quarta-feira, 22 de agosto de 2007

“O que é que você quer?“


Uma paisagem de Zurique (Suíça):

o Rio Limmat, que "nasce" a partir do Lago de Zurique. Com águas cor de esmeralda, é um belo cartão postal da cidade e uma das paisagens que vi na semana passada.
Mas vamos ao texto de hoje.





“O que é que você quer?“

Um dia desses alguém me fez essa pergunta. “Alguém“ do sexo masculino, diga-se de passagem, provavelmente querendo saber se o que eu quero vai ao encontro ou de encontro ao que ele quer. “Porque, aos 36 anos, provavelmente essa mulher sabe o que quer“, deve ter pensado ele.

Confesso que faço essa pergunta a mim mesma com freqüência, e sempre sei a resposta. Mas naquele momento me senti incapaz de responder ao referido cavalheiro. Dois dias depois, após muito refletir, eu disse a ele que o que eu quero talvez fosse complicado de explicar, mas o que eu não quero era simples e fácil de dizer. “O que é que você não quer então?“, perguntou ele. E eu prontamente respondi: “São duas coisas: eu não quero ficar sozinha pra sempre e eu não quero depender de alguém“. Ele ouviu e calou. Não sei se entendeu ou se a dúvida da primeira pergunta continuou. Só sei que sou grata a ele pela pergunta que me fez.

Depois disso, passei a pensar mais amplamente no que eu quero. Digo mais amplamente porque sempre me pergunto isso e a resposta a que chego é “quero ser feliz“. Mas aceitar essa resposta como plena pressupõe que eu não seja feliz, e isso não é verdade. Não querer ficar sozinha, do ponto de vista emocional, é bastante fácil de entender. Mas não querer depender de alguém pode ter no mínimo duas interpretações. A primeira é não depender materialmente – mas sem radicalismo, pois não vou ficar disputando com um homem pra ver quem ganha mais. A segunda, não depender emocionalmente – aqui não cabe negociação. Paradoxo? Para alguns, pode ser.

Fui criada pra ser mulher independente. Meu pai sempre nos instruiu para que estudássemos, tivéssemos profissão, trabalhássemos e não dependêssemos de homem. Acho que levei isso tão a sério que fiz uma produção independente, ainda que acidental – minha filha tem hoje 12 anos e é minha maior motivação nessa vida. Mas vamos à vertente emocional da dependência. Eu não posso permitir que a minha felicidade dependa de alguém que não eu mesma: é algo importante demais na minha vida para estar fora do meu controle. E também não posso deixar que minha felicidade dependa das coisas que ainda não tenho – viver assim é cultivar a própria infelicidade. Portanto, para estar com alguém, eu preciso não ter necessidade dessa pessoa ao meu lado, pois dessa forma a convivência se torna um prazer, e não uma obrigação.

Pois bem, Marina, mulher solteira, interessante, madura, boa formação profissional, cheia de saúde, com família, amigos, uma filha maravilhosa... não, jamais poderia dizer que não sou feliz. Dou sim minhas cabeçadas aqui e ali, mas isso não tira em nada o brilho da minha caminhada. Então, qual o contexto da minha resposta “quero ser feliz“? Que felicidade é essa que eu penso que ainda não tenho? Seria alguém para compartilhar a vida? Pode ser. Porém, será que isso vai mesmo me fazer mais feliz do que já sou? Outra boa pergunta, porque se não for para somar coisas boas à minha vida, é óbvio, eu não quero!

Eu quero apenas uma vida normal. Família, casa, trabalho, amigos, lazer e alguém com quem compartilhar tudo isso e com quem eu possa construir algo mais. Alguém que, quando e se vier, que venha trazendo mais serenidade, paz de espírito, harmonia, pois já é decisão firme na minha vida afastar tudo e todos que possam vir a atrapalhar o meu equilíbrio pessoal e a minha paz interior.

Viram só? No fundo, é mesmo simples a resposta. Viver isso é que pode ser complicado para alguns... mas pra mim também é simples. Tão simples, tão cotidiano que nem sempre consigo explicar...

bjsssssssssss

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