Quando fui pro Brasil em maio, viajei durante o dia. Foi super legal poder ver lá do alto parte dos Alpes, o estreito de Gibraltar e o deserto do Saara. Claro que fotografei quando foi possível, porque eu não estava em assento de janela. Quando passamos por onde de acordo com mapa virtual de bordo era Dacar, o ponto mais ocidental da África, alguém gentilmente me cedeu o assento à janela, e eu pude fotografar. Sou apaixonada por mapas e afins... achei o máximo essa vista. Mas só me contentei mesmo quando pude entrar no Google Earth e comparar... é, aquela península parecendo cabeça de dragão era realmente Dacar, a capital do Senegal.
Tempo x cronologia
Nos últimos tempos, as pessoas que encontro olham pra mim e na maioria das vezes acham que tenho menos idade do que na verdade tenho. No meu aniversário de 36, em novembro passado, arriscaram que eu estava completando 27... semana retrasada, pensaram que eu tinha 26. Pra mim não é problema algum dizer que tenho 36 anos, já caminhando pros 37. E dizer também que apenas recentemente descobri falta de melanina em três fios de cabelo – eu até tento encontrá-los, mas só os vejo se fizer uma caçada minuciosa diante do espelho. Não me preocupo (ainda... hehehe) com esse negócio de tinta no cabelo, mas isso é tão corriqueiro pra tanta gente que não será problema pra mim quando eu achar que está na hora.
Porém o que me inspirou a escrever sobre esse tema – tempo e cronologia – foi a recorrência do fato. Estava eu mostrando a uma pessoa algumas fotos minhas, de cerca de 10 anos atrás, e ela foi enfática em dizer que eu aparento hoje menos idade do que o que aparentava naquelas fotos. Não tenho a pretensão de estabelecer novos conceitos sobre tempo e cronos, quero apenas expor o que eu sinto a respeito.
Tudo bem, confesso que uso creme pro rosto diariamente sim, mas comecei tarde. Cuidar da pele é algo que exige disciplina, e essa senhora não é muito afeita a mim (ou seria eu a ela?) porém eu consegui, e há pelo menos 10 anos cuido muito bem da minha cútis facial. Mas será que é apenas graças às maravilhas da cosmética que hoje me dizem que aparento ser mais “jovem” que há 10 anos? Creio que não.
Nesses últimos dez anos eu vivi muita coisa. Histórias que me fizeram sofrer, que me deram alegria (em maior número, Deus é pai!!!) mas que, sobretudo, me ajudaram a enxergar o mundo com mais sabedoria, com menos apego a coisas efêmeras. Coisas que me fizeram perceber o quanto sou ignorante, o quanto ainda há por descobrir. Fatos que me ajudaram a ver e a viver a vida de uma forma mais humana e menos material. E, ao que parece, que me fizeram “rejuvenescer”.
Eis-me aqui: dez anos a mais na cronologia, uns 11 a menos no tempo, levando-se em conta que estou hoje “mais jovem” do que naquelas fotos. Tô aqui tentando entender o que e como se passou – talvez exista por aí alguém que queira a tal “receita”... hehehe... mas uma coisa é certa: seja lá o que for, é uma experiência minha, e que não servirá pra outra pessoa no esquema “vou fazer igual”. Tudo o que eu vivi, minhas alegrias e sobretudo minhas dores (como eu as encarei e delas saí erguida e fortalecida) são coisas únicas pois foram, a cada momento, resultado das minhas escolhas. E minhas escolhas, por sua vez, foram baseadas em meus princípios e sentimentos em cada situação.
Bom, descobrir a tal “receita” não importa, nem mesmo pra mim. O que posso dizer é que hoje me sinto um ser humano melhor do que há 10 anos. E vou continuar vivendo de forma a poder dizer, em 2017, que me sinto melhor do que era em 2007, afinal, só tenho que ser melhor do que eu mesma. E assim por diante, porque com a cronologia não tem discussão – a idade vai só aumentando, mas com o tempo sim, sobretudo quando a gente o utiliza como aliado na nossa evolução.
