sexta-feira, 14 de junho de 2019

A saga da cidadania: os laços de sangue

5 de setembro de 1889: começa a história de um
Gallet que n
ão fazia ideia do quão longe iria
 
Minha mãe teve bem pouco contato com o avô dela, o italiano que chegou ao Brasil em 1896. Nem o idioma foi preservado, pois meu avô João Galetti, pai da minha mãe, não falava italiano. Pudera, seu pai, meu bisavô Eugenio Gallet, chegou no Brasil com menos de sete anos, foi alfabetizado em português e provavelmente foi perdendo seu italiano, nem tendo a ideia de passar o idioma para seus filhos. Certamente havia coisas mais importantes para cuidar, como trabalhar duro para garantir a sobrevivência.

Pois bem, falando ou não italiano, o direito de sangue estava lá, porém era preciso comprovar os laços sanguíneos por meio de documentos oficiais. Desde que descobri que tinha direito, passei a frequentar fóruns sobre o tema, onde vi que para muitos a parte mais difícil era conseguir descobrir onde exatamente o antepassado havia nascido, pois os registros de chegada no Brasil diziam de maneira genérica “italiano” ou apenas a região da Itália de onde tinham vindo. Era preciso pesquisar em que região da Itália o sobrenome era mais frequente, e então escrever para as várias cidades daquela região, na esperança de que em uma delas a certidão de nascimento fosse encontrada.

Eu tive a grande sorte de ter um tio-avô vivo e muito lúcido, o Tio Luiz Galeti, que me passou com exatidão todas as informações sobre o seu pai, meu bisavô. Onde nasceu, com dia, mês e ano, quando e onde casou, e onde faleceu. As certidões brasileiras foram obtidas com certa facilidade, telefonando para os cartórios das cidades informadas pelo Tio Luiz e solicitando os documentos. 

Claro que tudo teve seu preço (as certidões, o correio com envio seguro), mas foi um investimento devidamente calculado. Já para solicitar a certidão de nascimento do meu bisavô na Paróquia de Aquileia eu contei com a ajuda de uma italiana para a qual eu trabalhava, que telefonou diretamente lá. Com os dados precisos fornecidos pelo Tio Luiz, a busca foi bem facilitada e em dez dias a certidão de nascimento/batismo chegou pelo correio.

Eu já tinha todas as certidões na mão. Qual seria o próximo passo? Traduzir, legalizar e dar entrada no consulado italiano em Munique. Parecia tudo muito fácil e rápido, em relação a tudo que eu havia lido em diversos fóruns sobre cidadania italiana. 

Pois é, mas como nada na minha vida havia sido fácil até então, a cidadania seguiu o mesmo padrão: a cidade de Aquileia, onde meu bisavô havia nascido, não pertencia à Itália na época do seu nascimento. Havia tudo voltado à estaca zero?

Comecei a estudar a história das guerras napoleônicas e suas consequências na Europa do século XIX. E descobri que sim, ainda havia um caminho para o reconhecimento da minha cidadania. Só não seria tão rápido quando inicialmente pareceu que seria. 

#cidadaniaitaliana
#cidadaniatrentina
#aquileia
#marinanoar
#marinanoarblog
#lifestories
#storytelling
#nevergiveup
#desistirjamais
#imperioaustrohungaro



Nenhum comentário: