quarta-feira, 12 de junho de 2019

Ancestralidade: as nossas origens

Brasileiro é resultado de uma mistura tão rica que muitas vezes procurar suas origens torna-se um desafio imenso. 

Pelo lado paterno, nossos nomes são 100% portugueses. Até aí, nenhuma surpresa, pois portugueses foram nossos colonizadores. Mas mesmo assim procuramos saber onde haviam nascido nossos bisavós, tataravós e seus pais. Resultado da busca: todos até seis gerações antes de mim haviam nascido na mesma região da Zona da Mata em Minas Gerais.

Já minha mãe é neta de italiano, isso eu já sabia, mas só em 2007 descobri que, mesmo sendo bisneta, quarta geração, ainda tinha o direito de sangue. Como eu já vivia na Europa, a possibilidade de se tornar oficialmente europeia fez a expressão “origens” ganhar um significado especial, e aí começou a saga da cidadania.

Tive a grande sorte de ter um tio-avô vivo e lúcido, que me deu preciosas e precisas informações sobre local e data de nascimento, casamento e óbito do seu pai, meu bisavô, o italiano que emigrou para o Brasil ainda criança, com seus pais e uma penca de irmãos e irmãs.

Com isso, a busca pelas certidões foi imensamente facilitada, inclusive a de nascimento lá na Itália. Mas obter a cidadania não seria assim tão fácil quanto inicialmente pareceu que seria. Meu bisavô havia nascido em uma cidade que na época das guerras napoleônicas pertencia ao Império Austro-Húngaro (a região conhecida como Trento/Alto Ágide), e assim ficou até o fim da Primeira Guerra, com o Tratado de Saint Germain. 

Só que meu bisavô emigrou em 1896, e como um apátrida. Oficialmente, ele não era nem italiano nem austríaco. Tinha nome italiano, falava italiano, mas no papel não era italiano. Porém, graças a uma instituição chamada Trentini nel Mondo, de italianos em diáspora mundo afora, foi criada uma lei que possibilitava o reconhecimento do antepassado como italiano e, consequentemente, o de seus descendentes. 

Resumindo, minha cidadania saiu, mas foi uma longa caminhada. Quando se tem residência oficial em outro país, é possível dar entrada no processo de cidadania no consulado italiano local. Por esse caminho, uma cidadania “normal” pode levar até três meses pra ficar pronta. Porém, o meu caso, também chamado de “cidadania trentina”, demorou mais de cinco anos para ser avaliado e eu ter a cidadania reconhecida por meio dessa lei especial criada para atender os descendentes de trentinos emigrados mundo afora. 

A conquista foi celebrada com um Valpolicella maravilhoso!
Mais do que ter um passaporte europeu, me interessava saber de onde venho, e o que levou um casal com seis filhos pequenos a sair de sua terra natal rumo ao desconhecido no fim do século XIX. Então decidi ir a Aquileia, e o que encontrei lá vai muito, muito além da minha ancestralidade: remonta ao Império Romano.

A seguir cenas dos próximos capítulos...

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