis, que a melhor forma de crescimento é o diálogo aberto e franco e que o melhor caminho para crescer profissionalmente é arriscar-se e ousar sempre. E depois de assistir a esse filme, vi que me encaixo nos dois exemplos citados: o diretor e o capitão do navio. Ambos prefiriram não abrir mão de seus valores pessoais, ainda que esses fossem contra valores corporativos (coisa muitas vezes extremamente subjetiva) e que tenham lhes custado o emprego.
Portanto, diante da mediocridade da pessoas no mundo corporativo, a lição que fica é: nunca traia suas convicções. Trabalho nunca vai faltar pra pessoas de alto valor com sólidos valores pessoais.
Para quem se interessar, segue o filme.

O que inspirou o texto de hoje foi essa frase, que li no orkut de uma amiga... e acabei encontrando uma conexão interessante entre essa frase e minhas andanças vida afora. Pra ilustrar, um dos cartões-postais mais visitados de Munique, a Frauenkirche (ao pé da letra, Igreja da Mulher). Em dias claros, suas duas imponentes torres de quase cem metros de altura com abóbadas esverdeadas podem ser vistas de praticamente qualquer ponto da cidade. Ela foi severamente bombardeada na Segunda Guerra, mas quem a vê atualmente não imagina que ali havia praticamente escombros em 1945. Lá dentro há uma exposição permanente das fotos do pós-guerra, nas quais só se reconhece a construção pelo esqueleto – é impressionante ver o estado em que ela ficou. Pra mim ela é um cartão-postal que já faz parte da paisagem. Mas que continua imponente, ah, continua...
“Sejam realistas, exijam o impossível”
(Soyez réalistes, demandez l'impossible)
Li essa frase no perfil do orkut de uma amiga (não sei o autor) e adorei, por um simples motivo: na ótica da maioria dos meus amigos e amigas, eu sou uma utopia ambulante, que vive querendo “o que não existe”. Pois bem, é por querer “o que não existe” que eu me coloco a trilhar caminhos novos, diferentes, e muitas vezes acabo conseguindo aquilo que todos diziam ser impossível.
Uma amiga fez um comentário aqui no meu blog, nos textos sobre a boneca dos meus sonhos (a Anda Nenê) que no fundo, a minha admiração era justamente por ela andar... algo que eu ainda faria muito na vida – e de fato, é só o que tenho feito. Achei muito procedente o comentário... ainda não tinha pensado dessa forma.
Mas esse instinto “andarilho” tá no sangue. Meu pai nasceu no interior de Minas Gerais, na década de 40 do século passado, onde mal havia rádio e as notícias demoravam horrores pra chegar. São Paulo era algo tão distante não apenas geograficamente, pois a distância era relativamente muito maior que hoje em dia, em função da precariedade do transporte existente, como também psicologicamente: para muitos ali, São Paulo era algo “impossível” de se alcançar. Sabia-se apenas que era uma cidade grande e cheia de oportunidades, mas poucos ali daquela região haviam ousado desbravá-la.
Meu pai foi um deles: deixou aquele interior pra trás, aos 17 anos, encarou três dias de uma “sacolejante” viagem de trem, passando pelo Rio de Janeiro, até chegar no seu destino. Como ele sempre contou, no dia seguinte à sua chegada, já estava trabalhando: não tinha tempo ruim pra ele. Trabalhou muito, constituiu família, deu aos filhos condições melhores de trilharem seus próprios caminhos... em diversas ocasiões foi muito cabeça dura sim, mas no frigir dos ovos, há muito mais o que reverenciar do que o que criticar. É, esse homem foi realista, sempre exigiu dele mesmo e da vida apenas o impossível.
Ser sagitariana como ele certamente deu algum impulso a esse espírito desbravador, essa mania de querer sempre mais, de estar em constante busca pelo novo. Não que eu seja uma eterna insatisfeita – muito pelo contrário, agradeço a Deus por tudo que sou e tenho, e faço isso a qualquer momento do dia, o tempo todo. Mas estou sempre de olho lá na frente, em o que há por descobrir, por conquistar.
Isso posto, vejo que pretendo continuar sendo realista, ou seja, exigindo de mim e do mundo que me cerca nada além do impossível, afinal, ele só existe na cabeça das pessoas de pouca visão. Só que para exigir o impossível, é preciso estar disposto a andar. Porque a vida é movimento, e só avança verdadeiramente quem tem os olhos cravados no horizonte e segue em direção a ele, porém bem atento a onde pisa, para garantir que vai alcançá-lo sem problemas no percurso.
Beijosssss

Hoje vou postar em alemão e inglês uma história bem curtinha (com tradução no final). Tenho estado meio preguiçosa pra escrever, embora as idéias não parem de fervilhar na cabeça, só que sempre quando estou longe do computador... quero escrever... só preciso me concentrar para isso quando estou diante dele! Tempo nunca falta, é só planejá-lo adequadamente, o que eu não tenho feito... pronto, assumi minha atual desorganização pessoal! Pra ilustrar, uma foto de um pôr-do-sol amazônico, tirada na cidade de Terra Santa, Estado do Pará, na divisa com o Estado do Amazonas.Der erste Kuschelabend
Das ist eine Geschichte von einem ersten Kuschelabend. Der Dialog stammt ursprünglich aus dem Englischen:
Nach einem normalen Montag haben die zwei sich zum ersten Kuschelabend getroffen, in ihrer Wohnung. Die beide waren echt müde, und mussten am folgenden Tag wieder arbeiten. Aber er lag auf ihrem Schoss als ob es nichts mehr wichtiges im Leben gäbe... wie ein kleiner Junge verloren im Urwald, der endlich eine Zuflucht gefunden hatte.
Sie: it's late, I have to work tomorrow, and so do you. I need to go to sleep.
Er: but I don't wanna go away...
Um diese Geschichte zu ilustrieren, ein Teil eines Liedes:
“and when you find yourself lying helpless in her arms
you know you really love a woman” http://www.youtube.com/watch?v=3pJoMeEg8cM(Bryan Adams)
traduzindo...
O primeiro aconchego
Depois de uma segunda-feira normal de trabalho, os dois se encontraram no apartamento dela, e ficaram por um longo tempo juntos, abraçados, no que foi o primeiro momento de aconchego deles. Ambos estavam cansados, e tinham que trabalhar normalmente no dia seguinte. Mas ele havia se aninhado nos braços dela como se nada mais na vida tivesse importância, como um pequeno menino perdido na floresta, que finalmente encontrara um abrigo.
Ela: é tarde, eu tenho que trabalhar amanhã, e você também. Preciso ir dormir.
Ele: mas eu não quero ir embora...
E o trecho de uma canção, para ilustrar essa história:
“e quando você se vir repousando indefeso nos braços dela
você saberá que realmente ama uma mulher” http://www.youtube.com/watch?v=3pJoMeEg8cM(Bryan Adams)

O texto de hoje não tem introdução, pois há ocasiões em que as palavras são dispensáveis... mas a ilustração é bem colorida, porque a vida é mais feliz quando tem muitas cores. A artista? Minha filha Luísa.
Quando as palavras são desnecessárias
Um encontro... olhares se cruzam... afinidades afloram... sentimentos nascem e crescem... e foram se conhecendo tão intensa e profundamente, que para saber como o outro estava, não era mais preciso perguntar: bastava olhar nos olhos. E se não estivessem por perto, seria suficiente dois minutos de conversa pra sentir na respiração ou no tom de voz. Havia total transparência ali entre eles, ninguém escondia nada um do outro. Até porque com aquela sintonia, nem era possível.
Distância... eles nem sempre podiam estar fisicamente perto. Havia outras variáveis nessa história, mas nada que pudesse abalar verdadeiramente aquele sentimento que os unia. Apesar de um oceano estar no meio deles, não havia no mundo dois seres que estivessem mais próximos um do outro. Pelo menos, era o que eles sentiam, era o que parecia ser.
Relacionamento... ele aprendeu tanta coisa legal com ela, cresceu como pessoa, conheceu diferentes formas de encarar a vida, família, trabalho... ao lado dele ela pôde constatar que suas utopias sobre convivência com homens eram plenamente realizáveis, ao lado dele ela teve a coisa mais importante que uma mulher precisa de um relacionamento: sentir-se amada.
Experiência... porém chegou um dia em que ele sentiu-se pressionado de alguma forma (não por ela), por circunstâncias ou coisa parecida e, por falta de maturidade, fez a escolha mais fácil: decidiu terminar aquela história, uma decisão unilateral, por telefone, sem dar chance ao diálogo, ao olho no olho.
Dor... é claro que ela sofreu, mas pouco depois escolheu não mais chorar nem sofrer, afinal, uma história tão linda como aquela só poderia deixar lembranças bonitas. Só que a dor fez com que ela se tornasse mais exigente consigo mesma e com os homens com quem viesse a se relacionar. E a vida seguiu adiante, mas ela sempre sentiu falta de olhar nos olhos dele uma última vez, pra poder ter certeza do que a voz entregava: de que aquela decisão de terminar não havia vindo do coração.
Tempo... senhor soberano, cura todas as dores. Na verdade, não é de fato uma cura, mas ele faz com que as pessoas se acostumem com suas novas realidades. E elas passam a doer menos. Ela nunca mais ouviu falar dele, só sabia que ele já tinha outra pessoa. Que fosse feliz assim, desejava ela sinceramente, sem mágoas ou ressentimentos.
Acaso... eis que um dia, nesse mundo virtual, alguém que o conhecia a encontrou, fez contato e contou algo que abalou o coração dessa mulher: ele havia ficado viúvo. Um sentimento estranho a perturbou por alguns dias, e ela não entendia porque, afinal, tinha certeza de que não o amava mais, de que ele tinha se tornado apenas “uma história bonita” na vida dela, que pertencia ao passado. Mesmo assim, decidiu procurá-lo, a fim de conversar olho no olho e fechar aquela porta que havia ficado entreaberta.
Reencontro... demorou mas aconteceu. Depois de tantos anos, era muito estranho rever alguém que havia sido tão importante. Ela simplesmente não sabia o que esperar, como ele reagiria, o que conversariam. Mas quando se viram, havia um brilho tão radiante no rosto de ambos, mas que porém era muito mais evidente, realmente indisfarçável, no sorriso dele.
Palavras... conversaram horas sobre o que se passou com cada um. Ela se preparou para esse encontro de forma a não querer falar do passado, ainda que fosse de coisas bonitas e alegres que ambos viveram. E realmente não fez isso, mas ele a todo instante evocava algo que haviam vivido. Enquanto ela contava de seu processo de autoconhecimento, de como isso estava lhe fazendo bem, ele dizia apenas “eu sei”, como a confirmar que a conhecia muito bem. “A essência não muda”, disse ela, e ele disse “estou percebendo”.
Não falaram nada sobre o fim do relacionamento. E acho que ela conseguiu o que queria: teve certeza do que a voz dele entregou naquele fatídico telefonema. E o sentimento que ficou no ar, depois de muita conversa sobre amenidades, é de que na verdade aquela história nunca acabou, pois parecia que tinham se encontrado no dia anterior (e não há quatro anos e meio), tamanha era a sintonia.
Se encontraram mais uma vez... e não houve como adiar mais o encontro dos lábios. Era claro como a luz do dia que apenas lábios e olhos estiveram longe uns dos outros durante aquele tempo todo. Só sei que naquele reencontro, olho no olho, as palavras foram absolutamente desnecessárias para falar sobre coisas do coração.

Eis o cenário da história de hoje... na verdade, essa foto foi tirada do alto do morro onde se localiza o Trampolim, logo, ele não aparece. Mas a beleza da praia compensa. A foto é do álbum da minha irmã, mas eu não sei exatamente quem a fez.
Bicicleta ao mar!
Havia pouco tempo que meu pai tinha comprado uma casa na praia, em Barequeçaba, São Sebastião. Tudo era novidade... finais de semana, feriados prolongados, íamos sempre pra lá. A praia é uma delícia... típica para família com crianças e pra quem não gosta de tomar caldo: é quase uma piscina, sem ondas fortes. Isso provavelmente se dá em função da sua localização, meio de frente pra Ilhabela, meio pro mar aberto. É uma pequena enseada, delimitada por dois morros, na entrada sul do canal de São Sebastião.
Estávamos descobrindo o local, quando ficamos sabendo do Trampolim. “Ah, é ali atrás do morro menor”, disse um. “Mas como é lá, o que tem de legal?”, disparamos em tom de curiosidade desbravadora. “É um lugar onde a gente pula das pedras na água, de cabeça, se tiver coragem... e tem várias alturas!”. Ficamos pensando no perigo que seria tal lugar, pular e bater a cabeça em pedras... mas tanta gente falava que era o máximo, que não havia perigo, que só nos restava uma opção: subir o morro por um lado e descer pelo outro, e explorar o Trampolim.
A idéia de pular de cabeça na água me era fascinante e ao mesmo tempo assustadora. A descida até o Trampolim é bem íngreme, se a gente não se cuida direito, pode escorregar e descer “de bunda”. Chegando lá, vimos que era mais legal do que contaram... tinha até escadinha de corais pra subir e pular de novo, e não tinha pedras que ofereciam risco sob as águas, porque ali é um paredão de rocha. Mas e a coragem pra pular, mesmo que do “zerinho”, o nível mais baixo? Sobre o nível mais alto, há controvérsias... uns dizem que é o 5, outros dizem que existe até o oito.
Mas voltando... depois de alguns momentos de “vai-não-vai”, pulei, do nível um. Delícia... subi, pulei mais algumas vezes... e com o tempo, fui ousando mais, mergulhando de cabeça, embora nunca tenha passado do nível três – ali já era adrenalina suficiente.
Meu pai ficou sabendo do Trampolim, que era muito perigoso e coisa e tal, e proibiu meu irmão, na época com 9 anos, de ir lá. Meu irmão saía pelo bairro, às vezes a pé, às vezes de bicicleta, fazendo amigos e, claro, ignorando a determinação paterna, ia no "local proibido" com os colegas. Foi num feriado prolongado que demos falta da bicicleta dele. Perguntamos “cadê sua bicicleta?”, e ele disse que tinha deixado “ali”, que ela talvez tivesse sido roubada. Disse isso sem muita convicção, mas como quem desejava ardentemente que o assunto fosse esquecido. E até foi... ninguém perguntou mais sobre a magrela.
No dia seguinte, quando caminhávamos até a praia, um dos coleguinhas dele o viu e gritou “e aí, conseguiram pescar sua bicicleta? Acho difícil, porque ali é fundo”. Daí entendemos o que tinha acontecido: a bicicleta tinha ido ao mar. Numa escorregada na descida íngreme até o Trampolim, ele perdeu o equilíbrio e soltou a bike, que despencou lá de cima pro fundo das águas azuis do canal de São Sebastião.
Depois desse episódio, meu irmão continuou indo lá, e ousava cada vez mais, pulando dos níveis mais altos. No orkut tem uma comunidade sobre o Trampolim de Barequecaba, com histórias contadas por seus protagonistas no fórum. Lá ele conta que num dos saltos, lascou um dente com o impacto na água. Eu tive perfuração de tímpano uma vez. Pra quem quiser, eis o link:
http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=8099614Que idéia de doido descer até lá levando a bicicleta... mas pelo menos ele desceu desmontado! Antes a bike do que ele!
“Maria, Maria é um dom, uma certa magia Uma força que nos alertaUma mulher que merece viver e amarComo outra qualquer no planeta Maria, Maria é o som, é a cor, é o suorÉ a dose mais forte e lentaDe uma gente que ri quando deve chorarE não vive, apenas agüentaMas é preciso ter força, é preciso ter raçaÉ preciso ter gana sempreQuem traz no corpo essa marcaMaria, Maria mistura a dor e a alegriaMas é preciso ter manha, é preciso ter graçaÉ preciso ter sonho sempreQuem traz na pele essa marcaPossui a estranha mania de ter fé na vida” (Milton Nascimento e Fernando Brant) O texto de hoje está há muito incubado em minhas idéias. E hoje é dia das mães no mundo inteiro, o que me deu a motivação que eu precisava para escrevê-lo. Talvez como homenagem, mas dificilmente a homenageada vai lê-lo – onde ela vive o máximo de tecnologia disponível é rádio e TV a cores com antena parabólica. Sem problema, pois nossa comunicação é de coração pra coração. Pra ilustrar, uma foto com minha Maria, ao lado de seu filho Geraldo e suas três netas. Estávamos em uma gruta de Santa Maria à beira de alguma estrada em Minas Gerais, lá nos remotos anos 70. Minha mãe também estava presente nessa cena: foi ela quem fez a foto.
Maria, Maria
Todo mundo conhece pelo menos uma Maria, ainda que seja apenas a Maria mãe de Jesus. Quem é cristão/católico é de alguma forma íntimo dela, certamente. Marias... na minha família existem algumas. Porém a mais marcante, mais sábia, mais compreensiva, mais humana de todas é a minha avó: Maria dos Anjos, quase 87 anos, 3 filhos, 12 netos, 8 bisnetos.
Mulher da roça, onde vive e de onde não quer sair, sempre levou (e ainda leva) uma vida simples: ali cresceu, casou, teve vários filhos (mas apenas 3 viveram). Desde 1921, quando ela nasceu sagitariana, em 21 de dezembro, o mundo passou por muitas coisas, boas e ruins. Nesses tempos remotos, mal havia rádio – ficava-se sabendo das coisas pelos tais caixeiros viajantes, que passavam ocasionalmente vendendo coisas.
O progresso foi chegando. Da casa de pau-a-pique e luz com lamparina de querosene passou a uma de alvenaria no início dos anos 80, com luz elétrica. Aí já era possível ter televisão: foi um acontecimento na roça. A casa dela ficava sempre cheia de gente querendo ver aquele tubo com imagens em preto e branco. A imagem era ruim, chiava muito porque o sinal era fraco e a antena não fazia milagres naquele rincão, mas mesmo assim era algo digno de “roupa de festa”. E a Maria dos Anjos sempre recebia com carinho e café a todos os que vinham assistir televisão em sua casa. Até hoje ainda há pessoas que aparecem por lá pra ver TV, que já há algum tempo é a cores – não porque não há luz elétrica em suas casas, mas porque não possuem uma televisão (a região ainda é bem carente).
Em algumas ocasiões, vi Maria ser afrontada, até insultada, ofendida... mas nunca, nunca mesmo a vi revidando a esses ultrajes. A palavra e o comportamento dela nessas situações sempre foram invariavelmente de perdão e compaixão. Até mesmo na partida de alguns de seus mais queridos ela foi serena: meu bisavô/seu pai, meu avô/seu marido, meu pai/seu primogênito... “é, tô enterrando um filho, mas é a vontade de Deus”, disse ela, certamente com dor no coração, mas de alguma maneira conformada com a separação, porque inconscientemente sabe que é temporária.
Maria dos Anjos tem uma força que ultrapassa a lógica dessa vida que ela vive. Sua sabedoria é infinitamente maior do que o pequeno mundo (geograficamente falando) em que ela viveu até hoje. Nunca foi à escola, mas aprendeu a ler e a escrever riscando o chão com gravetos. Nunca leu livros de auto-ajuda, mas foi capaz de suportar sozinha vários reveses na sua vida. Não sabe nada de psicologia, mas sua terapia do amor curou muitos. Não conhece os segredos da medicina, mas com sua fé benzeu muitas crianças e lhes tirou o incômodo que sentiam. Não entende de negociação, mas não conheço melhor conciliadora.
Acho que o Milton e o Brandt se inspiraram nela pra compor a música que leva seu nome... eu a reconheço em cada verso da canção, e já cantei pra ela. Mulher de papéis multiplos, cumpriu todos com maestria. E ainda cumpre. Não sei por quanto tempo ainda, nem sei se ainda a verei nessa vida, pois atualmente há um oceano (literalmente) entre nós. Mas onde quer que nos encontremos, vou sempre reverenciá-la como o melhor exemplo de mulher que conheci nessa vida, de quem muito aprendi e a quem muito admiro.
Bis bald!

A minha ida a Genebra, na Páscoa, rendeu muitas fotos interessantes. Entre elas, a do “Restaurant sans alcool” (Restaurante sem álcool). Ele seria um lugar ideal pra eu ir na época do texto de hoje... Mas voltando, passamos por ele na ida pra cidade alta e na volta. Até estiquei meu pescoço pra ver como era lá dentro... e o comentário do Tim se confirmou: “Restaurante sem álcool e sem clientes!”
Gardenal
A primeira vez que ouvi falar esse nome, nem tinha noção do que era. Só sabia que teria que tomar um comprimido por dia, ao deitar. Após uma convulsão durante o sono, fui parar num pronto-socorro, e o plantonista disse que eu tinha que ir a um neurologista. Minha mãe me levou a um, que pediu eletroencefalograma (EEG) e raio X do crânio. Ao pegar os exames, ele só disse que o raio X da cabeça era normal, não esclareceu coisa alguma sobre o EEG, mandou tomar aquele remédio toda noite e disse pra minha mãe que me trouxesse de volta no mês seguinte – mas que voltasse antes caso acontecesse alguma coisa.
Não aconteceu nada nem antes nem no mês seguinte – tudo na mais perfeita ordem. Então minha mãe pensou que não era mais necessário voltar. Ela não tinha obrigação de saber... o médico é que deveria ter explicado que era imperativo voltar na consulta, porque o tratamento não era coisa de um mês.
Eu tinha 12 anos, e era aluna exemplar na escola, só tirava notas máximas, era muito atuante no esporte, jogava vôlei no time mirim... enfim, tinha uma vida absolutamente compatível com alguém da minha idade. Ou melhor, quase compatível... era muito tímida e nunca tinha algum paquera. Mas isso é assunto pra outro texto.
Aproximadamente dois anos se passaram... e aconteceu de novo: convulsão, agora mais intensa do que antes. Susto geral em casa, afinal meus pais pensaram que eu estava “curada” daquilo. Pois é, o tratamento iria começar de novo ali, mas agora com informações corretas sobre o que devia ser tratado.
O meu problema era disritmia cerebral. A melhor explicação a respeito me foi dada por uma médica com quem me tratei dos 14 aos 18 anos. Ela não só explicou a disritmia com a diferenciou da epilepsia: “Imagine que o cérebro é um conjunto de lâmpadas que precisam acender e apagar simultaneamente. A epilepsia é quando uma lâmpada queima – e não tem como trocar, portanto, quem tem isso vai ter que tomar remédio a vida inteira. A disritmia é quando elas acendem e apagam desordenadamente. O remédio atua na reordenação das ondas elétricas do cérebro, reduzindo essa falta de ritmo até um nível em que o medicamento não será mais necessário”.
O interessante é que depois que passei a tomar esse remédio, comecei a ouvir colegas da escola dizendo (não pra mim) que quem tomava Gardenal era doido. Eu é que não iria assumir que tomava aquele remédio de doido... eu me considerava normal! Depois de pouco tempo entendi o motivo: pessoas que NÃO PRECISAVAM do remédio e que queriam “ficar doidonas” tomavam Gardenal com birita em grande quantidade, pra “dar um barato”. Nunca foi o meu caso: eu sabia que não devia tomar nada alcoólico e nem passava perto.
Foram longos anos de tratamento até que o medicamento pudesse ser suspenso. E como eu não podia beber nada alcoólico, aprendi a me divertir sem isso. Nas baladas da faculdade, era comum gente que não me conhecia dizer que eu estava “alegrinha” demais, fazendo alusão à bebida. Mal sabiam eles que a alegria era pura e genuína, do tipo que não precisa do álcool pra se manifestar.
Ah, hoje em dia eu não dispenso um bom coquetel numa balada, uma taça de vinho a dois ou uma cerveja em um biergarten (afinal, estou na Alemanha!), embora eles não sejam imprenscindíveis para a minha diversão!
Alguns que me conhecem pouco vão ler esse texto e dizer “bem que eu sempre desconfiei que ela tinha algo de anormal”... Fiquem tranqüilos... eu sou normal. De longe, porque de perto ninguém é!
kkkk

Adoro escrever... e comecei nessa vida muito antes de pensar em cursar Jornalismo. Escrevia cartas, ia ao correio postar e ficar contando os dias para chegar a resposta... e sempre recebia! Hoje em dia eu só mando... ninguém mais me responde. Porém isso não me abate: continuo escrevendo.
Esse envelope é de uma carta recebida de Israel em 1989, no meu primeiro ano em Campinas. A remetente, uma pessoa muito especial... muitas cartas nossas cruzaram o oceano nessa época. O interessante é que atualmente as cartas entre nós continuam cruzando o oceano (eu aqui, ela no Brasil), apesar de em mão única.
PS: o selo eu tirava e dava pra um amigo colecionador...
A banalização do “eu te amo”
Há um tempo, no início da popularização da internet, recebi diversas vezes emails com conteúdo do tipo “não deixe pra amanhã o que você pode fazer hoje”, “diga 'eu te amo' antes que seja tarde demais”, “o dia especial da sua vida é hoje”, entre outros que, na época, me serviram de base para um texto que escrevi pro jornal da empresa – e que já publiquei aqui.
Depois dessa onda toda, eu passei a me expressar mais, disse diversas vezes a meu pai que o amava, assim como para minha mãe... coisa que nunca tinha feito antes. Não que não houvesse amor, mas simplesmente não era parte da minha criação expressar dessa forma. Falei e falo também para algumas poucas amigas, que são mais do que irmãs... enfim, acho que me melhorei um pouco nessa mudança de postura.
De lá pra cá, com a massificação da internet, cada vez mais o privado está presente na esfera pública. No orkut, que eu chamo de “o paraíso da devassidão”, virou moda declarar amor. O que se vê é “eu te amo” escrito das formas mais diferentes e explícitas possíveis, em recados, depoimentos e afins. É tanto “te amo” que os amigos ficam disputando o “topo” na lista de depoimentos, como se isso significasse ser mais ou menos amado. Quanta besteira...
Eu sinceramente questiono a essência desse tipo de “eu te amo”. Acho que essa gente toda tá confundindo o nome dos sentimentos... ou querendo supervalorizar... ou até mesmo escrevendo no mundo virtual o que não teria coragem de dizer olho-no-olho. Ou então quer só aparecer. Santa incoerência... pode ser que se diga tímido pra dizer cara a cara, mas coloca no orkut, atualmente o mais popular site de relacionamentos no Brasil.
Dizer que ama alguém, quando o sentimento é genuíno, é algo que vem tão das entranhas, que muitas vezes demora a sair, a ser verbalizado. E quando sai, pode ser numa fala meio embargada... com a voz sumindo... algo dito no fim da conversa, que a gente diz e “sai correndo”. Correndo pra um abraço ou beijo, pra dizer tchau na conversa ao telefone, pra acalmar alguém que tá triste ou com problemas, dar colo... mas é normalmente algo que se diz no fim de um papo. Porque o “eu te amo” verdadeiro dispensa palavras depois.
Apesar de eu estar “alyways connected” – estou no orkut, uso MSN, skype e outros – a minha forma de expressar o meu amor não é necessariamente dizendo “eu te amo” para todos os lados... eu amo muitas pessoas, e cada uma delas sabe do meu apreço. E exatamente por saberem é que não preciso ficar “disputando topo” na lista de depoimentos, por exemplo. Isso não signfica que eu nunca diga a elas que as amo, mas quando o faço, tento buscar uma forma diferente da coisa massificada que se vê por aí. Por exemplo, adoro escrever cartas ou postais de próprio punho, ir ao correio, comprar selo... é tudo tão mais humano, e não passível da tecla “delete”. Não é o máximo?
Escrevam pra mim! Amo receber postais!

Eu falei que o tucano estava comendo de boca, ops, bico aberto, que a gente até via o mamão lá no meio... mas na outra foto não dá pra ver direito. Fiz um recorte e ampliei... desculpe a repetição, mas eu adoro essa imagem, tenho o maior orgulho de tê-la feito. Aliás, o assunto de hoje também é repetição...
Indignação
“As coisas não precisam de você
quem disse que eu tinha que precisar?”
(Virgem, Marina Lima)
Minha xará mandou muito bem nessa música... “Quem disse que eu tinha que precisar?” Achei que minha história de vida já diria algo de forma clara que sou uma pessoa que se vira sozinha, com excelente formação acadêmica, profissionalmente ativa e independente financeiramente. Não fui criada pra ser apenas mulher de “cama-e-mesa”, embora tenha total capacidade de exercer TAMBÉM esse papel.
Pois é, o texto “Sentimento entra na DRE?” não foi suficiente pra extravasar toda a minha indignação com a espécie masculina. Não quero aqui generalizar... mas tá difícil encontrar alguém em quem valha a pena investir, alguém que se digne a ir além das aparências, que ouse querer conhecer mais do que os olhos podem ver e que se comunique clara e abertamente sobre isso.
Uma amiga deu uma de “advogada do diabo” e me disse “ah, mas tem a comunicação do corpo, dos gestos... ele fez essa leitura em você e concluiu as coisas”. Pois é, não vou aqui negar a existência dessa comunicação não-verbal, até porque já falei sobre ela anteriormente. O problema é que ela é invariavelmente unilateral e definitivamente não serve como parâmetro para pessoas que praticamente não se conhecem, se o objetivo for algo além de apenas uma “noche caliente”. Nesse caso, a comunicação sem palavras se torna uma fonte inesgotável de mal-entendidos. Aí já viu, né...
O tipo de coisa que esse cidadão fez mexe profundamente com meu orgulho, e não tem nada que me doa mais do que isso. Pode me trair, me deixar na beira do altar, até me agredir fisicamente (coitado daquele que um dia ousar isso!), que não me dói tanto quanto me atingir naquilo que mais prezo: meu caráter.
Mas eu só tenho que agradecer... ele se mostrou bem rápido. “Meno male” ferir apenas o meu orgulho agora, que eu curo rapidinho escrevendo aqui, do que me fazer perder tempo com alguém que não merece minha atenção. Gente assim merece viver sozinha. Mas ele não precisa se preocupar... vida de velho solitário aqui na Alemanha é top de linha: tá cheio de asilos cinco estrelas por aí. Barato não é, claro, mas os aposentados aqui ganham relativamente bem.
Pensando bem... ele tá certo em evitar mulheres “caras” agora... tem que economizar pra pagar a casa de idosos logo, logo... afinal, já está nos “enta e tantos”. É, o tempo é carrasco, e quem não morre cedo, envelhece!
kkkkkkkk

Mexendo nas poucas fotos que tenho aqui comigo, encontrei algumas interessantes... já digitalizei várias. E hoje vai aqui uma de... vôlei! É, o vôlei me rendeu muitas histórias na vida. Essa foto é de 2000, ao final de um torneio-relâmpago entre Trombetas e Oriximiná. E espero que ainda renda muitas outras... quero virar “vovó” na quadra. Que fique claro que não sou nenhuma super jogadora, mas quando entro na quadra não é pra brincar, e sim jogar direito, mesmo que só por lazer. Não gosto de jogar onde o povo nem sabe dar manchete. Pena que aqui na Alemanha não tenho onde praticar... na verdade, não procurei direito ainda, porque certamente tem!
Vôlei
Eu estava na quinta série, e a educação física era fora do horário da aula. Morávamos bem longe da escola, e eu tinha que me levantar às 5h30 da madrugada, pegar dois ônibus lotados e ainda andar alguns quarteirões pra chegar lá às 7 horas – e eu não perdia uma! Só que terminava às 8h30, logo tinha tempo de sobra pra ir pra casa, tomar banho, almoçar e voltar antes da uma da tarde, horário de início das aulas.
Minhas irmãs também tinham que ir, mas em dias e horários diferentes. E o horário da educação física delas era mais tarde, então justificava que elas viessem pra escola e ficassem direto, almoçando por ali mesmo. Elas começaram a jogar vôlei, e logo foram chamadas pro time da escola. Ah... eu também queria! Mas como eu tinha que voltar pra casa, praticamente não tinha chance de treinar e jogar, de “aparecer” para os professores.
Eventualmente havia trabalho em grupo pra fazer, e combinávamos de encontrar na escola, mais cedo. Nesses casos, eu ficava direto: tomava um banho de gato no vestiário e comia na cantina. Foi aí que eu percebi qual era o caminho pra poder ficar mais vezes, e me “misturar” no treino dos times mirim e infantil: “mãe, tem trabalho em grupo pra fazer”... hehehe... É, nem sempre era um trabalho acadêmico de fato, mas que era sempre trabalho em grupo, isso era!
No ano seguinte, nos mudamos para mais perto da escola – ou seja, menos justificativa ainda para ficar direto, e o argumento de “tem trabalho de grupo” já não colava tanto como antes. Terminada minha aula de educação física eu ficava por ali, treinando os fundamentos sozinha no paredão. De tanto me meter a besta de ficar completando time no treino, fui chamada pra seleção mirim da escola. Depois disso eu passei a ter um motivo oficial pra ficar direto: não precisei mais inventar trabalho pra fazer.
Da sexta até a oitava série eu fiz parte do time do Brotero. Me dediquei muito ao vôlei... foi a época da “geração de prata”, quando o esporte ganhou notoriedade no Brasil graças à medalha de prata conquistada pela seleção masculina nas Olimpíadas de Los Angeles. Durante esses três anos participamos de muitos campeonatos, sobretudo as Olimpíadas Colegiais Guarulhenses. Mas nunca chegamos muito longe. Nosso maior rival era o Conselheiro Crispiniano, era quem normalmente nos tirava no mata-mata, em quartas-de-final ou semi.
Mas houve um campeonato em que as derrotamos... era a semi-final dos Jogos Escolares do Estado de São Paulo (JEESP), mas eu acho que só tinha escola de Guarulhos no torneio. Foi uma delícia ganhar delas... sentimento melhor só o meu Timão ganhando do porco de virada e goleada. Porém perdemos na final, ficando com a prata. Da fase escolar, essa é a minha única medalha do esporte que mais me dediquei.
É, jogue a primeira pedra quem nunca contou uma mentirinha qualquer pra própria mãe... sobretudo com propósitos nobres como eu!

Tenho muitas fotos de bicho, sobretudo do tempo que vivi na Amazônia. Minha câmera era minha fiel companheira de passeios e mesmo em casa, estava sempre pronta pra ação. Um dia flagrei um tucano comendo mamão no quintal do vizinho, nos fundos da minha casa. Fiz uma série de fotos do bicudo, porém a mais legal é essa. Acho que a mãe dele não o ensinou a comer de boca fechada... o cara tá comendo e a gente consegue ver a comida na boca, ou melhor, no bico dele...
Sentimento entra na DRE?
A mente dos homens é algo pra ser indefinidamente investigada... é impossível saber o que se passa na cabeça deles. Se você não dá logo de cara, tá fazendo doce; se dá, não é o tipo pra apresentar pra família... esse dilema não é novo.
O que me move a escrever hoje também não é novo, mas é algo que me incomoda severamente: associar relacionamento com dinheiro. A mentalidade do homem aqui na Alemanha é materialista demais pra mim... claro que deve haver exceções, mas eu ainda não encontrei. Aí entra outro dilema: se você se mostra independente, forte e decidida, os homens se assustam e se afastam, porque não suportam “concorrência”; se você se mostra frágil, mulher que deseja ser protegida, pensam que você quer só vida boa, ser sustentada e gastar a grana deles. E caem fora também.
É, sempre em pauta o vil metal... sentimento vira algo pra segundo ou terceiro plano. Aí eu pergunto: com a “contabilização” dos sentimentos, onde eles entram na Demonstração de Resultados do Exercício? Ativo ou passivo? Com amortizações ou depreciações? São vistos como lucro ou perda? Geram dividendos? Amor, por exemplo, pode ser enquadrado como investimento a longo prazo ou a fundo perdido? O respeito, entra em direitos ou obrigações? Os estoques de compreensão, são lançados onde? Ter uma postura sempre transparente é fato relevante? Harmonia pode ser tida como lucros acumulados? Lealdade é visto apenas como capital de terceiros? Uma não-conformidade sentimental é tratada de que forma numa auditoria contábil? É passível de auditoria por terceiros, tipo Ernst & Young ou PriceWaterhouse Coopers?
Tô escrevendo e rindo... porque nada disso faz sentido. Mas infelizmente a mentalidade de muitos por aqui é essa. Não existe aquela coisa de “vamos ficar juntos” assim, sem a fria análise materialista. E pouco interessa se você tem sua profissão, trabalha etc. Não há sequer diálogo, a outra parte fica matutando sozinha com as impressões superficiais que colheu e “conclui tudo”: você pode ser uma mulher “cara”, porque quer estudar, porque tem filho, porque comprou patins de € 20 no Ebay, porque tem uma bolsa Prada (de R$ 10,00)... nenhum argumento faz sentido, mas é a conclusão do materialista com quem você ESTAVA flertando. Estava, porque depois dessa, nem que venha a mim de joelhos... com essa cabecinha “zu kleiner”, tô fora. Eu não preciso de um homem pra pagar as minhas contas. Sou “macho” o suficiente pra cumprir minhas responsabilidades.
Na minha cabeça, sentimento não entra na DRE...
* “zu kleiner” é uma corruptela gramatical; o correto seria "zu klein". Em alemão, klein é o adjetivo que significa "pequeno". O sufixo "er" indica o comparativo de superioridade, ou seja, "kleiner" é algo como "mais pequeno". O "zu" é um advérbio de intensidade, com conotação sempre negativa, que signfica "demais". Portanto, dizer "zu kleiner" é exacerbar todas as noções de mesquinharia que se possa imaginar...

Massa de modelar é muito legal. Com ela a gente pode inventar mil coisas, ainda mais quando se tem uns acessórios pra fazer formas diferentes. Certa vez a minha criatividade estava em “alta”, e modelei as bandeiras do Brasil e da Alemanha. Em seguida modelei um prato de espagueti com tomate cereja e basílico fresco. Fica a pergunta... eu estava mesmo “criativa” ou estava com fome? Mas que ficou uma gracinha, ah ficou... massas... salve a cozinha italiana!
Dona Nenê, a Bárbara
Ela vinha ao seu terraço e gritava “Clélia, hoje tem macarrão com molho!”. Era a senha para eu subir. Morávamos no Belenzinho, numa casa térra de fundos (a frente era o local de trabalho do meu pai, que vendia pertences de feijoada para restaurantes no centro de São Paulo). E lá do fundo, tínhamos como vizinha a Dona Nenê, que morava na parte assobradada da casa. Ela era viúva, e morava com seu filho Nelson. Tinha um carinho danado por nós e sabia que eu adorava “macarrão com molho” (ela era filha de italianos, creio eu).
Eu subia, tomava banho lá na casa dela e jantava... ah, que delícia aquele macarrão com molho e queijo ralado... rigatone, fusili, espagueti, farfale – nomes que eu nem desconfiava que existiam, pra mim era tudo macarrão. Não fazia a menor diferença o tipo da massa, era sempre muito bom. Mas ela era muito ciosa comigo: me colocava um enorme guardanapo para eu não sujar a roupa com o molho, e fiscalizava meus movimentos, repreendendo quando eu fazia algo “feio”, como falar de boca cheia, por exemplo. Certa ela, eu estava aprendendo, tinhas uns 4 anos.
Nós mudamos do Belenzinho para a Penha, onde ficamos dois anos. Depois para uma chácara no Bonsucesso, em Guarulhos. Lá a Dona Nenê e o Nelson iam quase todo sábado, porque gostavam do contato com a terra, com o nosso pomar. Lembro que uma vez colhi um galho enorme, lindo, com mais de uma dúzia de laranjas-lima, e dei pra ela levar. Ela ficou muito feliz, e disse que ia ter dó de chupar as laranjas, porque como arranjo de mesa era mais bonito! Deu um trabalho danado pra apanhar, porque era um galho de ponta e eu, mesmo criança, já era pesadinha... mas eu consegui. Só que nunca mais vi nascer outro igual!
Dona Nenê era bárbara: uma pessoa amorosa e sempre disposta a dar carinho, amparo. Broncas também, se achasse necessário. Era como uma mãe pra minha mãe. E uma avó pra mim. Só que a gente cresce, vai assumindo novos papéis e responsabilidades... e eu quase não via mais Dona Nenê. Foi em Campinas, quando estava na universidade, que recebi a triste notícia da sua partida. Mas serviu de consolo saber que ela sofreu muito nos últimos tempos, portanto a partida lhe foi um alívio.
Só depois de muitos anos de convivência é que fui saber seu nome de batismo: Bárbara. Pessoas assim marcam a nossa história e vivem sempre no coração da gente, onde quer que estejam.
* Aviso aos navegantes: “Clélia” sou eu mesma. É meu segundo nome, e na esfera familiar só me chamam assim.
"Minha vida é andar por esse país, pra ver se um dia descanso feliz, guardando as recordações, das terras onde passei, andando pelos sertões e dos amigos que lá deixei"(Vida de Viajante – Luiz Gonzaga)
Olha eu aí, pedindo carona pra ir até Gravatá e Caruaru, em Pernambuco. É, mas dessa vez foi só pose pra foto... foi em julho de 2007, quando eu estava com amigos em Recife e fomos passear por lá. Gravatá fica a cerca de 75 km da capital pernambucana e 540m acima do nível do mar. Tem um clima bem agradável, com temperatura média de 22 graus, considerado pela Organização Mundial de Saúde como um dos cinco melhores climas para a saúde (fonte: Wikipédia). Não é a toa que o turismo e o setor imobiliário crescem bastante por lá: Gravatá tem o metro quadrado mais caro de Pernambuco e nos finais de semana em que ocorrem eventos, a população da cidade, de aproximadamente 70 mil habitantes, praticamente dobra.
Viajando de carona
Carona aqui na Alemanha é uma coisa normal e bem organizada... mas não gratuita. A gente entra no site, vê quem tá oferecendo carona pro destino que se quer, entra em contato por email ou telefone e combina. O preco é bem amigo, normalmente bem menos da metade do valor da passagem do trem. No Brasil não é assim... seria muito arriscado tanto pra quem oferece quando pra quem pega a carona.
Eu já fui chamada de doida várias vezes por diversos motivos. Mas uma vez ouvi de uma conhecida o seguinte: “levar fama sem proveito não tem graça!” Aí passou a fazer sentido, porque eu realmente fiz umas coisas muito na confiança mesmo. Confiança em Deus, ninguém mais, mas mesmo assim, doideira...
Por exemplo, em 1992 dedici que ia de carona de Belo Horizonte para Ponte Nova, um trecho de aproximadamente 240 km, passando por Ouro Preto. Até tinha o dinheiro pra passagem, mas queria viver essa aventura. Não consegui uma carona direta, foi um pinga-pinga, mas cheguei, sã e salva. Depois dessa que deu certo, outras vieram... repeti a dose no mesmo trecho mais uma vez, só que o destino final não foi Ponte Nova, mas sim Jequeri, a cidade do meu pai, que fica a 40 km além. Também cheguei tranqüila, depois de umas cinco caronas diferentes... é, a aventura foi também extenuante, mas valeu.
Depois que passei a ter carro, ficava pensando nas pessoas que pediam carona. E decidi retribuir algumas vezes, também no caminho da casa dos meus avós, em Minas Gerais. Levei estudantes de Juiz de Fora até Ubá. E outra estudante de Ervália até Viçosa.
Só que chegou um tempo que minha situação financeira estava bem ruim... minha filha estava morando com minha mãe em Guarulhos e eu só a via nos fins de semana, porque trabalhava em Campinas. Mas eu ia pra Guarulhos quando tinha dinheiro pra gasolina... o que nem sempre era certo. Então decidi que iria pra Rodoviária de Campinas e abordaria pessoas que se dirigiam ao guichê da Cometa, para São Paulo. Muitas agiam com desconfiança e se desviavam de mim, mas algumas me ouviam e aceitavam vir comigo, pagando a mim o valor que pagariam pela passagem. A gente saía dali e ia direto pro posto abastecer, e o dinheiro deles nem parava na minha mão – eles viam que era pra gasolina mesmo.
Precisei fazer isso muitas vezes, e sempre tive como companhia de viagem pessoas sérias e de boa índole – nunca tive problema. Sei que entre cidades grandes como Campinas e São Paulo isso é meio arriscado e perigoso, mas a necessidade falava mais alto. Mas Deus é bom demais... e sempre está por perto a proteger as pessoas que têm bons propósitos e reais necessidades.
Depois de conhecer o sistema de carona daqui da Alemanha, vi que sem querer pratiquei isso lá no Brasil... em 1996, há 12 anos!

Quem viveu em Trombetas vai ter história de lá pra lembrar a vida inteira... ainda mais se ama fotografia e não saía de casa sem sua câmera, como eu! Essa aí é de um dia em que voluntários se reuniram pra plantar árvores na antiga área industrial, que abriga escritórios de diversas empresas contratadas. Era um sábado, eu acho, e todas as pessoas que compareceram deram sua dose de contribuição. Até mesmo minha pequena, aí na foto de regata preta e bermuda rosa, fez uma força danada pra segurar a pesada pá e jogar terra no buraco. É, minha filha já plantou uma árvore!
Atropelei um carro!
Segunda-feira, 7 de janeiro de 1991: meu dia começou cedo. Eu trabalhava como temporária na Ford Indústria e Comércio, em Cumbica, Guarulhos, no setor de Exportação. E naquela segunda-feira eu tinha prova de vestibular: era a segunda fase da Fuvest que eu estava prestando pra Letras/Alemão. Meu plano era transferir meu curso de Jornalismo da PUC-Campinas para a PUC-São Paulo e, passando na USP, levar os dois cursos ao mesmo tempo. Mas não era pra ser assim...
Pois bem, pra poder sair do trabalho a fim de fazer o vestibular, eu tive que chegar bem cedo e passar o serviço pro pessoal que estava voltando do recesso de fim de ano. Cheguei às 5 da manhã, adiantei meu servico, passei as rotinas pros colegas e saí às 11 horas. Fui de carro, porque meu vestibular seria no Brás, bairro próximo ao centro de São Paulo – de transporte coletivo seria inviável.
Chegar ao Brás não foi problema. Nem encontrar o endereço do local da prova. Complicado foi achar um caminho que desse mão pra chegar na escola... perdi uns preciosos 15 minutos nisso, até que desisti e fiz uma manobra politicamente incorreta: entrei de ré na tal rua. Estacionei o carro bem em frente ao portão de entrada e atravessei (uma rua tranqüila, normalmente pouco movimentada) pra comer algo e comprar água para levar pra prova. Ainda havia uns 10 minutos antes de o portão ser fechado.
Eis que de repente vejo alguém no portão já o fechando! Agarrei meu lanche, deixei o dinheiro no balcão, gritei “depois eu pego o troco!” e atravessei a rua correndo. Mas havia um carro no meio do caminho, no meio do caminho havia um carro... crash! Atropelei o coitadinho!
Foi tudo muito rápido, mas eu não perdi a consciência, graças a Deus. Me vi caída no chão, com a perna visivelmente “torta” pouco acima do joelho, ou seja, quebrada mesmo, mas sem ferimento exposto ou sangue. E quase que na mesma fração de segundo, uma multidão ao meu redor, querendo ajudar.
Queriam me carregar feito saco de batata... ai meu Deus! Eu gritei “não, me deixa aqui”. Se me pegassem de qualquer jeito, eu poderia ter problemas, tipo atingir a artéria femural, expor a fratura... é, eu já tinha alguma noção de primeiros socorros. Mas como Deus está sempre presente, passava por ali naquele momento um bombeiro que, mesmo de folga, jamais abandona seu ofício de ajudar. Ele pegou uma tábua ali por perto, a fim de apoiar e imobilizar minha perna, evitando movimentos bruscos a ela. Logo chegou uma viatura da Polícia Militar, que me levou para o Hospital Municipal do Tatuapé. O calvário estava apenas começando...
Lá fiquei por mais de duas horas gemendo de dor largada sobre um leito... me diziam que não havia maca com rodinhas pra me levar pro raio X. Foi só minha mãe chegar e dar uns gritos que encontraram rapidinho uma... raio X, tração na perna e transferência para o Hospital Bandeirante, na Liberdade. Nessa “longa” viagem (do Tatuapé até a Liberdade) é que senti literalmente na pele como as ruas de São Paulo são esburacadas... ai que dor!
A história é longa... mas vou encurtá-la aqui: foram duas cirurgias, uma placa com nove parafusos (que ainda carrego comigo: sou uma mulher platinada!) e quase dois anos para me recuperar completamente. Meu maior medo era não poder mais jogar vôlei... mas graças a Deus joguei muito depois disso. E ainda vou jogar mais, mesmo com um centímetro a menos na perna esquerda.
Do ponto de vista emocional, muitas dores nesse período. Um dia conto mais...
Tschüß!
PS: escrevendo esse texto é que me dei conta de que nunca peguei o troco na lanchonete... era uma grana razoável na época, algo como dar R$ 50,00 para cobrar um misto quente e um refrigerante nos dias de hoje.
Um dia saí pra jantar com um amigo. Ele me perguntou o que eu queria comer – acho que ele conhece cada restaurante na cidade dele. Sugeriu italiano, chinês, japonês, iugoslavo... opa, fiquei curiosa. Perguntei o que era típico iugoslavo, e ele disse “carne grelhada”. “Então vamos lá”, disse eu. Pedimos um grelhado misto, e veio o prato, visualmente bonito e chamativo. Eu perguntei a ele se a pimenta era forte (é a coisinha verde entre a batata frita e o pimentão vermelho), e ele disse que não. Ainda assim, mordi a dita-cuja de forma bem comedida... santa precaução! Se aquilo não é forte pra ele, nem quero imaginar o que seja! Ah, a carne é só de porco, e o grelhado é tipo “hamburguer”. Gostei de conhecer, mas confesso que não morri de amores... em uma eventual próxima vez, vou optar pelo tradicional italiano!
"Pegou pra criar, foi?"
Uma amiga minha, que já há anos mora nos Estados Unidos, era o tipo de garota que só gostava de rapazes mais novos que ela. E eu vivia dizendo “vai trocar fralda” ou “pegou pra criar, foi?”. Pois é, um dia eu paguei minha língua. Porém não é sobre o meu caso que vou escrever, mas sim do que eu constatei depois dele.
Pelo que vivi nessa relação e em outras a posteriori, descobri que a idade apita muito pouco nessa questão de “criar”. Há homens que há tempos passaram dos 30, até dos 40, e ainda precisam ser “criados”. Sobretudo se for do signo de câncer, bicho que só anda de lado e se esconde na carapaça... kkkkkk
A relação dos cancerianos com a figura feminina é muito complicada. O homem de câncer é romântico, paternal e voltado à família OU conquistador nato, estilo Don Juan. Ou pior: uma combinação das duas características, o que pode parecer imcompatível, mas eu digo que já vi isso. Essa definição está em qualquer perfil astrológico do signo. No fundo, o que esses homens buscam é uma mulher que os poupe dos problemas da vida, pois, muito provavelmente tiveram forte influência materna desde a mais tenra infância, o que os conduz a muitas inseguranças em suas relações íntimas. Daí a minha afirmação de que a idade pouco importa... homens nesse perfil precisam de uma mulher que os “crie”.
Aí aparece o velho ditado: “filho a gente cria pro mundo” e assim foi com o meu: “criei”, então ele abriu asas e foi embora. Depois dele, outros (notem o plural) cancerianos cruzaram o meu caminho: acho que fiquei “cancerianamente magnetizada”! Só que não estou mais a fim de “educar” homens crescidos, apesar de eu amar desafios.
Porém acho melhor não dizer “dessa água não beberei”... vai que dá sede e não tem outra! Mas eu tô achando que se encontrar mais algum canceriano por aí que me venha com o papo “você é maravilhosa, mas difícil de se chegar perto”, vou sugerir logo no primeiro encontro que vá fazer terapia, porque embora eu seja boa ouvinte, goste de conversar e instigar o outro à alguma reflexão, não sou psicóloga... e esse tipo de homem precisa é de ajuda profissional!
Ciao!

Já contei na postagem do dia 13 de abril que fui pra Suíça, e que fomos passear numa montanha, cheia de neve e nevando (ai que frio!). Achei que só eu ia dar uma de doida, de querer fazer guerra de bola de neve, afundar o pé até a neve chegar no joelho... mas o que vi foi um bando de crianças até mais velhas do que eu tomando a iniciativa nas brincadeiras. E nessa farra de andar na neve fofa, sobrou pra mim: me desequilibrei e caí bonito! Porém, antes de me levantar, peguei minha câmera no bolso e a dei pra minha amiga – tinha que registrar aquela cena. Ser criança é bom demais... melhor ainda é guardar por toda a vida uma criança dentro da gente.
Utopia concretizada cria jurisprudência?
Essa pergunta surgiu na minha cabeça depois de ouvir uma amiga falar (na verdade, repetir) de forma taxativa sobre o que eu espero de um homem: “isso não existe”. Aí eu retruco com ela: “claro que existe, já aconteceu comigo”. Ela insiste em me dizer que eu preciso rever minha forma de idealizar um relacionamento, porque no seu modo de entender as coisas, o que eu busco não encontra respaldo na vida cotidiana.
Eu odeio cigarro e seus rastros; não sou a mais ordeira, mas não gosto de ver coisas espalhadas pela casa; não gosto de limpar chão, mas detesto pia suja – e lavo a louça na boa... ou seja, tenho algumas manias. Mas há coisas nas quais eu sei que posso me flexibilizar, mesmo não gostando, se o cidadão em questão assim merecer. Porém existe uma coisa da qual eu não abro mão, absolutamente: comunicação.
O cara não conversa, não fala de si, não se mostra... não dá. A comunicação não é apenas verbal, pode ser também em expressões corporais, atitudes, afinal, a não-verbal é muitas vezes mais poderosa e mais freqüente do que a verbal. É conversando, trocando impressões, que as pessoas se mostram e permitem que o outro as conheça em sua intimidade, em sua essência. E sem conhecer o outro, pra mim não rola. O problema é que hoje em dia as pessoas não têm tempo para dedicar a conhecer umas às outras. De novo esse assunto*.
Se utopia concretizada cria jurisprudência eu não sei. Mas continuarei acreditando que tudo pode acontecer, ainda mais quando o objetivo final for o amor e a harmonia entre dois seres.
Auf Wiedersehen!
* Veja aqui um texto já postado no qual falo sobre esse mal horroroso dos tempos atuais, a falta de tempo:
Time is money – a aceleração da vida
http://marinanoar.blogspot.com/2007/08/no-meu-texto-de-abertura-eu-comentei.html
Na Páscoa visitei amigos brasileiros na Suíça francesa, em Gland, uma cidadezinha situada perto de Genebra, às margens do enorme lago de mesmo nome. Num dos passeios, fomos pra uma montanha ali perto. Tava um frio danado, neve pra todo lado, lindo de se ver. Mas em algum ponto do caminho me senti chegando na capital mineira... um restaurante à beira da estrada tinha um letreiro escrito “Bel Horizon”... pensei comigo: “uai sô... cheguei em Minas Gerais e nem pircibi... i qui trem doido é esse sô... caiu umas letra e eles nem arruma!” kkkkkk
É, mas eu tava muito longe do pão de queijo... porém, o horizonte que se vê daquele local é realmente muito belo! Dali avista-se uma enorme extensão do Lago de Genebra, o Mont Blanc, um dos maiores maciços dos Alpes (mas que naquele dia infelizmente estava encoberto) e várias cidades que ficam na beira do lago – do outro lado já é França. Fiz uma montagem com duas fotos, pra ilustrar melhor o que descrevo aqui. Oui, c'est un bel horizon. Au revoir!
O “macho” da minha vida
Há algum tempo li o livro de crônicas do Arnaldo Jabor “Amor é prosa, sexo é poesia”. Entre diversos textos, inclusive o que serviu de inspiração pra Rita Lee compor a música homônima ao título do livro, tem um que se chama “O mundo de hoje é travesti”. Trata-se de uma visão bem realista de como a mulher deseja ser tratada, mas de como o mundo de hoje a obriga a ser. Afirma também que o mundo atual é essencialmente feminino, porém dirigido por homens boçais (essa foi muito boa... melhor ainda por ter sido escrita por um homem!).
Me identifiquei com aquelas palavras... tenho plena consciência de que há 13 anos, logo depois de me tornar mãe, tive que assumir o papel de “macho” da minha vida, por razões óbvias de quem se torna “pãe”. E descuidei completamente da mulher doce e meiga que existe em mim – sem perceber, a ocultei completamente nesse tempo todo. Homens detestam concorrência... têm medo de mulheres fortes. Isso explica o fato de eu ter tido tão poucos relacionamentos nesse tempo. O processo de autoconhecimento é lento... tenho me dedicado a isso nos últimos meses, e demorôôôô... descobri que quero voltar a ser mulher, urgentemente!!! kkkkkkkk
“Querer é poder”... se fosse tão fácil assim, eu já tinha resolvido essa parada. Mas tudo que demanda interação com outras pessoas (ou seja, 99,999999% das coisas da nossa vida) tem o ingrediente complicador de lidar com as emoções, desejos e medos explícitos e ocultos do outro. Se muitas vezes nem os nossos próprios estão bem claros e resolvidos, imaginem como fica o contato com alguém cheio de escudos, alguém que até tá cansado de ser sozinho, mas que se habituou a viver numa redoma e, por mais que queira, não consegue sair dela!
Várias amigas minhas declaram sua admiração por mim por meio de adjetivos como “guerreira”, “batalhadora”, “sensível mas pragmática”, “compreensiva mas às vezes incisiva demais”, “macho-de-saia”... às vezes acho que não sou tudo isso que me dizem... tenho meus medos, minhas dúvidas, meus altos e baixos... mas “macho-de-saia” infelizmente sou sim. E quero deixar de ser, mas já sei que isso não depende apenas de mim... é preciso que eu seja devidamente tocada em minha essência feminina para que a mulher venha à tona (o citado texto do Jabor diz, ainda que forma genérica, como isso pode acontecer).
Aí entra o dilema Tostines*: eu não consigo mudar porque não sou tocada, ou não sou tocada porque continuo sendo “macho-de-saia”? Complicado... mas o fato de eu estar consciente já ajuda um bocado. Verbalizar isso em alto e bom som me mantém firme no caminho da mudança. Mas ninguém é uma ilha... sempre precisamos de outrem para interagir, para corroborar as mudanças.
Paciência... tudo acontece devidamente a seu tempo. Pelo menos eu sei que tenho feito a minha parte.
Fuii!!!
* Dilema Tostines: é de um comercial de biscoitos de mesmo nome, que lançava a pergunta “Tostines vende mais porque é fresquinho, ou é fresquinho porque vende mais?”. Detalhe: essa pergunta nunca foi satisfatoriamente respondida.

Tanto tempo sem escrever... tanta coisa aconteceu... nesse período abriu-se um vazio imenso no meu coração, com a partida do meu pai... mas a vida segue adiante. Da mesma forma que seguiu desde essa foto (em algum lugar bonito do noroeste paulista, à beira de um rio, meu pai abraça suas três meninas, e eu até faço pose!) até os dias atuais. Aliás, é sobre seguir adiante o texto de hoje. É o 13° aniversário da minha filha... há muito tempo venho matutando sobre essa coisa legal que é ter filho. Às vezes acontecem coisas chatas quando o diálogo se esgota, como ter que brigar, falar alto, impor coisas... e eu odeio brigar, me faz mal. Mas no frigir dos ovos, o lado bom sempre prevalece.
Continuidade
Há exatamente treze anos eu entrava pro time das pessoas que recebem a graça de ter continuidade na vida. O dia 12 de abril de 1995 começou bem cedo, e às 9h22 eu virei “nós”. Naquele momento senti que a responsabilidade de receber um ser pra cuidar e orientar era muito maior do que a alegria que ele trazia. Mas ao mesmo tempo, a alegria de ver cada gesto, cada sorriso e cada choro daquela pequena criatura só alimentava mais o meu desejo de fazer valer a confiança que a Divina Providência havia depositado em mim. Eu já sabia que esse ser viria sem manual de instruções, por isso fui construindo a criação da minha filha a partir das experiências que eu vivi e que das coisas que via ao longo do caminho, colhendo as lições boas e descartando as ruins.
Nesse período recebi elogios diversas vezes por ter uma filha tão bem educada, interessada, bastante madura pra idade dela, sempre à frente da sua cronologia. Desde cedo eu procurei dar a ela uma noção de independência, porque sempre trabalhei fora e pensava que ela precisava saber fazer algumas coisas sozinha, como se servir à mesa, se trocar pra ir à escolinha... é, essa noção de independência foi crescendo... e hoje é preciso puxar as rédeas – a mocinha tá “acelerada” demais. Mas ainda assim acho mais fácil pisar no freio do que ter que empurrar!
Mas a continuidade... Ter um filho não é apenas “povoar o mundo”. Ter filho é o começo da própria imortalidade, é ter pra quem passar seus princípios, crenças e valores; é ver-se naquela pessoa, enxergando atitudes que você mesmo tomaria, e se orgulhando dela por isso. É ficar feliz por saber, ver e sentir que aquilo que se recebeu dos pais MAIS o que se aprendeu ao longo da jornada, de outras pessoas igualmente importantes (minha madrinha, amigas, amigos e até mesmo de desafetos, as chamadas “contra-lições”) segue adiante. É construir um ser melhor do que você mesmo, mas não uma cópia fidedigna sua, afinal, a individualidade é essencial para o ser humano. E a formação dessa personalidade única é algo que se molda ao longo do caminho, mas que precisa ter como base os princípios, crenças e valores que aprendemos de nossos pais na mais tenra infância.
Sei que a tarefa é perene... mas infelizmente nem sempre 100% aplicável no dia-a-dia, sobretudo de quem é “pãe” como eu. Eu também sou alguém em construção, que às vezes falha e precisa de apoio. Mas a responsabilidade de ser a continuidade do meu pai e de já ter a minha própria continuidade me dá forças pra seguir adiante. O legal é que às vezes esse apoio vem da minha própria cria... é, entre erros e acertos, sinto que meu saldo tá positivo.
Até breve!
Dias e noites brancas... é muito bonita a noite com neve... fica tão claro como se tivesse lua cheia. E ao amanhecer, a luz do sol (quando ele aparece) torna a paisagem ainda mais incrível. A natureza é muito sábia – as árvores não apenas “escondem” a vida dentro de seu tronco e galhos, como os tem fortes pra agüentar o peso da neve, que não derrete assim tão rápido quando as temperaturas permanecem baixas após a nevasca. Nessa época, o melhor lugar pra gelar a cerveja é o quintal! kkkk
Quem sou eu?
“Conhece-te a ti mesmo, e conhecerás o Universo”
(Sócrates, 470-399 a.C.)
Recentemente tenho feito algumas leituras bastante interessantes... não só do ponto de vista intelectual, mas sobretudo espiritual. Na verdade, as duas coisas se fundem, quando devidamente exercitadas na vida.
E com essas leituras tenho praticado mais assiduamente essa máxima de Sócrates. Claro que não é algo do tipo “eureca, descobri!”, mas sim uma percepção lenta e gradual das coisas que já sou e o que preciso melhorar.
Eu que sempre me julguei 100% tapada emocionalmente, percebi que a inteligência emocional é algo tão amplo e complexo... com essa leitura, notei que em alguns aspectos dela sou bastante avançada, sobretudo em empatia, compreensão do outro, gerenciamento de conflitos (e até mesmo como evitá-los), entre outras coisas. Percebi também que tenho plena consciência dos meus sentimentos, muitas vezes na hora em que eles ocorrem, mas sou fraca em lidar com eles de modo a me transformar emocionalmente para melhor.
O desenvolvimento da inteligência emocional começa na mais tenra infância, e suas marcas são levadas pela vida afora. Portanto, se o exemplo tido em família não tiver sido emocionalmente positivo na maior parte do tempo, ficam na criança marcas de falta de confianca em si mesma e nos outros, entre outras. Isso gera uma série de pequenos entraves na vida (todos de origem emocional) que podem se tornar grandes problemas, se não forem percebidos e combatidos. Mas a parte boa é que, o que talvez não tenha sido assim tão bom PODE ser modificado e reaprendido, e as conseqüências desse reaprendizado refletem diretamente na saúde emocional e, em seguida, na saúde física.
Não estou aqui falando nada que EU tenha descoberto... inteligência emocional é algo que pode ser nato, e se não for, pode ser aprendido. Mas demanda constante vigilância de nossos pensamentos, sentimentos, palavras e ações. O legal é que o ser humano é dotado da capacidade ILIMITADA de aprender, e quando está decididamente interessado em seu próprio bem-estar, é capaz de virar o jogo e cultivar apenas bons pensamentos, que conduzem a boas palavras, que por sua vez levam a boas ações.
Um bom começo é observar muito atentamente cada sentimento que se tem, e trabalhar a consciência para combater aqueles que não forem bons, sobretudo a raiva. Aliás, a raiva foi cientificamente constadada como sendo o mais pernicioso dos sentimentos, que tem uma capacidade imensa de influir na saúde física, levando as pessoas a problemas como hipertensão arterial e outros problemas do coração. Nesse ponto sou feliz, porque há muito tempo não sei o que é sentir raiva – para evitá-la, coloco a empatia em ação. Mas repito, não foi da noite pro dia... foi um processo de vigilância constante, que graças a Deus deu resultado.
Respondendo à pergunta do título, eu sou alguém que quanto mais aprende, mais tem consciência da própria ignorância. E quanto mais aprendo, mais desejo compartilhar o que sei, pois se tem feito bem pra mim, pode ser que venha a fazer bem para as pessoas ao meu redor.
Até a próxima!
Estive em Nürnberg com a Thaís em agosto do ano passado. Esse forte é do século XIII. No museu lá dentro, há várias armaduras em exposição, mas não é permitido fotografar. Muito interessante ver como os guerreiros de protegiam nas batalhas da época – em algumas armaduras, havia uma proteção extra para o escroto, cuidadosamente planejada para proteger a área de lazer... porém em outras, era fácil matar o cara enfiando a lança pela lateral, onde a armadura não era de ferro, mas sim de algo parecido com couro, para emendar a frente com as costas. Coisa de homem mesmo, que só pensa no corpo, esquece que é também sentimento, alma. É, a coisa não é de hoje.
O escudo que virou armadura
Um dia desses, conversando sobre coisas da vida com o namorado de uma amiga, ele disse algo que me fez pensar mais sobre minha forma de ser no tocante à relação com o sexo oposto: “se os homens agem sempre igual com você, o problema não está com eles, mas sim com você mesma”.
Não é segredo pra ninguém, sobretudo para as pessoas mais próximas a mim, que me conhecem a fundo, que eu sou “dura na queda” nessa área: simplesmente não permito que possa existir a possibilidade de alguém pisar na bola comigo.
(In)felizmente a vida fez com que eu me tornasse um ser duro (mas não insensível), determinado (mas não inflexível), que sempre precisou ser forte (mas não imbatível) em todas as circunstâncias. Desde o início da minha vida adulta, não me lembro sequer de uma ocasião em que pude me entregar ao choro e ao colo de alguém. Mesmo machucada, dolorida, sempre tive que me manter altiva e continuar lutando, por mim e por minha filha.
Tenho consciência de muito do que se passa comigo... quase tudo talvez. Em muitos pontos eu sei exatamente qual é o problema e sua origem, porém, não consegui ainda o caminho para resolvê-los. E sei também que mui provavelmente isso me atravanca. Nesse caso, ter consciência dói mais do que não tê-la.
Desde cedo me armei com um escudo para me defender. Nunca fui o modelo de beleza (física) que a sociedade impõe. Na escola recebia inúmeros apelidos desagradáveis, era alvo fácil de brincadeiras de todo tipo. Namorado na escola? Não, nunca tive. E qualquer um que se aproximasse de mim, eu já desconfiava que era pra bagunçar com a minha cara ou pra querer sentar perto de mim no dia da prova – simplesmente não acreditava que alguém pudesse se aproximar de mim com sinceridade e seriedade. Essa forma de agir é resultante do medo de se entregar, do medo de sofrer. Mas gente, quem tem medo de sofrer vive sofrendo de medo!!! kkkkkk É, é melhor rir do que chorar.
Com o passar do tempo, o escudo virou armadura. Está há tanto tempo aí... desconfio que os fechos já enferrujaram, o que dificultaria sua retirada. Mas graças a Deus existe substâncias desenferrujantes pra ajudar nessa tarefa – o lance é encontrá-las.
Minha filha sempre me fala que queria ser como eu, calma e tranquila, pois ela é “esquentadinha” e não consegue ficar sem revidar algo que a incomode. A vida me ensinou que a gente é melhor ouvida (e até compreendida) quando fala baixo, porque assim consegue falar direto ao coração. Portanto, mui dificilmente alguém vai me ver brigando, discutindo, falando alto para me impor. Esse não é o meu modo de agir, nem mesmo quando provocada.
Eu realmente sou uma pessoa fácil de lidar, desde que seja respeitada em todos os sentidos. A vida é como um espelho: eu faço com os outros da forma que eu gostaria que fizessem comigo. Mas não pise no meu pé... porque eu realmente sou muito boa, mas quando sou má, sou melhor ainda! As pessoas que experimentaram esse meu lado perceberam, tardiamente, a mulher de valor que existe em mim. O meu “ser má” consiste apenas em me fazer entender, normalmente em palavras escritas e MUITO assertivas, de forma que o outro perceba o quanto estava equivocado em relação à minha pessoa.
Reconheço que sou muito dura mesmo. Mas também sou muito suave, e gosto mais de mim assim. É só saber como lidar.