quarta-feira, 26 de setembro de 2007

Umsteigentreffen*


Em clima de Oktoberfest... trabalhando muito durante a semana pra poder me divertir no sábado! E domingo também, talvez...
xxxxx
Hoje peguei uma foto que tirei em 2005. Ela ilustra exatamente o local da história aqui narrada: a estação central de Munique - Hauptbahnhof.

Umsteigentreffen*

Estação normalmente é lugar de chegadas e partidas – percepções que foram eternizadas na música “Encontros e despedidas” de Milton Nascimento. Mas uma coisa diferente vem acontecendo por aqui.

A estação tem sido um lugar para beijar no intervalo da baldeação entre um trem e outro (lembrar que a estação central é ponto de conexão para vários destinos). E beijos nem sempre muito comportados, se considerarmos que são em público. É o que acontece quando não se tem tempo... os beijos ficam relegados às possibilidades de encaixe na agenda cheia dos “ficantes” – sei lá o que são essas pessoas uma pras outras.

Mas é a vida... certamente para alguns é melhor um “beijo de estação” vez ou outra do que nem isso ter. Ou então podem ser o tais encontros “de conexão” só um complemento para a vida amorosa agitada que já se tem: não se perde tempo nem na baldeação de um trem pra outro – tá sobrando uns 5 minutinhos, beija!

Visualiza a cena... o cara desce do trem, já pescoçando pra ver se a guria tá por ali, esperando – afinal, ele disse a ela a que horas e em qual plataforma chegaria, pra não perder tempo, é claro. Eles se acham e ela pergunta: “quando sai o seu trem?” Ele olha no relógio, faz uma cara de quem tá desapontado com o que vai dizer e responde: “daqui a 15 minutos”. Então eles procuram um lugar onde se sentar e passam o tempo cumprindo o propósito do encontro: beijar.

Quem ler vai pensar que eu fico fazendo plantão na estação observando isso... que nada, são histórias que ouço aqui e ali. Quem me dera ter um “Umsteigtreffen” tipo o da descrição padrão “alto, loiro, olhos azuis”, o que aqui nessa terra tem com fartura. Mas claro que tem uns nada atraentes... ou seja, ser alto e loiro de olhos azuis não significa necessariamente ser bonito. Ainda bem que eu enxergo bem, sobretudo com os olhos do coração – além disso, a beleza está nos olhos de quem vê. Talvez seja por ver além do que os olhos físicos me permitem é que eu seja tão exigente no quesito companhia masculina: antes só do que acompanhada de alguém que não me acrescenta nada. Numa dessa, fico sem beijo mesmo.
xxx
Mas, pra ser sincera, se eu tiver um tempinho... nada contra o beijo rapidinho da estação!

* traduzindo ao pé da letra, é o encontro no período de espera entre a troca de trens na estação (baldeação). Sinceramente, acho que tal palavra nem existe em alemão... hehehe...

terça-feira, 25 de setembro de 2007

Mais sobre a Anda Nenê...


Gente!!!! Olha que fofa a boneca dos meus sonhos!!!

Um amigo leu aqui e foi procurar na internet... achou a imagem no Google e me mandou... fiquei emocionada!!!

Valeu Rolf!!!

Beijinhossssssssss
Beijinhossss

Mais sobre a Anda Nenê...

Perto do Natal de quando eu tinha meus 5 anos, me contaram que a carta pro Papai Noel tinha que ser deixada na janela, dentro de um sapatinho da gente. Eu já sabia escrever (metidez pouca é bobagem!) e fiz a minha missiva para o Bom Velhinho pedindo o quê... claro, a Anda Nenê.

Deixei escurecer para a minha mãe não ver o que eu ia fazer – me disseram também que como os adultos não acreditavam em Papai Noel, era melhor que não soubessem da nossa comunicação com ele. Pois bem, abri a janela e coloquei minha botinha no parapeito com a cartinha dentro.

No dia seguinte, saímos cedo com minha mãe – nem lembrei de olhar na janela pra ver se os emissários dele tinham vindo ao menos buscar a carta, para que ele pudesse trazer o meu pedido no Natal. E quando voltamos, minha botinha não estava lá! Minha mãe havia tirado da janela ainda à noite, porque se chovesse, iria molhar – adultos, afff!!! E nem me disse o que fez com a carta que era pro Papai Noel, mas provavelmente na mão dela é que os duendes não vieram pegar.

É por isso que eu não ganhei a Anda Nenê: o Bom Velhinho certamente traria o presente para uma boa menina como eu, que se comportara o ano inteiro, não brigara com as irmãs nem com os coleguinhas na escola blá blá blá, mas o problema é que nem ficou sabendo o que eu queria!!!

Culpa da minha mãe!!!

kkkkkkk

quinta-feira, 20 de setembro de 2007

Suzi Cozinha


Não sei se meus ávidos leitores já perceberam, mas até agora a única foto de gente que entrou aqui foi a do texto de abertura. Mas encontrei umas mais ou menos da época da história de hoje e o de ontem... acho que vale a pena colocar, pra vocês verem a cara da menina que queria a Anda Nenê. Mas pra isso, terão que adivinhar onde eu estou nela - eu devia ter uns 4 anos aí. Na foto estão eu, minhas duas irmãs, uma coleguinha do prezinho e duas professoras. Estávamos em excursão na Cidade da Criança, em São Bernardo do Campo (nem sei se ainda existe!). Pro tanto de tempo que faz, até que lembrei bem dos fatos!


Suzi Cozinha

Morávamos no Cangaíba, eu tinha pelo menos 6 anos. O Natal se aproximava, e pela primeira vez, pela minha memória, teríamos boneca de presente. Eu entendi que as bonecas (uma pra cada irmã) seriam compradas com um dinheiro dado de presente pelo meu avô Pedro – um valor de trezentos cruzeiros pra cada neta. Meu sonho ainda era a Anda Nenê, mas eu sabia que ela custava mais do que isso, e meus pais não tinham dinheiro sobrando para esses tipos de “luxo”.

Pois bem, nos foi falado que podíamos escolher que boneca a gente quisesse. E eu com aquela limitação na cabeça: trezentos cruzeiros, ou seja, não seria ainda daquela vez que eu teria a Anda Nenê. Minha irmã mais velha escolheu uma boneca grande e mais cara... depois eu soube que era porque a madrinha dela que ia pagar a diferença.

Bem, com aquele “orçamento” na mente, saí pela loja procurando uma boneca que me agradasse e que coubesse nos trezentos cruzeiros. A Selmã, irma número 2, também tinha a missão de encontrar sua boneca. Até que não foi difícil... achei a Suzi Cozinha: uma boneca estilo mocinha (não existia Barbie no Brasil ainda), que vinha com mesinha, cadeirinha, pratinho, copinho, lanchinho etc. e um biombo de papelão, simulando o ambiente da cozinha. Ao lado dela, estava a Suzi Salinha: a busca da Selma terminou ali. A salinha tinha um sofá, mesinha de centro, algumas almofadinhas e outro biombo de papelão com cara de living-room.

A boneca da Celinha, irmã número 1, era grande... mas eu nem lembro direito dela. Lembro bem da minha Suzi loira e da Suzi morena da Selma. Certamente porque o tamanho das bonecas era o mesmo, e a interação na hora de brincar era total. Só ficou faltando a Suzi Quarto pra casa ficar completa.

Mas a Anda Nenê... o sonho não morreu, porém nunca foi realizado. E eu garanto que não fiquei traumatizada por causa disso!!!

quarta-feira, 19 de setembro de 2007

Anda Nenê


A Oktoberfest começa no próximo sábado, e como boa alemã, ops, italiana, ops... como boa “turista bem informada”, vou de roupa típica. No ano passado, vestida à caráter, teve gente que teimou que eu era alemã, que falava muito bem o idioma tedesco, que tinha cara de européia... que eu seria tudo, menos brasileira. Quase que tive que mostrar o passaporte pra convencer o camarada, mas depois de tanto ouvir eu e minhas amigas conversando (em portugês, é claro) ele deve ter pensado que uma alemã não falaria um idioma “latino” tão fluentemente (obs: nosso português não é europeu!). Bem, na semana da abertura da Oktoberfest, foto da festa tiradas no ano passado: hoje, o pavilhão de festa da Hacker-Pschorr. E a história de hoje, uma que aprontei na tenra infância...


Anda Nenê

Anda Nenê... era meu sonho de criança... uma boneca que andava quando a gente apertava as mãozinhas dela.

Eu devia ter uns 3, no máximo 4 anos. A Silvinha, prima-irmã do meu pai, estava passando uns dias conosco no Belenzinho, onde morávamos – na ocasião ela devia ter uns 15 anos. Minha mãe não estava, e nem lembro onde estavam minhas irmãs naquela hora – certamente estavam por perto, a casa era pequena. Mas só lembro dessa história.

Eu pedi à Silvinha para pegar a minha boneca Anda Nenê que estava na parte alta do guarda-roupa. E a Silvinha, com todo amor e paciência, pegou uma cadeira pra subir e alcançar o maleiro. E começou a caçada à boneca.

Ela tirou cobertores, caixas de sapato... e me perguntou como era a caixa da boneca. Eu disse que era “grande assim”, mostrando com as mãos o tamanho. Foi tirando coisas até esvaziar aquela parte do maleiro, e nada da minha boneca. Mas ainda havia duas portas de maleiro onde procurar... “será que está aqui mesmo?”, ela me perguntou, e eu respondi prontamente: “sim!”.

Então fomos para a outra parte do maleiro, a de duas portas. Dá-lhe tirar coisas de lá... e nada de achar minha boneca. A Silvinha, com a maior boa vontade, procurou minuciosamente, creio que comovida pela minha cara de criança “aguada” de vontade de brincar com sua boneca. Mas mesmo com duas portas, o maleiro não era tão grande assim, e a boneca não foi encontrada.

“Que pena, mas quando a sua mãe chegar, você pergunta onde foi que ela guardou”, tentou me consolar a Silvinha.

A verdade é que essa boneca nunca existiu... eu nunca tive a Anda Nenê. Claro que não foi maldade minha fazer a Silvinha procurar por algo que eu sabia não existir, mas eu queria tanto... que talvez inconscientemente achei que poderia materializá-la na procura. Não sei se ela vai lembrar dessa história, mas eu nunca esqueci.

Coisas de criança...

terça-feira, 18 de setembro de 2007

Always connected x always busy


Tô me preparado pra Oktoberfest... quem vê pensa que eu vou tomar todas... vou nada, é muito caro. Vou tomar no máximo três Maß (Maß = 1 litro), mas isso misturado com sprite e ao longo de um dia inteiro! No ano passado, trouxe pra casa de “lembrança” duas canecas de Maß: uma da Spaten (a dessa foto) e uma da Hacker-Pschorr e também uma de meio litro também da Hacker (onde veio Sprite). Se encontrar alguém que pague, vou todo dia!!! Como não sou usuária de óleo de peroba (uso Chronos da Natura para o meu rosto), vou só quando tiver o meu dindin mesmo.
Auf geht's zur Wiesn!!!

Always connected x always busy

Um dia desse fui passar uma semana em Zurique, pra sondar as possibilidades que a cidade poderia me oferecer. E fiquei hospedada na casa de uma pessoa que encontrei pessoalmente no Brasil em 2006 – um conhecido. Porém, um conhecido que (eu sabia) poderia ter outras intenções além das de um amigo oferecendo estadia para uma amiga. Mesmo assim, eu fui – tinha que explorar a cidade e fazer alguns contatos por lá. Vale ressaltar que desde que pisei novamente no Velho Mundo, em abril de 2006, planejei diversas vezes de ir até lá para visitá-lo, mas ele raramente estava disponível. Na verdade, sempre ocupado – viajando, seja a trabalho, férias ou para tocar (música é um hobby dele).

Bem, como eu sabia que mesmo estando em Zurique naquela semana ele estaria de agenda cheia, me programei pra fazer minhas coisas sem precisar dele. Ele me deu a chave do apartamento, logo eu tinha liberdade para ir e vir no momento que me fosse conveniente. E mesmo chegando tarde dos meus compromissos, só cheguei depois dele uma vez na semana. Portanto, quando ele chegava, eu estava ao computador, navegando na internet, teclando com meu pessoal no Brasil etc. Depois do primeiro dia, meu bom senso me disse que, quando ele chegasse, eu deveria desligar o computador, a fim de poder conversar. No primeiro dia ele cozinhou e conversamos um pouco. Do segundo dia pra frente foram vãs as tentativas... ele ia pro escritório ou continuava trabalhando no laptop na sala mesmo... então só me restava ir dormir, para não incomodar.

Porém ele já tinha formado um imagem a meu respeito: “always connected”, porque eu estava sempre ao computador quando ele chegava. E até me escreveu um e-mail pra dizer isso (isso mesmo, eu estando lá na casa e ele me mandou um e-mail!). À noite, quando eu li o assunto da mensagem (“always connected”) e li o conteúdo, olhei pra ele e perguntei “o que é isso?”, e ele, meio que sem jeito, disse “ah, deleta, deleta...” Olhando a coisa assim, de cabeça fria e bem depois dos fatos, percebi que essa necessidade de me rotular era na verdade uma espécie de escudo contra a incapacidade dele de se comunicar. É sempre mais fácil transferir o problema para o outro do que assumir as próprias falhas. Depois fui entender melhor o motivo... o cara é canceriano... socorro!!!

Ao chegar em Munique, minha primeira providência foi enviar a ele um cartão agradecendo a gentileza da hospedagem, à moda antiga: escrito de próprio punho, assinado, selado. Postei numa terça-feira, chegaria pra ele no máximo em 2 dias. E na quinta ele me mandou um e-mail me chamando de mal-educada (porque eu não agradeci o que ele fez por mim) e egocêntrica (porque eu resolvi criar um blog), dizendo que “tudo gira ao meu redor” e algumas outras indelicadezas. Esse e-mail foi escrito pela manhã e certamente à tarde, ao chegar em casa, ele encontrou o meu cartão de agradecimento. “Onde eu enfio a minha cara agora?”, imagino eu que ele deve ter se perguntado. Oh dó...

Pois é, mas esse e-mail não poderia ficar barato... a mensagem dele, de umas cinco linhas, virou uma resposta de quatro páginas escritas a mão. Acho que fui ligeiramente fundo nos meus posicionamentos, porque até hoje ele simplesmente não disse nada. Mas eu falei o que tinha que ser dito – só não queria estar na pele dele, iria morrer de vergonha por ter sido tão leviana nos julgamentos. Por outro lado, essa carta pode ter dado a ele a chance de me conhecer um pouco mais, porém tenho minhas dúvidas se ele percebeu isso.

Já refleti bastante sobre esse rótulo de “always connected” – e confesso que sou sim “sempre conectada”, desde os meus 13 anos, quando comecei a fazer amizade por correspondência, muito antes da invenção da internet. Até hoje guardo o hábito de escrever cartas – raramente recebo respostas, mas nunca deixo de escrever. Sempre adorei ter contato com diferentes culturas... delirava quando chegava um envelope com as beiradinhas azul e vermelha, já ia logo responder... ficava contanto o tempo de chegar a próxima... bons tempos. E em relação à internet, assumo na boa que fico sim conectada sempre que posso – eu gosto. Além dos aspectos utilitários dela, é o meu meio de contato com o mundo, é um “tudo” e um “nada” ao mesmo tempo, mas que me preenche quando estou sozinha.

Ah, e já que eu levei o nome de “always connected” após um ínfimo período de observação (de cerca de 3 dias), achei no mínimo justo que eu também desse a ele um rótulo, porém, baseado em mais de um ano de observação e tentativas de ir visitá-lo: “always busy” (escrevi isso no cartão de agradecimento, não poderia perder a chance...) Mas ele é sempre tão ocupado... talvez nem tenha tempo de perceber que, se está sozinho ainda, é porque possivelmente não há espaço para alguém na vida “always busy” dele.

Vivendo e aprendendo...

segunda-feira, 17 de setembro de 2007

A vida é um livro


Gente, tô achando que tá faltando “emoção” nisso aqui... pelo menos aquela emoção que faz a gente se sentir de alma lavada... emoção de dizer umas verdades a quem as mereça ouvir (ou ler)... Vou ver o que posso fazer... hehehe...

A foto de hoje é do encontro das águas, não o mais famoso, mas nem por isso menos lindo. O mais famoso é em Manaus, o encontro do Rio Solimões (de águas barrentas) e o Negro (águas escuras). Esse é em Santarém, Pará, e as águas que se encontram são as do Rio Amazonas (barrentas) com as do Rio Tapajós (esverdeadas). Interessante... não existe uma “área de mancha”, ou seja, elas não se misturam, embora a água barrenta do Amazonas vá “engolindo” a água esverdeada aos poucos. Mas por um bom trecho elas fluem simplesmente lado a lado. Coisas da natureza...

A vida é um livro

Certa vez, um mocinho viajou pro exterior a trabalho. Ele foi mandado para uma região distante e remota dentro de um país grande e também distante. Filho caçula, a mãe dele deve ter ficado de joelhos dia e noite pedindo aos santos que protegessem seu rebento naquela selva, literalmente: dos animais, dos mosquitos, do calor...

“Lugar exótico, gente esquisita, idioma incompreensível”, provavelmente foi o que pensou logo ao chegar. Mas ele arranhava um inglês, o que era suficiente pra trabalhar (e sobreviver) ali. Desembarcou e foi logo levado para onde seria sua moradia nos próximos três meses: um apartamento de 20 m2, já com ar-condicionado (naquele lugar, item vital para a sobrevivência de qualquer um, sobretudo de gringos), bem próximo ao refeitório onde todos que ali habitavam faziam suas três refeições diárias, sete dias por semana.

Uma das vizinhas viu que o rapaz andava sempre sozinho e, a fim de integrá-lo mais ao local, passou a conversar com ele. Papo vai, papo vem... rola um clima, mas a vizinha era meio tapada, nunca tinha tomado a iniciativa. Só que a coisa estava demorando tanto, que um dia ela criou coragem, cercou e o beijou. O cara tremeu feito vara verde... Medo? Ansiedade? Surpresa? Tudo isso junto e outras coisas mais? Na verdade, ele tinha medo de se apaixonar, porque logo teria que voltar para a sua casa e, no seu entender, “perderia” um amor. Que romântico... hehehe... Mas a ela não via as coisas dessa forma. Porém não foi assim tão fácil vender o peixe pro camarada.

A vizinha, tendo já alguma história de vida, começou explicando ao inexperiente e assustado rapaz como ela acreditava que a vida deveria ser – até porque a própria havia deixado de aproveitar muitas oportunidades na vida por causa desse mesmo medo que ele naquele momento sentia. Então começou: “Quando a gente nasce, é como se recebesse um livro, porém com páginas em branco. Cada dia da nossa vida é uma página em branco onde podemos escrever as histórias que vivemos. Ao final de cada dia a página é virada, independentemente se algo foi escrito ou não. E não há como escrever numa página que já foi virada – ela só pode ser lida. Mas o que é que você vai ler se essas páginas estiverem em branco, se você não tiver escrito nada nela? Você quer que sua vida seja um livro cheio de páginas em branco? Ou você prefere viver um dia de cada vez, escrevendo nas páginas do seu livro histórias que poderá reler futuramente?”

O mocinho ouviu atenta e silenciosamente, e percebeu que as palavras faziam sentido: viver um dia de cada vez, escrever um pouco de história a cada dia. E o medo foi se dissipando, dando lugar a uma sede de viver que se transformou numa bela história, ainda que ele tenha retornado ao seu país e ela, que naquela altura dos fatos já era muito mais do que apenas vizinha, tenha permanecido no país grande e distante. É, a mãe do mocinho deve ter rezado muito, mas acho que ela não deve ter incluído na lista de pedidos aos santos que o protegessem do bicho mulher. Por sorte, ele foi bem assistido nesse quesito.

Eu conheci muito de perto essa história – começo, meio e fim. Se me permitirem, contarei aqui futuramente algumas passagens que eles “escreveram” juntos. Histórias bonitas e divertidas, que pertencem a páginas devidamente viradas da vida de ambos.

Pois é, a vida é um livro... o seu tá cheio de histórias ou tem mais páginas em branco? É tão bom ter o que contar, o que lembrar, claro, desde essas lembranças nos tragam alegria, e não uma triste saudade de algo que não volta mais.

até!!!

sexta-feira, 14 de setembro de 2007

Olhares e sorrisos


Queridos fãs (quem vê pensa...), me desculpem a ausência de textos por tanto tempo... nem é tanto a inspiração que faltou... faltou disposição pra escrever, e além disso não tenho acesso à internet em casa. Não vou dizer que faltou tempo – como já disse aqui mesmo, tempo é uma questão de preferência, e eu tenho preferido dormir mais cedo nesses dias. Por outro lado, eu já imaginava que não conseguiria manter por tanto tempo o pique inicial de um texto atrás do outro... mas seguirei “blogando” firme e forte! Nesses dias não escrevi, mas escaneei algumas fotos que tenho aqui comigo. E vou inaugurar hoje a minha série “pôr-do-sol amazônico”. Sou apaixonada por fazer foto do sol na hora que ele tá indo “dormir”. E no período que morei na Amazônia aproveitei o máximo essa paixão, porque o cenário invariavelmente colaborava demais. Haja pilha, filme e revelação de fotografia... minha Minolta, inseparável companheira nas minhas idas e vindas naquele pedaço de mundo – sempre valeu a pena carregar o peso da câmera e suas nada leves lentes. Vocês verão nas fotos que colocarei aqui. A de hoje é no Rio Trombetas – a maioria delas foi nesse que é o maior afluente da margem esquerda do Rio Amazonas.

Olhares e sorrisos

Um tempo atrás li no site do UOL uma matéria da Revista Cláudia intitulada “Sexo refresco” – o título despertou a curiosidade e o conteúdo me fez lembrar uma história que vivi. E já que agora tenho onde contar minhas histórias, aqui vai. Só pra situar, o tal “sexo-refresco” da matéria fala sobre encontros casuais e que normalmente não se repetem, porém esses encontros ficam apenas nos olhares e sorrisos, e à distância, sem qualquer contato físico.

Eu havia chegado ali na nova empresa há pouco tempo, portanto ainda estava me ambientando, conhecendo as pessoas, as relações entre a minha área e as empresas fornecedoras, minhas responsabilidades no novo cargo etc. E logo na primeira semana aquele sorriso me chamou a atenção.

Ele era casado, todos sabiam – a aliança reluzia no dedo anelar da mão esquerda, e a esposa havia trabalhado no mesmo local por algum tempo, mas naquela ocasião não estava mais lá – estava beeeem longe, diga-se de passagem. Ele era um tipo muito charmoso, com seus trinta e tantos anos: grisalho, moreno, simpático, sorridente, de bom relacionamento com todas as pessoas. Sua posição na empresa colaborava – ele tinha uma equipe enorme sob sua batuta, e era muito respeitado e admirado como pessoa e gestor.

Ele trabalhava no mesmo lugar que eu, mas não na mesma empresa. De qualquer maneira, nos encontrávamos todos os dias pelo menos na hora do almoço. E foi no restaurante que eu comecei a perceber os olhares e os sorrisos... no começo achei que fosse normal dele com todos, afinal, o cara era casado, e eu não queria encrenca pro meu lado. Porém as (más) línguas já foram passando relatório... corria conversa de que ele já havia tido um caso ali, e que era bem galanteador. Conversas que pra mim era indiferentes, afinal eu não tinha nada a ver com a vida dele – cada um faz da sua o que a consciência lhe permite.

Mas os olhares e sorrisos continuaram com cada vez mais intensidade, ao ponto do cara sempre vir se sentar à mesa onde eu estava e, quando não havia mais lugar, dava um jeito de se sentar em outra mesa desde que pudesse olhar pra mim sem ter que virar o pescoço, ou seja, discretamente. Eu sei que sou tapada, mas minha “toupeirice” tinha que ter limite, e eu passei a “retribuir” os olhares e sorrisos.

Aquilo passou a fazer parte da minha refeição. Quando por algum motivo eu não podia ir no horário “habitual”, ou ele não aparecia, parecia que faltava algum sabor na minha comida. Quando ele estava ali, me olhando daquele jeito que (creio) só eu percebia, eu me sentia a refeição dele, sendo devorada com os olhos a cada piscadela e a cada sorriso.

Algumas vezes conversamos ao telefone sobre essa coisa que acontecia. Ele não sabia explicar nem tampouco eu, mas era de uma intensidade tamanha, que só sentindo mesmo pra entender. Não muito tempo depois ele saiu da empresa e foi embora dali, mas o que ficou foi a lembrança da sensação maravilhosa que cada encontro de olhares provocava em mim. Sei não, mas creio que se tivesse acontecido algo além disso, talvez não tivesse sido tão bom quanto ficar na energia da troca de olhares.

A música que marcou essa história é do Tom Jobim, “Pela luz dos olhos teus”, sobretudo a primeira estrofe:

“Quando a luz dos olhos meus e a luz dos olhos teus resolvem se encontrar
Ai que bom que isso é meu Deus, que frio que me dá o encontro desse olhar
Mas se a luz dos olhos teus resiste aos olhos meus só pra me provocar
Meu amor, juro por Deus, me sinto incendiar”

Esse foi meu “sexo-refresco”, para ser lembrado por toda a vida. Recentemente ele me encontrou nesse mundo virtual, e restabelecemos contato. E um dia, teclando no Messenger, vi a foto dele e comentei que o cabelo tinha ficado mais branco, mas que o sorriso continuava o mesmo. Para minha surpresa, a palavra “sorriso” provocou nele lembranças do nosso “caso”, o que me leva a crer que foi bom pra ele também... hehehe...

Eis o link da matéria, para quem se interessar.
http://claudia.abril.uol.com.br/edicoes/542/fechado/amor_sexo/conteudo_182603.shtml

bjsssss

quinta-feira, 6 de setembro de 2007

Hoje é um dia muito especial


Hoje não tem texto novo não, é velho, encontrado nos “baús” de antigos CDs de arquivos pessoais. Mas o conteúdo é atual... pelo menos é como eu me esforço pra viver. Como o texto do sonho, esse também foi pro jornal da empresa onde eu trabalhava, mas já o vi circulando na internet, e o mais legal: com o devido crédito.
Reorganizando meus arquivos achei também as fotos que tirei aqui em 2005, e escolhi ilustrar o post de hoje com o último jogo do Bayern de Munique no Olympiastadion, antes da inauguração da Allianz Arena (pra Copa 2006). Foi em maio de 2005, tirada do alto da Olympiaturm – a torre de transmissão de TV que fica no parque – é claro que a gente paga pra subir lá, mas a vista vale a pena! E quem não conseguiu ingresso pro jogo assistiu de lá do alto!



Hoje é um dia muito especial

Não espere por um “dia especial”: faça com que todos os dias de sua vida sejam especiais

O que é um dia especial? É aquele dia de festa, quando todos vestem suas melhores roupas? É o dia em que você está com aquela pessoa que você sempre sonhou? Estes podem ser momentos realmente marcantes. Mas qual é o dia mais especial da sua vida?

Há muitas pessoas que sempre esperam por “ocasiões especiais”, momentos em que colocam suas melhores roupas, usam seu melhor perfume, para se fazer presente em um lugar especial. Pessoas assim vivem guardando o que têm de melhor para “um dia especial”, que não sabem exatamente quando será. São objetos, como roupas ou presentes, ou sentimentos, como sorrisos, abraços, gestos de carinho, de afeto, que estão sempre guardados, esperando o tal “dia especial” para serem tirados do baú ou do coração.

E se esse “dia especial” nunca chega? O que fazer com os objetos e sentimentos guardados?
Os americanos costumam dizer “no day but today”, e Renato Russo escreveu que “é preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã, porque se você parar para pensar, na verdade não há”. Pode-se entender a expressão americana como “não há dia como hoje”, ou mesmo “o dia é hoje”, e ela expressa exatamente o sentimento que se deve ter com a vida: viver hoje intensamente, sem achar que as coisas só vão melhorar depois que você terminar a faculdade, ou casar, ou ter filhos, ou comprar um carro novo, ou mesmo uma casa... Por acaso você sabe como vai ser seu dia amanhã? Você tem a certeza de que haverá amanhã?

É importante planejar a vida, estabelecer caminhos, objetivos a serem alcançados. Mas não se pode deixar viver em função somente do que ainda será, esquecendo que a vida é aqui, e agora. Então, por que esperar um momento especial para vestir aquela roupa, usar aquele perfume e dizer para alguém o quanto essa pessoa é importante para você? Ou mesmo para você se produzir, se olhar no espelho e sentir-se especial?

O dia mais especial da sua vida é hoje, porque você está aqui, vivendo o momento, construindo sua história. De fato, não há dia como hoje. Amanhã pode até ser melhor, mas você só vai saber depois. Portanto, viva este momento como o mais importante da sua vida!

PS: se esse texto tivesse sido escrito hoje, eu mudaria apenas uma coisa: usaria um artigo definido no lugar do indefinido, e o título seria Hoje é O dia muito especial.


bjssssssssss

terça-feira, 4 de setembro de 2007

Amores platônicos


No último domingo eu e a Alessandra fomos andar... no mesmo caminho que eu fiz com a Bárbara na semana anterior. Mas não fomos tão longe, até porque ambas tinham compromisso mais tarde. Ao longo do caminho está o Rio Würm, de águas rasas e cristalinas. E em determinado ponto, havia uma ilhota, com acesso possibilitado por troncos que ligavam as margens. Vale ressaltar que tem chovido regularmente, portanto esses troncos estavam cheios de limo, extremamente escorregadios, mas a despeito disso, resolvemos fazer nosso pique-nique lá. Na ida, tudo beleza. Na volta, eu caí e molhei meu pé direito, mas isso porque a Ale já tinha terminado a travessia e, ao fazer uma foto minha, acabou me fazendo rir – perdi minha concentração. Ainda bem que era raso, mas de qualquer maneira fiquei sentindo o tênis encharcado na caminhada de volta. A foto, um olhar para o alto a partir da ilhota onde estávamos.

Amores platônicos

A origem da expressão vem de Platão, filósofo seguidor de Sócrates. Na verdade, Platão dedicou-se a escrever as idéias de Sócrates para a posteridade, porque esse nada deixou escrito – seus ensinamentos eram transmitidos apenas oralmente. A teoria de Platão sobre o amor universal como lei natural era de que o amor devia unir a humanidade por laços fraternos, ou seja, amor platônico = amor fraterno. Mas não é essa a definição que se vê por aí.

Entende-se “amor platônico” como aquele não realizado no corpo, seja por um simples abraço ou beijo, embora exista o desejo latente do contato, do calor do outro. É provavelmente uma expressão criada por poetas românticos a fim de atenuar a dor do amor não correspondido, tornando-o algo bonito e perfeitamente realizável dentro de suas próprias fantasias. O amor perfeito, sem queixas, desajustes. Mas, ah como dói...

Eu tinha 12 anos quando conheci o primeiro amor da minha vida. Estava de férias em uma pequena cidade do interior de Minas Gerais, onde meu pai nasceu e meus avós moravam. Cidade pequena, onde todos se conhecem, lá podíamos sair à noite, o que pra mim e minhas irmãs (de 14 e 15 anos) era o máximo. E foi numa dessas “noitadas” que o conheci: 17 anos, olhos esverdeados, cílios longos e curvos e um olhar pra cima de mim que me fez sentir, pela primeira vez, o tal frio na barriga. Isso sem ao menos tocar a mão... sim, foi amor à primeira vista.

Mas como todas as coisas boas de uma viagem normalmente acontecem na véspera da volta, dessa vez não foi diferente. Eu voltei pra São Paulo ele ficou lá, soltinho. Claro que logo arrumou uma namorada e nem lembrava mais daquela menina tímida da cidade grande que sequer tinha beijado na boca (isso certamente ele não sabia). Quer dizer, lembrava forçosamente, porque eu escrevia cartas, mandava recados etc. Eu nutri esse amor, que não deu em nada, por mais de um ano e meio – que loucura! Todas as vezes que íamos pra Minas eu ficava cercando, passando pelos caminhos que ele fazia, andando de bicicleta em frente à casa e ao trabalho dele – coitado, deve ter ficado de saco cheio das minhas atitudes infantis. Isso só parou quando ele se mudou de lá para a capital, Belo Horizonte. E só fui reencontrá-lo uns 10 anos depois: eu já na faculdade, com uma infinidade de descobertas a fazer... é, não tinha absolutamente mais nada a ver, foi apenas por curiosidade de rever o meu “primeiro amor”.

Houve um segundo amor platônico na minha vida, aos 16 anos. Nessa época já tínhamos permissão de sair à noite (mas meia-noite tinha que estar em casa), e costumávamos ir a um bar-karaokê, onde nos divertíamos cantando e dançando. Lá havia um cara que era super bem relacionado, conhecido de todos, simpático, charmoso e que cantava bem. A gente se encontrava todos os sábados, sem combinar. E sempre havia aquele clima amistoso, de pessoas que gostam de algo em comum – cantar. Às vezes ele oferecia a música que ia cantar a alguém que estivesse aniversariando ou por qualquer outro motivo, sempre de forma gentil e amigável.

Um dia, não era meu aniversário nem nada, ele ofereceu pra mim Something, dos Beatles: “something in the way she moves, attracts me like no other lover... I don't wanna leave her now, you know, I believe and how” assim, cantada olhando nos meus olhos. O friozinho na barriga subiu... estava apaixonada de novo. Mas era (ainda sou um pouco) tapada demais pra tomar uma iniciativa, que fosse apenas de sentar-se à mesa para conversar com ele – porcaria de timidez! E a coisa ficou assim, no ar, tanto que algum tempo depois ele apareceu com uma namorada... que golpe! Fiquei uns dois meses sem dar as caras no local.

Depois do meu “retiro voluntário”, voltei a bater o cartão no karaokê. Tinha que me divertir um pouco... a vida não poderia ser só estudar e trabalhar – eu trabalhava no comércio do meu pai. Eis que quando cheguei, ao me ver, ele veio ao meu encontro... “você sumiu, senti sua ausência”. Ele não estava mais namorando, e a barriga gelou de novo. Mas que coisa! Continuou não dando em nada... foi só mais um amor platônico. O segundo e último.

Dali em diante resolvi que ia ser pé no chão em assuntos relacionados ao coração: não me permiti mais apaixonar-se assim, logo de cara. Não queria mais sofrer. “Oh, doce sofrimento do amor não correspondido”, diriam os poetas românticos... Falando sério, doeu sim, e eu não queria isso de novo. Creio que foi naquele momento que brotou em mim, ainda que de forma inconsciente, o esquema “um dia de cada vez”. Não vivi grandes paixões, como algumas amigas, mas também não sofri como elas. Isso não quer dizer que minha vida foi insossa nessa esfera, mas confesso que também não foi nada excepcional. Eu diria que foi até boa para alguém que se acreditava feia (coisas da vida, já superadas). Explorei muito bem os terrenos antes de me sentir segura pra pisar neles.

Resumindo: paixão é necessária à vida sim. Mas o essencial é o amor. Sem ele, não há paixão que resista muito tempo. Legal é se apaixonar diversas vezes em diferentes momentos e intensidades por aquele alguém que se está amando. Utopia? Eu digo por experiência própria que não.

segunda-feira, 3 de setembro de 2007

“Como vocês estão?”


Hoje a foto é da rua onde morei na Bahia: no fim da Rua Namorado, a praia. Não pensem que eu morava sobre as areias: essa foto eu fiz do portão da minha casa (com zoom, é claro). Na verdade eu pouco ia à praia, pois saía cedo pro trabalho e nem sempre tinha horário pra voltar – coisas de quem “veste a camisa” (ah se eu soubesse antes o que sei agora...) O nome da rua é bem sugestivo, porém é apenas o nome de um peixe. Todas as ruas do bairro tinham nome de peixes: pargo, badejo, xaréu, corvina etc. Pelo menos o meu peixe permitia um alegre duplo sentido.


“Como vocês estão?”

Um dia desses, conversando com uma amiga, falávamos de relacionamentos. Especulávamos sobre outra pessoa que conhecemos (especulações construtivas, é claro), sobre como ela e o camarada com quem ela tem se encontrado estavam – se já havia algo mais sério, ou mesmo expectativas de um em relação ao outro.

Achei interessante a pergunta “Como será que eles estão?” feita assim, solta. Bem, se essa pergunta fosse dirigida a mim, eu daria uma de desentendida e responderia “eu estou bem, com saúde, em paz... creio que ele esteja bem também nesse momento”. É a tal ansiedade de obter respostas pra perguntas que ainda nem foram formuladas...

Creio ser muito provável que nem mesmo nossa amiga saberia responder essa pergunta a contento pra si mesma, quanto mais para outros. A não ser que ela também padecesse dessa ânsia desmedida que, no meu modo de ver e viver, pode ser extremamente perniciosa ao futuro de qualquer coisa, quanto mais de relacionamentos. E se fosse do time dos ansiosos, já “saberia”, assim, mui rapidamente, se aquele era o “homem da sua vida” ou não.

Tô me sentindo repetitiva... mas, depois de dar uma de “João-sem-braço”, eu completaria a resposta com o que já disse aqui em outro texto: viver um dia de cada vez. Aproveitar o máximo cada dia, porque quando a gente deposita muitas expectativas no que ainda está por vir, acaba esquecendo de curtir o agora. E é no agora que se constrói o que virá. Antes ser repetitiva (nesse tema) do que quebrar a cara.

Conheci uma história interessante sobre como esse modus vivendi “um dia de cada vez” foi transmitido a alguém. Ao que parece, o caso tornou-se uma “utopia possível”. Qualquer dia desse eu conto aqui.

sexta-feira, 31 de agosto de 2007

Tempo x cronologia


Quando fui pro Brasil em maio, viajei durante o dia. Foi super legal poder ver lá do alto parte dos Alpes, o estreito de Gibraltar e o deserto do Saara. Claro que fotografei quando foi possível, porque eu não estava em assento de janela. Quando passamos por onde de acordo com mapa virtual de bordo era Dacar, o ponto mais ocidental da África, alguém gentilmente me cedeu o assento à janela, e eu pude fotografar. Sou apaixonada por mapas e afins... achei o máximo essa vista. Mas só me contentei mesmo quando pude entrar no Google Earth e comparar... é, aquela península parecendo cabeça de dragão era realmente Dacar, a capital do Senegal.

Tempo x cronologia

Nos últimos tempos, as pessoas que encontro olham pra mim e na maioria das vezes acham que tenho menos idade do que na verdade tenho. No meu aniversário de 36, em novembro passado, arriscaram que eu estava completando 27... semana retrasada, pensaram que eu tinha 26. Pra mim não é problema algum dizer que tenho 36 anos, já caminhando pros 37. E dizer também que apenas recentemente descobri falta de melanina em três fios de cabelo – eu até tento encontrá-los, mas só os vejo se fizer uma caçada minuciosa diante do espelho. Não me preocupo (ainda... hehehe) com esse negócio de tinta no cabelo, mas isso é tão corriqueiro pra tanta gente que não será problema pra mim quando eu achar que está na hora.

Porém o que me inspirou a escrever sobre esse tema – tempo e cronologia – foi a recorrência do fato. Estava eu mostrando a uma pessoa algumas fotos minhas, de cerca de 10 anos atrás, e ela foi enfática em dizer que eu aparento hoje menos idade do que o que aparentava naquelas fotos. Não tenho a pretensão de estabelecer novos conceitos sobre tempo e cronos, quero apenas expor o que eu sinto a respeito.

Tudo bem, confesso que uso creme pro rosto diariamente sim, mas comecei tarde. Cuidar da pele é algo que exige disciplina, e essa senhora não é muito afeita a mim (ou seria eu a ela?) porém eu consegui, e há pelo menos 10 anos cuido muito bem da minha cútis facial. Mas será que é apenas graças às maravilhas da cosmética que hoje me dizem que aparento ser mais “jovem” que há 10 anos? Creio que não.

Nesses últimos dez anos eu vivi muita coisa. Histórias que me fizeram sofrer, que me deram alegria (em maior número, Deus é pai!!!) mas que, sobretudo, me ajudaram a enxergar o mundo com mais sabedoria, com menos apego a coisas efêmeras. Coisas que me fizeram perceber o quanto sou ignorante, o quanto ainda há por descobrir. Fatos que me ajudaram a ver e a viver a vida de uma forma mais humana e menos material. E, ao que parece, que me fizeram “rejuvenescer”.

Eis-me aqui: dez anos a mais na cronologia, uns 11 a menos no tempo, levando-se em conta que estou hoje “mais jovem” do que naquelas fotos. Tô aqui tentando entender o que e como se passou – talvez exista por aí alguém que queira a tal “receita”... hehehe... mas uma coisa é certa: seja lá o que for, é uma experiência minha, e que não servirá pra outra pessoa no esquema “vou fazer igual”. Tudo o que eu vivi, minhas alegrias e sobretudo minhas dores (como eu as encarei e delas saí erguida e fortalecida) são coisas únicas pois foram, a cada momento, resultado das minhas escolhas. E minhas escolhas, por sua vez, foram baseadas em meus princípios e sentimentos em cada situação.

Bom, descobrir a tal “receita” não importa, nem mesmo pra mim. O que posso dizer é que hoje me sinto um ser humano melhor do que há 10 anos. E vou continuar vivendo de forma a poder dizer, em 2017, que me sinto melhor do que era em 2007, afinal, só tenho que ser melhor do que eu mesma. E assim por diante, porque com a cronologia não tem discussão – a idade vai só aumentando, mas com o tempo sim, sobretudo quando a gente o utiliza como aliado na nossa evolução.

quarta-feira, 29 de agosto de 2007

Antigos escritos, idéias sempre atuais


Revirando o meu "baú", encontrei um texto pelo qual tenho muito carinho. É de quando eu editava o jornal da empresa onde trabalhava. Eu fazia o jornal da empresa e também o da comunidade, para as famílias dos trabalhadores. Era minha responsabilidade mesclar informações úteis com coisas mais leves, mais cotidianas e até mesmo de fundo psicológico (sou metida a tentar entender as pessoas... modéstia à parte, às vezes com algum sucesso), porque morávamos em um lugar distante e remoto, no meio da Amazônia. Escrevi esse texto para a capa de dezembro de 1999, com o objetivo de criar nas pessoas um desejo de busca para o ano que logo começaria. É, minhas idéias de como viver bem não são assim recém-criadas... pra ilustrar, uma vista aéra desse lugar, também conhecido como “Ilha da Fantasia”, não pelo aspecto do lazer, porque lá se trabalha muito!!! (Foto aérea de Paulo Arumaá)

Sonhar é um direito e um dever

O desejo de conquistar algo mais é o que nos faz crescer

“Porque se chamavam homens,
Também se chamavam sonhos
E sonhos não envelhecem...”
(Clube de Esquina nº2, Lô Borges)

A capacidade de sonhar que o ser humano tem é algo incrível: ela dá impulso à vida, fazendo com que ele busque transformar em realidade o seu desejo. E essa é uma busca incessante, pois a capacidade de sonhar é ilimitada: quando um sonho se faz realidade já existe outro sonho, e outra busca começa.
Todos têm o direito de sonhar, desejar coisas novas, que acrescentem valor à vida. Mas sonhar não deve ser só um direito: precisa ser também um dever. Porque sem sonho a vida pára, não há crescimento, material ou espiritual, não há o prazer da conquista, a vida cai numa “mesmice”.
Sonho + disciplina = realização
E como andam nossos sonhos? Temos dado a eles a atenção que merecem? Sonhar é fácil, e não custa nada. Porém, não há nada mais frustrante do que viver só sonhando. Mas transformar o sonho em realidade requer empenho, disciplina, determinação. E isso muitas vezes requer mudança de atitude.
Para conseguir alcançar nossos objetivos, é preciso que nós mesmos lutemos por eles, definindo os meios necessários para chegar lá. Acomodação e conformismo são coisas que não fazem parte da vida dos empreendedores, daqueles que fazem acontecer.
Os sonhos mais comuns às pessoas são ter segurança, saúde, amor. E estes se desdobram em outros, como casa própria, carro, educação, trabalho, viagens, enfim, tudo aquilo que é externo ao homem, e que ele pode conquistar.
A realização dos sonhos não materiais depende, sobretudo, de como você está consigo mesmo. Amar e ser amado depende de estar receptivo ao outro, estar de bem consigo e com o mundo, de abrir o coração sem preconceitos. É algo que somente você pode fazer. Portanto, não deixe por conta dos outros, sob o risco de nunca se sentir feliz.
Traçando planos
Aproveite cada novo dia para reavaliar seus planos, traçar novos caminhos, ou novas maneiras de trilhá-los, a fim de alcançar seus sonhos, sejam materiais ou espirituais.
Se você tem um sonho antigo, que há muito você busca, renove-o. Procure saber se está faltando alguma coisa que o esteja impedindo de chegar aos resultados desejados. Faça uma auto-análise, e seja muito sincero consigo, pois muitas vezes o que se procura fora está dentro de cada um.
Lembre-se de que os sonhos nunca envelhecem e, nessa vida, tudo depende de nós. Portanto sonhe, ouse ser feliz!

segunda-feira, 27 de agosto de 2007

Considerações “marinianas” sobre o tal homem perfeito


A Bárbara, dona da casa onde moro, está se preparando para fazer o caminho de Santiago de Compostella. Há pelo menos dois meses ela vem mapeando distâncias e nas últimas semanas tem feito “ensaios”, simulando como será a peregrinação, inclusive com a mochila nas costas, com o peso do que ela vai efetivamente carregar. E ontem, domingo, ela me convidou pra sair com ela... andamos 20 km, com uma pausa de uma hora e outra de 15 minutos entre os trechos. Passamos por lugares bem legais, e todos relativamente perto de casa. E posso dizer que estou muito bem, obrigada! Hoje acordei super bem disposta, sem dor e “pronta pra outra”. Vai uma foto de um moinho d'água que vi no caminho, muito lindo.

Considerações “marinianas” sobre o tal homem perfeito

Um dia desses ousei colocar aqui uma lista de predicados que, no meu modo de ver, o “homem ideal” tem que ter. É claro que esse homem, dotado de TODOS aqueles predicados, simplesmente não existe, assim como também não existe a “mulher ideal”. Perfeição vem com o tempo, exige paciência e acima de tudo, vontade de estar junto. Mas vou falar deles, pois nós mulheres somos capazes de enxergar nossas imperfeições e nos dedicar a corrigi-las. Além disso, somos sensíveis e flexíveis pra compreender as limitações deles e ajudá-los, é claro se eles admitirem receber ajuda (atenção: isso pode ser raro de ocorrer).

Homens têm vários bugs “de fábrica” – coisas de uma anatomia cerebral incompleta, com pouca ou nenhuma capacidade emocional (nenhuma crítica à criação divina, pelo contrário). Portanto, para viver com alguém, imagino que seja necessário ter muita paciência, persistência e vontade de, juntos, melhorarem essas pequenas imperfeições um do outro (mulher também é humana, imperfeita, embora seja a ponte com o divino). Generalizando assim parece fácil...

Mas vamos ao que eu, Marina, penso e quero. Eu sou mulher, e o que uma mulher mais deseja é ser conquistada, sentir-se querida, amada, protegida, cortejada. Um homem, para me fazer mais feliz do que eu já sou pode até não ter todos aqueles predicados, desde que tenha a humildade de reconhecer suas imperfeições e determinação de se melhorar a cada dia, junto comigo, que também tenho meus defeitinhos. Se for pra compartilhar minha caminhada com alguém, que seja um homem que me faça rir, que tenha dentro de si um menino para brincar com a menina que guardo em mim. Bom humor é fundamental e levar tudo tão a sério pode fazer mal à saúde!

Dançar... adoro dançar. Seria bom que esse homem gostasse de dançar.. mas se não gostar, que fique feliz ao me ver dançando. Quando estou numa festa, eu procuro um cavalheiro olhando para os seus pés... se levitam no salão... e para os seus braços, vendo como eles conduzem a dama. Dançar é algo tão divino que, quando estou com alguém que me leva bem, me sinto nas nuvens.

Música... ah coisa maravilhosa... ouvir música, cantar, assistir a um show, ao vivo ou na TV... há música pra toda ocasião. “Quem canta seus males espanta“, nos ensina o velho ditado. Música pra ouvir fazendo as atividades domésticas ou no trabalho, música pra embalar o sono, pra espantar tristeza, pra namorar, pra relaxar, pra inspirar, pra lembrar, pra sonhar, pra festejar... ou seja, esse homem tem que gostar de viver musicalmente.

Tempo. Definitivamente eu quero alguém que tenha tempo pra mim, que me dê atenção. Ter tempo não é estar por perto a todo instante, adulando, babando... não, isso é muito chato. O que conta é a qualidade do tempo passado junto e como a pessoa se faz presente quando está distante, sobretudo se essa pessoa mora longe ou é muito ocupada. Tempo é uma questão de preferência – eu sempre encontro tempo pra fazer o que quero, para estar com quem quero.

Respeito. Não é preciso que o outro seja como eu sou, só é preciso que ambos se aceitem como são, respeitando suas crenças, suas diferenças, afinal, o que é combinado nunca sai caro. É óbvio que as diferenças não podem ser assim tão extremas, porque aí fica muito complicado encontrar um ponto de consenso.

Comunicação. É de extrema importância que esse homem seja totalmente transparente comigo. Isso elimina qualquer possibilidade de mal-entendido, porque da minha parte a recíproca será sempre verdadeira.

Um homem que saiba cozinhar... não precisa ser mestre cuca, assim como eu também não sou. Só precisa ser alguém que saiba se virar, e que não fique necessariamente esperando “a patroa” enfrentar o fogão. Alguém que use o verbo sempre na primeira pessoa do plural – “nós”. Compartilhar é uma ótima palavra. É muito mais completa do que “dividir”. Nada de “dividir” tarefas. Vamos compartilhar direitos e deveres.

O sexo, a fusão dos corpos – item, claaaaro, super importante. Não misturem as coisas. Amor é amor e sexo é sexo. Mas sexo com amor é tudo de bom, meeeesmo! Por isso é básico que haja sintonia na horizontal – ok, pode ser na vertical, diagonal ou como a imaginação permitir. Porém há que se dosar sexo e amor a fim de que não haja falta nem excesso. Amor demais pode atrapalhar o sexo. Sexo demais banaliza o amor.

Amor é fundamental, e é justamente pela sua importância que ele não pode e nem deve ser tratado de forma isolada. Amar exige coragem, e hoje em dia somos todos (ou quase todos) muito covardes. Mulher decidida que sou, não me vejo no time dos covardes, mas ao mesmo tempo não me permito amar se vislumbro riscos. Concluindo e assumindo, sou covarde também. Mas só um pouquinho... Nesse caso, uma saída é viver um dia de cada vez. Meus últimos relacionamentos (não se iludam com o plural!) começaram assim, completamente sem pretensão de ser coisa alguma, no esquema de “quero só beijar na boca e ser feliz“. E o último foi extremamente marcante, mas acabou por... covardia. Dele, é claro.

Mas o amor, ah o amor... ele é o envoltório essencial, sem o qual os predicados aqui mencionados ficariam soltos e jamais resultariam em um relacionamento sólido e agradável de ser vivido.

sexta-feira, 24 de agosto de 2007

Time is money – a “aceleração” da vida


No meu texto de abertura, eu comentei que escreveria histórias da vida aqui... já tenho um arquivo de 3 páginas apenas com tópicos! Mas por enquanto tô a fim de escrever sobre o que venho sentindo há tempos... sobre as reflexões a que alguns recentes acontecimentos têm me levado. Coisas que há tempos são meu modo de pensar e agir, mas que ninguém (ou quase ninguém) sabe a fundo. As histórias virão... inocentes e não tão inocentes assim... mas tudo a seu tempo. Imagem do dia: Guarapari, no Espírito Santo, com um navio de minério da Samarco (quase imperceptível) bem ao fundo.


Time is money – a “aceleração” da vida

“Para unir, é preciso amar.
Para amar, é preciso conhecer.
Para conhecer, é preciso ir ao encontro do outro”
(Cardeal Mercier)

Essa epígrafe estava no meu livro de Educação Moral e Cívica da sexta série. Muitos vão perguntar “que matéria é essa que eu nunca tive?” É resquício dos tempos de ditadura: ensinar na escola como o cidadão tinha que se portar, claro, de acordo com os militares. Tinha também OSPB (Organização Social e Política do Brasil), na oitava série. Sei que não existe mais há um bom tempo. Mas acredito que seria bom que voltasse a existir... não com o foco “linha dura”, mas com o propósito de ensinar um pouco mais de cidadania às crianças, a fim de que elas pudessem ser os maiores multiplicadores das vantagens de se pensar no bem comum e enterrassem, gradativamente, a “Lei de Gérson”.

Voltando, ela me marcou de tal forma que eu nunca a esqueci, nem mesmo o nome do autor. Ela fala de uma forma simples e direta os passos necessários para que duas pessoas se unam. Porém, a “aceleração” da vida, provocada pela famigerada globalização, prega que tudo precisa ser feito de forma rápida – tudo o que por regra demora um pouco mais é logo “encurtado”, para se encaixar aos padrões globalizados. É aí que a união das almas deixa de acontecer. Na maioria das vezes só os corpos se unem.

A indústria do casamento (buffets e suas festas, flores e decorações, roupas de gala, vestidos suntuosos) continua viva, ainda que enfrente altos e baixos. Quem casa sempre faz alguma “coisinha”, nem que seja só um bolo com champanha. A razão principal da união, o amor, é muitas vezes um mero coadjuvante nestes eventos sociais. Tão coadjuvante que às vezes ainda nem amor em essência é, mas os envolvidos estão deveras felizes com o ritual social que deixam pra resolver essa questão (o amor) depois. Impossível não é, claro, mas que é um risco e uma estranha inversão de valores, isso é...

Para amar é preciso conhecer. Conhecer alguém depende de no mínimo três variáveis: tempo, disposição e permissão, não necessariamente nessa ordem e relevância, mas com alguma inter-relação. Ninguém conhece alguém tendo se visto apenas uma vez. À primeira vista, o máximo que se tem são meras impressões superficiais do outro que, dependendo se eu estou a fim ou não, podem virar já um rótulo apenas para estereotipar e “descartar” essa pessoa. Rótulos são em geral negativos.

Pois bem, a disposição, o “estar a fim” de conhecer o outro se mostra forte quando, mesmo com uma primeira impressão não muito bacana, eu insisto em querer ir além, em “dar uma segunda chance”. Isso leva tempo... e tempo é dinheiro... nosso “mundo veloz” nem sempre permite isso. Ainda bem que eu sou teimosa. Além disso, quem está disposto sempre arruma tempo, porque “tempo é uma questão de preferência” (pai da Alessandra).

Terceira variável: permissão. Pra conhecer bem alguém, nada melhor do que longas horas de conversa, olho no olho, coração aberto... sim, aberto. É aí que está a permissão. O outro só vai me conhecer se eu deixar, se eu estiver aberta para que ele possa explorar o meu ser, descobrindo coisas em mim que às vezes nem eu mesma sei. Permitir que alguém nos conheça não acontece assim, num primeiro encontro. Pode leva algum tempo... and time is money... vai encarar?

Para conhecer, é preciso ir ao encontro do outro. “Ok, vamos marcar um chope e a gente se conhece”, diriam alguns. Esses, certamente já contaminados pela aceleração da vida. Nada contra um drinque, barzinho... aliás, tudo a favor, adoro isso. Mas vamos precisar de muito mais que UM chope pra levar isso a cabo – considere UM chope por encontro. Nesse caso, esqueçamos que “tempo é dinheiro” e voltemos a ser humanos dispostos a descobrir as qualidades mais nobres que o outro pode ter.

A propósito, vamos tomar um chope? Eu confesso que prefiro vinho...

quinta-feira, 23 de agosto de 2007

O homem “ideal”


Um lindo pôr-do-sol da janela do meu quarto, em Germering... me fez lembrar um desses emails que a gente vive recebendo pela internet. Era sobre “conversas” de crianças com Deus. Uma delas dizia assim: “Querido Deus, eu sempre achei que laranja não combinada com roxo, até ver o pôr-do-sol que o Senhor fez hoje”.


O texto de hoje é pra cutucar a galera... que por enquanto sou eu mesma, porque quase ninguém lá lendo isso aqui. Se lê não deixa rastros (leia-se “comentários”). O que mais me importa agora é que eu tô adorando escrever.







O homem “ideal”

Ontem toquei, ainda que indiretamente, no assunto “homem ideal”. Vou ser direta e econômica com as palavras hoje. Eis a lista de predicados do companheiro “ideal”:

  • romântico e imprevisível
  • compreensivo e paciente
  • amigo e amante
  • menino e maduro
  • leal e transparente
  • brincalhão e sério
  • festeiro e caseiro
  • determinado e flexível
  • conquistador e fiel – porque o valor está em conquistar a mesma mulher a cada dia

Enfim, não quero alguém que seja “pra sempre“. Quero encontrar alguém que seja “pra todo dia“, porque assim é a vida, um dia de cada vez. Tô querendo muito? Ora, posso assegurar que o que estou querendo é no mínimo igual ao que eu tenho a oferecer. Um relacionamento sadio tem que ser uma troca constante. Sou “mulher-macho”, em alguns aspectos endurecida pelas lutas da vida, mas conservo minha ternura, sensibilidade e flexibilidade.

Gente, não nasci ontem... EU SEI QUE ESSE HOMEM NÃO EXISTE!!!

quarta-feira, 22 de agosto de 2007

“O que é que você quer?“


Uma paisagem de Zurique (Suíça):

o Rio Limmat, que "nasce" a partir do Lago de Zurique. Com águas cor de esmeralda, é um belo cartão postal da cidade e uma das paisagens que vi na semana passada.
Mas vamos ao texto de hoje.





“O que é que você quer?“

Um dia desses alguém me fez essa pergunta. “Alguém“ do sexo masculino, diga-se de passagem, provavelmente querendo saber se o que eu quero vai ao encontro ou de encontro ao que ele quer. “Porque, aos 36 anos, provavelmente essa mulher sabe o que quer“, deve ter pensado ele.

Confesso que faço essa pergunta a mim mesma com freqüência, e sempre sei a resposta. Mas naquele momento me senti incapaz de responder ao referido cavalheiro. Dois dias depois, após muito refletir, eu disse a ele que o que eu quero talvez fosse complicado de explicar, mas o que eu não quero era simples e fácil de dizer. “O que é que você não quer então?“, perguntou ele. E eu prontamente respondi: “São duas coisas: eu não quero ficar sozinha pra sempre e eu não quero depender de alguém“. Ele ouviu e calou. Não sei se entendeu ou se a dúvida da primeira pergunta continuou. Só sei que sou grata a ele pela pergunta que me fez.

Depois disso, passei a pensar mais amplamente no que eu quero. Digo mais amplamente porque sempre me pergunto isso e a resposta a que chego é “quero ser feliz“. Mas aceitar essa resposta como plena pressupõe que eu não seja feliz, e isso não é verdade. Não querer ficar sozinha, do ponto de vista emocional, é bastante fácil de entender. Mas não querer depender de alguém pode ter no mínimo duas interpretações. A primeira é não depender materialmente – mas sem radicalismo, pois não vou ficar disputando com um homem pra ver quem ganha mais. A segunda, não depender emocionalmente – aqui não cabe negociação. Paradoxo? Para alguns, pode ser.

Fui criada pra ser mulher independente. Meu pai sempre nos instruiu para que estudássemos, tivéssemos profissão, trabalhássemos e não dependêssemos de homem. Acho que levei isso tão a sério que fiz uma produção independente, ainda que acidental – minha filha tem hoje 12 anos e é minha maior motivação nessa vida. Mas vamos à vertente emocional da dependência. Eu não posso permitir que a minha felicidade dependa de alguém que não eu mesma: é algo importante demais na minha vida para estar fora do meu controle. E também não posso deixar que minha felicidade dependa das coisas que ainda não tenho – viver assim é cultivar a própria infelicidade. Portanto, para estar com alguém, eu preciso não ter necessidade dessa pessoa ao meu lado, pois dessa forma a convivência se torna um prazer, e não uma obrigação.

Pois bem, Marina, mulher solteira, interessante, madura, boa formação profissional, cheia de saúde, com família, amigos, uma filha maravilhosa... não, jamais poderia dizer que não sou feliz. Dou sim minhas cabeçadas aqui e ali, mas isso não tira em nada o brilho da minha caminhada. Então, qual o contexto da minha resposta “quero ser feliz“? Que felicidade é essa que eu penso que ainda não tenho? Seria alguém para compartilhar a vida? Pode ser. Porém, será que isso vai mesmo me fazer mais feliz do que já sou? Outra boa pergunta, porque se não for para somar coisas boas à minha vida, é óbvio, eu não quero!

Eu quero apenas uma vida normal. Família, casa, trabalho, amigos, lazer e alguém com quem compartilhar tudo isso e com quem eu possa construir algo mais. Alguém que, quando e se vier, que venha trazendo mais serenidade, paz de espírito, harmonia, pois já é decisão firme na minha vida afastar tudo e todos que possam vir a atrapalhar o meu equilíbrio pessoal e a minha paz interior.

Viram só? No fundo, é mesmo simples a resposta. Viver isso é que pode ser complicado para alguns... mas pra mim também é simples. Tão simples, tão cotidiano que nem sempre consigo explicar...

bjsssssssssss

terça-feira, 21 de agosto de 2007

Com vocês... Marina no ar!


Há alguns dias venho pensando em fazer um blog... coisa da moda, que eu não sou muito afeita... mas tenho tantas histórias pra contar que seria egoísmo eu guardá-las somente pra mim, pra eu rir sozinha quando delas lembro. Ou chorar, porque nem todas são engraçadas, lindas ou cheias de charme. Mas mesmo de algumas que não foram assim tão alegres eu hoje dou risada... é a parte boa do amadurecimento: ver que coisas que pareciam o fim do mundo não foram assim tão ruins.


Não sei ainda o que e como vai ser, mas creio que parte será uma espécie de diário bem a posteriori dos acontecimentos, o que deve tornar os relatos mais ricos, comentados sob o olhar dos dias atuais... parte serão confissões levadas a público... parte reflexões da mulher madura que (acho) que sou... parte lembranças da menina que guardo em mim. Vamos em frente, sem projeto nem expectativas. Simplesmente vou deixar rolar...

Não esperem por nada cronológico... nem seqüencialmente relacionado. É até possível que uma coisa puxe outra, mas isso não será regra. Aliás, não pretendo ter regras pré-estabelecidas aqui: as regras dependerão do dia, do assunto, das pessoas envolvidas em cada história... talvez eu troque nomes, mas os personagens reais sempre se reconhecerão em cada passagem.

Quem me conhece em essência não terá a menor dificuldade em compreender minhas incoerências e paradoxos... minhas dores e alegrias... mas o que acredito que será bem legal nessa empreitada será mostrar a mim mesma e a quem quiser visitar e ler o blog é que sou uma mulher normal que, apesar das “nóias“ que a sociedade colocou na minha cabeça, vivo relativamente bem e procuro espalhar coisas boas a quem encontro e por onde passo. É claro que sempre há espaço para melhorias...

Mas como disse Caetano Veloso, “de perto ninguém é normal“ (Vaca Profana). Então creio que seria muita pretensão da minha parte dizer que sou normal. Deixemos os rótulos pra lá – eles não nos servem pra absolutamente nada. Ou melhor, servem sim, na maioria das vezes, a um propósito geralmente negativo: a criar estereótipos que se cristalizam... e que por mais que a pessoa mude e se melhore, ela é sempre vista como sendo o tipo marcado por aquele rótulo de tempos atrás... o tempo passa, as pessoas se melhoram, e ninguém merece ficar marcado com coisas que atrasam a evolução!!!

Portanto, eu sou simplesmente eu, Marina, filha do Geraldo e da Irma, irmã da Regina, Cristina, Marília e Cássio, tia do Luís Gustavo e do João Pedro e mãe da Luísa, linda Luísa...

Puxa, só aqui tem rótulo suficiente... a incoerência já começou... kkkkkk... e para um primeiro post já escrevi demais!

t+

PS. uma parte chata: meu laptop tem teclado no padrão alemão, e em laptops até funcionam aqueles atalhos de ALT + alguma coisa, mas dá muito trabalho. Então, acho melhor escrever direto e depois revisar, copiando e colando cedilhas e til... um saco, mas necessário. Portanto, pode acontecer de uma revisão falhar e a palavra caça virar caca... kkkkk