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| 5 de setembro de 1889: começa a história de um Gallet que não fazia ideia do quão longe iria |
sexta-feira, 14 de junho de 2019
A saga da cidadania: os laços de sangue
quinta-feira, 13 de junho de 2019
Entre a fome e o desconhecido, a esperança
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| Eugenio Tobia Gallet e Maria Valentina Sclauzero, meus tataravós, que saíram da Itália em 1896 com seus seis filhos rumo ao Brasil |
quarta-feira, 12 de junho de 2019
Ancestralidade: as nossas origens
| A conquista foi celebrada com um Valpolicella maravilhoso! |
sábado, 20 de abril de 2019
Óuspirdici!*
#trabalho
#respeitoaotrabalho
#valoresdefamilia
#feriasnaroça
#marinanoarblog
#lifestories
#storytelling
#vivendoeaprendendo
#historiasdevida
sábado, 13 de abril de 2019
O convite
O bichinho da corrida me picou!
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sexta-feira, 5 de abril de 2019
Marina No Ar de volta ao ar!
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Marina No Ar, mas com os pés bem firmes na vida real!
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Escrever e blogar, é só começar
Cultive hábitos fora de moda: é super elegante!
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sábado, 10 de julho de 2010
Sobre estar pronto
Da viagem do Coral EmCanto para o Encontro de Corais de Empresas em São Lourenço, Minas Gerais, em maio de 2003, o que mais me impressionou foi a acústica da Catedral de Bambus. Quando vimos no programa o nome do local da apresentação, pensamos numa igreja ou algo assim. Ao chegar lá nos deparamos com um local aberto e nossa reação foi “puxa, a platéia nem vai ouvir direito”. Ledo engano: a área tem esse nome porque tem uma acústica fantástica, que pudemos comprovar ao assistir outros corais cantando. Na foto, nós, do Coral EmCanto, clicados por Carol Reis.
Sobre estar pronto
É muito comum ouvir mulheres e homens falando que não estão prontos para um relacionamento, para ter filhos, ou pra qualquer outro passo mais decisivo na vida. Mas do que se trata esse “estar pronto”?
Eu penso que estar pronto é estar consciente dos prós, mas sobretudo dos possíveis contras de uma decisão, e ainda assim bancá-la. É querer provar o desconhecido, com o cuidado de não perder o chão sob os seus pés. Talvez requeira coragem, ousadia, cara-de-pau ou coisa do tipo, atributos que não estão presentes em todo indivíduo. Não pensar demasiadamente também pode ajudar, certamente, porque ao pensar demais, fica-se imaginando coisas que podem dar errado, mas na verdade só dão errado na cabeça dos que cultivam o pessimismo e só conseguem ver o lado ruim da vida.
Ser mãe ou não ser? Essa pergunta eu não tenho como responder, pois virei mãe “na marra”, ou seja, sem pensar ou programar, embora tivesse essa vontade “para um dia no futuro”. Mas no momento que me descobri grávida senti que eu possuía o que era necessário para essa nova tarefa que a Mãe Natureza me confiava, ou seja, estava pronta. E essa sensação foi se renovando a cada novo desafio apresentado durante o processo de criação e educação – ainda em curso, claro.
Uma amiga minha, casada há 6 anos, terminando a faculdade agora, está em dúvida se engravida ou não. Logo ela, que há 3 anos brigava com o marido porque queria ser mãe e ele não queria filhos na ocasião. Agora diz que não se sente pronta, pensa que não vai ter paciência, que não se vê “mãe”, carregando filho pra lá e pra cá, escola, natação, dança, pensa em como vai ser trabalhar e cuidar de criança etc. Pensa, pensa, pensa... e o interessante é que agora o marido quer o filho. Estar pronta para ser mãe é algo que, no meu caso, veio automaticamente com a gravidez
“Estar pronto” para um relacionamento é querer ter alguém ao seu lado, mesmo com todos os eventuais defeitos do parceiro – afinal, cada qual tem os seus. É querer compartilhar os momentos, dos mais banais aos mais especiais. É valorizar as afinidades e minimizar as imperfeições. É querer criar algo novo a partir de duas personalidades. Claro que podem existir feridas recentes no coração de um ou outro que venham a obstruir um pouco essa vontade (de estar/ficar junto). Mas quando essas feridas são constantemente mencionadas como motivo do “não estou pronto”, pode-se abstrair duas hipóteses: [1] essa pessoa precisa de anos de terapia pra ficar “pronta”, com o risco de ainda não ficar (portanto, caia fora dela), ou [2] ela não te quer (caia fora também).
Mas se você for como eu, um ser com uma paciência (quase) inesgotável, consciente de que também os homens têm seus períodos de humor instável e às vezes insuportável, análogos à TPM feminina, não vai pensar muito no assunto. Vai falar alguma coisinha, não no estilo “curta e grossa”, mas sim “sucinta e bem no alvo” e se retira de campo. Para o intervalo, claro. Isso alivia e, no mínimo, coloca o cidadão pra refletir. Normalmente dá resultado, mas na maioria dos casos, a passo de tartaruga... bem, melhor assim do que nada.
Portanto, “estar pronto” para algo é simplesmente QUERER essa coisa a partir do momento que ela se apresenta no seu caminho e agir firmemente para realizá-la.
Eu estou sempre pronta para tudo o que eu quero. E você?
quinta-feira, 3 de junho de 2010
Certezas (2)
Certezas que nesse período de abandono da escrita me fizeram amadurecer... entender melhor que nem todos estão no mesmo tempo, mesmo que as almas estejam juntas há tempos.
Certezas que, paradoxalmente, me ajudaram a tomar decisões que custaram a minha própria morte, com consequente renascimento (graças a Deus!), porque o tempo não para.
Certezas de que há sempre um novo caminho a trilhar, mas pra ser trilhado depende de se deixar algo pra trás... porque toda escolha implica necessariamente uma renúncia.
E a melhor certeza de todas: a de que quando Deus nos tira algo que muito desejávamos ter, é para deixar nossas mãos livres para receber algo bem melhor!
E vamos adiante!
domingo, 2 de novembro de 2008
Certezas
Um dia desses ganhei uma sacola de nozes frescas, colhidas no quintal de uma amiga da pessoa que as ofertou a mim. Eram muitas, então decidi fazer um bolo. Só que a maioria das receitas de bolo de nozes são complicadas, e eu queria algo simples. Encontrei uma bem fácil, e o resultado ficou maravilhoso e delicioso (foto). O sabor das nozes picadas espalhou-se por toda massa fofinha do bolo. Nessa semana repeti a receita, mas fiz com avelãs moídas. Também ficou maravilhoso!
PS: Feliz aniversário, Cláudia!
Certezas
“Te tenho com a certeza de que você pode ir
Te amo com a certeza de que irá voltar
Pra gente ser feliz...“
(Jota Quest)Estou numa fase espiritualmente tão boa na minha vida, que nunca dantes minhas
certezas foram tão plenas, tão tranqüilizadores e condutoras de uma paz interior inigualável. Certezas que vão desde o que sinto, o que escolhi pra mim, o que tenho feito e o que ainda planejo fazer. Certezas que, ainda que não expressem exatamente o que eu um dia desejei, têm me conduzido a uma ratificação constante da minha crença no bom, no belo e no verdadeiro. Estou vivendo, mais do que nunca, a máxima “quem planta colhe”. E isso me estimula ainda mais a continuar semeando coisas boas pelo caminho.
Algumas pessoas ao meu redor não conseguem compreender a extensão do meu bem-estar, acham que eu posso estar me enganando e chegam a temer que eu sofra em função de uma dessas certezas. Mas a coisa é tão bela, tão pura e tão liberta de sentimentos mundanos que não tem como sofrer por conta dela. Sem chance mesmo. O Grande Pai tá no comando. Não há porque ter receio.
Ontem passei por uma prova que confirmou ainda mais tudo isso. Embora os olhos dissessem enfática e continuamente uma coisa (que vem totalmente ao encontro da minha certeza), as palavras disseram outra (o que me é completamente compreensível, em função dos últimos acontecimentos). Isso porém, sem fechar a porta. Logo, o tempo fará sua parte.
É claro que eu continuarei a fazer a minha, que é simplesmente permanecer em constante contato cósmico. Não dá pra simplesmente sentar e esperar, pois a vida segue seu rumo, avançando a cada amanhecer. Há que se confiar, mas para isso, é preciso agir. Não há como acreditar em conseguir algo se não agir na direção desse objetivo. Só que as ações nem sempre são visíveis e/ou palpáveis. Aliás, as ações mais poderosas não são mesmo.
No final, uma resposta que não mais era esperada e o convite a uma leitura instigante: isso já deve estar causando algum abalo. Mas pra fazer efeito, só com o tempo mesmo.
“Eu espero por você, o tempo que for, pra ficarmos juntos mais uma vez” (Jota Quest)
É isso aí.
terça-feira, 21 de outubro de 2008
Was willst du? / O que você quer?
O auge do outono já foi... as árvores já estão mais peladas do que com folhas, e as poucas que ainda se seguram nos galhos semi-expostos já não têm as cores firmes. Mas ainda assim vale colocar aqui essa foto linda tirada ao lado da estação daqui de Germering, no início desse outubro dourado.
“Was willst du?” / “O que você quer?”
E a pergunta me persegue...
Ouvi essa pergunta novamente há alguns dias. Refletindo bastante sobre os contextos, cheguei à conclusão de que a objetivo dessa pergunta não é necessariamente saber o que o outro quer, mas sim projetar o que se quer na intenção do outro.
Explicando melhor: eu quero alguma coisa, mas não sei bem o que é. Então eu jogo essa pergunta, na (inconsciente) esperança de que a resposta da outra parte me ajude a saber o que eu quero.
Outra possibilidade é que você já sabe o que quer, mas tem um medo (também inconsciente) de assumir pra si mesmo isso. Então joga essa pergunta pro outro, de forma que se ele não quiser o mesmo que você, não vai doer tanto... afinal, a pergunta funciona como escudo!
Ah, na verdade, é tudo balela... se os dois sentarem-se frente a frente, olho no olho, a coisa se resolve em cinco minutos. Mas pra quem usa uma pergunta desse tipo (feita por conversa no telefone ou via mensagem no celular) pra se proteger... olho no olho pode ser algo muito perturbador!!!
E mais: penso que só se deve fazer essa pergunta a alguém DEPOIS que ela estiver devidamente respondida pra si mesmo.
Olha o divã aí, gente! A psicóloga aqui em mim vai entrar em ação!!!
hehehehe...
sexta-feira, 10 de outubro de 2008
Julgamento x compreensão
domingo, 28 de setembro de 2008
Sensações "inexplicáveis" / “Unerklärliche” Sensationen

Assim foi na Oktoberfest esses dias. Um grupo chegou perto de nós para perguntar como tínhamos conseguido cerveja, pois estávamos de pé, e normalmente servem apenas para quem está sentado a uma mesa. Só que antes que eu respondesse (em alemão, porque nesse idioma me perguntaram), um dos homens do grupo apontou pro meu pescoço e disse “olha, o brasão do Corinthians... você é brasileira?”
Resumo: o cara é diretor de futebol de 11 a 13 anos do Timão. E me deu uma camisa oficial novinha, que fui buscar no hotel dele no dia seguinte.
Salve o Corinthians!
PS: o outro pingente é minha menina, já grandinha, Luísa.
PS2: hoje é curtinho o post... com tradução lá embaixo.
“Unerklärliche” Sensationen
Sie waren zusammen seit kurzer Zeit, und es war das erste Mal, dass sie gemeinsam flogen. Kurz nach dem Abflug hielt er ihre Hand fest und sagte:
- Ich habe den Eindruck, dass ich das mit dir schon erlebt habe...
**********
Und das Lied, wie immer:
“... und wenn die Zeit kommt, kehrst du zurück, da unsere Liebe über allen Sachen dieser Welt steht” (Noch einmal - Jota Quest)
http://www.youtube.com/watch?v=kvFjaxdpKY4
Sensações “inexplicáveis”
Estavam se relacionando há bem pouco tempo, e era a primeira vez que voavam juntos. Logo após a decolagem, ele segurou forte a mão dela e disse:
- Tenho a impressão de que já vivi isso com você...
**********
A música, sempre uma música:
“... e quando a hora chegar, volta... que o nosso amor está acima das coisas desse mundo” (Mais uma vez - Jota Quest)
sábado, 2 de agosto de 2008
A pior semana da minha vida

Um dia desses, lendo um dos blogs que já estão nos meus “favoritos”, me peguei a pensar sobre o medo. O amigo blogueiro escreveu sobre os dele, fazendo uma lista. Refleti muito sobre o medo, e cheguei à conclusão de que o meu maior e talvez único medo seja o de perder a coragem de seguir adiante, de enfrentar as agruras da vida – ao mesmo tempo sinto que isso nunca vai acontecer, portanto, não tenho o que temer. Mas uma experiência eu passei... não me lembro de ter sentido medo propriamente dito, só que a dor foi inenarrável. O texto é bem longo, porém o relato do que vivi nessa semana não caberia em cinco parágrafos.
Procurando uma foto pra ilustrar, me deparei com uma que me lembrou do medo de ser picada por cobra ou aranha, embora eu saiba que a peçonha desses animais não é necessariamente a mais prejudicial ao ser humano. Essa coral apareceu na minha garagem num dia que eu estava voltando do mercado e tinha um monte de coisas no carro pra descarregar. Ela tinha uns 15 centímetros e, segundo o bombeiro que a capturou, era uma “falsa-coral”. Eu é que não ia dar mole para aquela miniatura de serpente em plena selva amazônica!
A pior semana da minha vida
Era um domingo de março de 2001. E como sempre, ela entrava cedo em meu quarto, pois acordava segundo o relógio biológico e queria brincar. E eu queria dormir... e a colocava pra correr. Tantas vezes fiz isso... tantas vezes ela voltou pouco depois com meu café da manhã, arrumado à sua moda, em uma bandeja... mas naquela manhã ela não retornou. E eu nem dei falta, pois dormi novamente.
Quando me levantei, a vi prostrada no sofá, queimando em febre. Havia um leve inchaço avermelhado atrás da orelha... levei-a imediatamente pro hospital. Deram remédio pra baixar febre, disseram “parece caxumba”, mas o estranho é que ela já era imunizada contra parotidite. Como poderia ser? Voltamos pra casa e ficamos de molho o resto do dia.
Na segunda-feira ela já estava melhor e foi pra escola normalmente. E eu fui trabalhar. Porém na hora do almoço ela estava febril de novo, o tal edema atrás da orelha tinha aumentado e a pele ao redor estava enrubescida e quente: sinal de infecção. Retornamos ao hospital. Começou então a pior semana da minha vida.
Decidiram internar, embora não tenham dito exatamente o que era. Só disseram que precisava entrar logo no antibiótico endovenoso, que conteria o avanço da infecção de forma mais eficaz. Mas punçar uma veia nela... ah, ela era avessa à agulha. Ainda é, porém agora é mais “controlável”. Tinha apenas 5 anos, mas foram necessários quatro adultos para segurá-la, além da enfermeira que pegou a veia. Em seguida teve início a terapia antibacteriana de seis em seis horas. A pediatra não deu nenhum diagnóstico, porém o anestesista, Dr. Jorge, tentou me tranqüilizar dizendo “é linfoadenite, fazendo o antibiótico direitinho resolve”. E eu ia lá saber que bicho era esse?
O antibiótico entrava por ali, naquele “caninho”, como a gente falava pra ela. Mas era criança, inquieta... e perdia a veia com muita facilidade. Nos quatro primeiros dias de internação, foi uma veia por dia – e o mesmo drama para pegar uma veia nova. Eu conversava, falava que precisava de um novo “caninho”, ela concordava, mas quando a agulha chegava perto, ela gritava, se debatia e se encolhia. Então eu tinha que endurecer, falar grosso, até gritar com ela... e claro, segurá-la com muita força, com a ajuda de outros adultos. Em seguida, saía do quarto, abraçava o primeiro ser humano que estivesse no corredor e chorava.
Embora ela tenha começado no antibiótico logo no início da internação, a infecção ainda avançou por 3 dias, deformando o rostinho dela de uma forma horrível. A pediatra vinha todos os dias, eu perguntava o que era, e ela não dizia abertamente. Só dizia que estava sob controle. Raios! Com minha filha transformada num monstrinho, como é que a coisa poderia estar “sob controle”? Mas ela estava bem, tagarela, ativa. E quando ia escovar os dentes, eu não podia impedi-la de se olhar no espelho. No auge da infecção, ela olhou no espelho e me perguntou: “mamãe, eu vou ficar feia assim pra sempre?”. “Claro que não filha”, eu respondi.
Linfoadenite... aquele nome ficou na cabeça, e só no quarto dia de internação é que a pediatra confirmou o diagnóstico: linfoadenite aguda, uma infecção nos gânglios linfáticos, responsáveis pela defesa do organismo contra ataques bacterianos (eles situam-se na parte inferior do maxilar, logo abaixo do queixo, bochechas e orelhas). Imagina essa região inchando, inchando até não se ver mais o pescoço... não, não queira imaginar. Era muito feio de se ver.
Nós tínhamos direito a quarto, e eu pude levar videocassete e os diversos filmes dela pro hospital, pra ajudar a passar o tempo. Eu mesma não podia ficar com ela o tempo todo, pois tinha que trabalhar. Durante o dia, havia sempre alguém com ela – ou a nossa empregada/babá, ou a professora dela, que sempre vinha à tarde para visitá-la, e que numa dessas visitas trouxe desenhos feitos pela turma toda, desejando que ela melhorasse logo. Assim que saía do trabalho ia pro hospital, e ficava com ela até o dia seguinte. Também começamos a planejar a festa do 6° aniversário dela, que seria em abril.
Paralelamente, havia naquela semana uma demanda especial para o nosso departamento: o recém-empossado diretor de finanças havia me incumbido de organizar uma festa de despedida para o antigo diretor, que se aposentara depois de 43 anos de trabalho na empresa. Essa demanda me foi passada ANTES da minha filha ficar doente, mas mesmo com ela no hospital eu continuei com a responsabilidade de coordenar a organização – era um trabalho em equipe. Em princípio, eu deveria estar na festa, num sábado à noite, para fazer o cerimonial. Porém eu disse às minhas colegas que só iria se minha filha melhorasse, portanto, seria bom que alguma delas se preparasse para ser a mestre de cerimônia. Mas a resposta que recebi na mesa de reunião não foi nada compreensiva... tipo, “você é que tem que fazer isso (o cerimonial), a gente não sabe”. Apoio e compreensão total, como se vê. Pudera, ali nenhuma delas era mãe, não poderiam jamais imaginar o que eu estava passando.
A partir do quarto dia é que a infecção começou a ceder, e o inchaço no pescoço foi diminuindo lentamente. Com isso, a pediatra decidiu fazer o antibiótico via oral, para poupá-la de ter que achar uma nova veia a cada dia. Ufa... um sufoco a menos. A deformidade foi dando lugar à normalidade, porém uma bolota teimava em não ir embora do pescoço. Segundo a médica, era um abcesso que havia se formado ali porque o corpo não tinha sido capaz de eliminar todo o pus da infecção. E para retirar, tinha que operar. “Um procedimento bem simples”, disse a cirurgiã-geral.
Minha pequena estava sempre ligadíssima nas conversas. “Como assim operar? Tem que cortar o meu pescoço? Eu não quero! Vai doer”. Então teve início outra luta: a de convencê-la que era preciso tirar os “bichinhos” que haviam ficado ali naquela bolota. Fizemos a encenação diversas vezes, começando pelo “cheirinho” que o médico colocaria no nariz dela e que a faria dormir, de modo que ela não sentisse dor. Aí, um cortezinho no pescoço, depois costura e pronto! Mas era só eu colocar a mão bem de leve no pescocinho dela pra ela me dizer “tô sentindo a sua mão, vai doer”.
Chegou o sábado, dia da festa de despedida do diretor. E não teve jeito: tive que ir e fazer o cerimonial. Ninguém abraçou essa tarefa por mim. O próprio homenageado falou comigo: “estou sabendo que sua filha está internada desde segunda-feira. Por que você veio aqui hoje?” Perguntas sem resposta.
A cirurgia estava marcada para o domingo. Vesti a roupa esterilizada, entrei no Centro Cirúrgico e fiquei ao lado dela. Mas ela estava tão tensa que foram necessários quatro adultos para segurá-la a fim de conseguir entubar. Não teria como ser outra anestesia senão a geral, e ainda assim demorou uns 5 minutos até que ela parasse de se debater em nossos braços. Nesse momento eu saí da sala. E fiquei chorando do lado de fora.
Foi realmente rápido. Menos de uma hora depois ela já estava de volta no quarto e já dava sinais de retornar da anestesia. “Eu não disse que ia ser rápido e que não ia doer?” Não tinha jeito: alguma coisa ela sentia, e por isso não concordava comigo. A cirurgiã-geral veio logo depois, comentou que havia muito pus mesmo e que o material seria enviado para análise, mas que provavelmente o bicho era um tal de Stafilococo, uma bactéria muito comum em infecções daquele tipo.
No dia posterior à operação tivemos alta e fomos pra casa, depois de uma semana no hospital. Ainda era preciso continuar com o antibiótico por cinco dias, além de cuidar da ferida operatória no pescoço. A pediatra recomendou Povidine para a assepsia do local. Só não sabíamos que minha pequena era alérgica a iodo... ai meu Deus! No dia seguinte a região do pescoço estava toda vermelha, com aspecto de queimadura, embora sem dor. E lá fomos nós pro hospital de novo... pomada para a alergia, e apenas água e sabão para limpar o corte.
Depois dessa semana difícil, tratamos de nos ocupar com algo bem legal: a organização da festa de aniversário de 6 anos, quando ela ganhou uma bicicleta nova e muitos outros presentes dos amigos.
Eu sempre soube que era forte, mas tinha consciência de que essa força deveria ter um limite. Nessa semana eu descobri esse limite, da maneira mais dolorosa possível. Não tem nada mais cruel do que ver alguém que amamos sofrer. Ainda mais quando esse alguém é indefeso, não tem consciência do que está passando. E o duro é ter que continuar sendo forte nesse momento, porque essa criatura precisa de você firme – se você fraquejar, ela fica mais indefesa ainda.
Nessa semana o que me valeu foi a sabedoria Adoniraniana*: Deus dá o frio conforme o cobertor, e eu sobrevivi, certamente mais forte do que antes.
E vamos em frente!!!
* trecho da música "Saudosa Maloca": "só se conformemo, quando o Joca falou, Deus dá o frio, conforme o cobertor..."


