sábado, 5 de julho de 2008

“Sejam realistas, exijam o impossível”


O que inspirou o texto de hoje foi essa frase, que li no orkut de uma amiga... e acabei encontrando uma conexão interessante entre essa frase e minhas andanças vida afora. Pra ilustrar, um dos cartões-postais mais visitados de Munique, a Frauenkirche (ao pé da letra, Igreja da Mulher). Em dias claros, suas duas imponentes torres de quase cem metros de altura com abóbadas esverdeadas podem ser vistas de praticamente qualquer ponto da cidade. Ela foi severamente bombardeada na Segunda Guerra, mas quem a vê atualmente não imagina que ali havia praticamente escombros em 1945. Lá dentro há uma exposição permanente das fotos do pós-guerra, nas quais só se reconhece a construção pelo esqueleto – é impressionante ver o estado em que ela ficou. Pra mim ela é um cartão-postal que já faz parte da paisagem. Mas que continua imponente, ah, continua...


“Sejam realistas, exijam o impossível”
(Soyez réalistes, demandez l'impossible)

Li essa frase no perfil do orkut de uma amiga (não sei o autor) e adorei, por um simples motivo: na ótica da maioria dos meus amigos e amigas, eu sou uma utopia ambulante, que vive querendo “o que não existe”. Pois bem, é por querer “o que não existe” que eu me coloco a trilhar caminhos novos, diferentes, e muitas vezes acabo conseguindo aquilo que todos diziam ser impossível.

Uma amiga fez um comentário aqui no meu blog, nos textos sobre a boneca dos meus sonhos (a Anda Nenê) que no fundo, a minha admiração era justamente por ela andar... algo que eu ainda faria muito na vida – e de fato, é só o que tenho feito. Achei muito procedente o comentário... ainda não tinha pensado dessa forma.

Mas esse instinto “andarilho” tá no sangue. Meu pai nasceu no interior de Minas Gerais, na década de 40 do século passado, onde mal havia rádio e as notícias demoravam horrores pra chegar. São Paulo era algo tão distante não apenas geograficamente, pois a distância era relativamente muito maior que hoje em dia, em função da precariedade do transporte existente, como também psicologicamente: para muitos ali, São Paulo era algo “impossível” de se alcançar. Sabia-se apenas que era uma cidade grande e cheia de oportunidades, mas poucos ali daquela região haviam ousado desbravá-la.

Meu pai foi um deles: deixou aquele interior pra trás, aos 17 anos, encarou três dias de uma “sacolejante” viagem de trem, passando pelo Rio de Janeiro, até chegar no seu destino. Como ele sempre contou, no dia seguinte à sua chegada, já estava trabalhando: não tinha tempo ruim pra ele. Trabalhou muito, constituiu família, deu aos filhos condições melhores de trilharem seus próprios caminhos... em diversas ocasiões foi muito cabeça dura sim, mas no frigir dos ovos, há muito mais o que reverenciar do que o que criticar. É, esse homem foi realista, sempre exigiu dele mesmo e da vida apenas o impossível.

Ser sagitariana como ele certamente deu algum impulso a esse espírito desbravador, essa mania de querer sempre mais, de estar em constante busca pelo novo. Não que eu seja uma eterna insatisfeita – muito pelo contrário, agradeço a Deus por tudo que sou e tenho, e faço isso a qualquer momento do dia, o tempo todo. Mas estou sempre de olho lá na frente, em o que há por descobrir, por conquistar.

Isso posto, vejo que pretendo continuar sendo realista, ou seja, exigindo de mim e do mundo que me cerca nada além do impossível, afinal, ele só existe na cabeça das pessoas de pouca visão. Só que para exigir o impossível, é preciso estar disposto a andar. Porque a vida é movimento, e só avança verdadeiramente quem tem os olhos cravados no horizonte e segue em direção a ele, porém bem atento a onde pisa, para garantir que vai alcançá-lo sem problemas no percurso.

Beijosssss

2 comentários:

Ana Beatriz Frusca disse...

A principal pauta de nossas vidas não pode ser conformismo, para quem tem sede de viver muito é muito pouco.
"...Cada alma é pássaro voando com as asas do pensamento..." (Tagore)

O que vale na vida não é o ponto de partida e sim a caminhada.
Caminhando e semeando, no fim terás o que colher.
Cora Coralina

Vivendo e buscando, nem sempre acertando em nossas buscas e em nossas escolhas, mas não é isso que importa, e sim se manter íntegra, pura, e assim querida, você permanece.
Beijos.

Unknown disse...

olha eu de novo,
depois dizem que experiência de outras pessoas não serve pra gente. eu acredito no contrário, ainda abre os nossos olhos para o horizonte e vejamos como a aguia, ou seja, uma visão visionária, mas sem Deus o impossível é muito mais dificil de se conquistar, pode acreditar nisso....
beijos
nega