segunda-feira, 2 de junho de 2008

Bicicleta ao mar!


Eis o cenário da história de hoje... na verdade, essa foto foi tirada do alto do morro onde se localiza o Trampolim, logo, ele não aparece. Mas a beleza da praia compensa. A foto é do álbum da minha irmã, mas eu não sei exatamente quem a fez.

Bicicleta ao mar!

Havia pouco tempo que meu pai tinha comprado uma casa na praia, em Barequeçaba, São Sebastião. Tudo era novidade... finais de semana, feriados prolongados, íamos sempre pra lá. A praia é uma delícia... típica para família com crianças e pra quem não gosta de tomar caldo: é quase uma piscina, sem ondas fortes. Isso provavelmente se dá em função da sua localização, meio de frente pra Ilhabela, meio pro mar aberto. É uma pequena enseada, delimitada por dois morros, na entrada sul do canal de São Sebastião.

Estávamos descobrindo o local, quando ficamos sabendo do Trampolim. “Ah, é ali atrás do morro menor”, disse um. “Mas como é lá, o que tem de legal?”, disparamos em tom de curiosidade desbravadora. “É um lugar onde a gente pula das pedras na água, de cabeça, se tiver coragem... e tem várias alturas!”. Ficamos pensando no perigo que seria tal lugar, pular e bater a cabeça em pedras... mas tanta gente falava que era o máximo, que não havia perigo, que só nos restava uma opção: subir o morro por um lado e descer pelo outro, e explorar o Trampolim.

A idéia de pular de cabeça na água me era fascinante e ao mesmo tempo assustadora. A descida até o Trampolim é bem íngreme, se a gente não se cuida direito, pode escorregar e descer “de bunda”. Chegando lá, vimos que era mais legal do que contaram... tinha até escadinha de corais pra subir e pular de novo, e não tinha pedras que ofereciam risco sob as águas, porque ali é um paredão de rocha. Mas e a coragem pra pular, mesmo que do “zerinho”, o nível mais baixo? Sobre o nível mais alto, há controvérsias... uns dizem que é o 5, outros dizem que existe até o oito.

Mas voltando... depois de alguns momentos de “vai-não-vai”, pulei, do nível um. Delícia... subi, pulei mais algumas vezes... e com o tempo, fui ousando mais, mergulhando de cabeça, embora nunca tenha passado do nível três – ali já era adrenalina suficiente.

Meu pai ficou sabendo do Trampolim, que era muito perigoso e coisa e tal, e proibiu meu irmão, na época com 9 anos, de ir lá. Meu irmão saía pelo bairro, às vezes a pé, às vezes de bicicleta, fazendo amigos e, claro, ignorando a determinação paterna, ia no "local proibido" com os colegas. Foi num feriado prolongado que demos falta da bicicleta dele. Perguntamos “cadê sua bicicleta?”, e ele disse que tinha deixado “ali”, que ela talvez tivesse sido roubada. Disse isso sem muita convicção, mas como quem desejava ardentemente que o assunto fosse esquecido. E até foi... ninguém perguntou mais sobre a magrela.

No dia seguinte, quando caminhávamos até a praia, um dos coleguinhas dele o viu e gritou “e aí, conseguiram pescar sua bicicleta? Acho difícil, porque ali é fundo”. Daí entendemos o que tinha acontecido: a bicicleta tinha ido ao mar. Numa escorregada na descida íngreme até o Trampolim, ele perdeu o equilíbrio e soltou a bike, que despencou lá de cima pro fundo das águas azuis do canal de São Sebastião.

Depois desse episódio, meu irmão continuou indo lá, e ousava cada vez mais, pulando dos níveis mais altos. No orkut tem uma comunidade sobre o Trampolim de Barequecaba, com histórias contadas por seus protagonistas no fórum. Lá ele conta que num dos saltos, lascou um dente com o impacto na água. Eu tive perfuração de tímpano uma vez. Pra quem quiser, eis o link:
http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=8099614

Que idéia de doido descer até lá levando a bicicleta... mas pelo menos ele desceu desmontado! Antes a bike do que ele!

2 comentários:

Ana Beatriz Frusca disse...

http://antessodoquemalacompanhada.blogspot.com

Depoiseu comento com calma.

bjuxx.

Ana Beatriz Frusca disse...

Lugar lindo, mas esse seu irmão gostava mesmo é de viver perigosamente. Tudo que é proibido é fascinante;;é desafio...é mistério a ser desvendado.
entrei nessa comunidade.
Beijos, querida.