A minha ida a Genebra, na Páscoa, rendeu muitas fotos interessantes. Entre elas, a do “Restaurant sans alcool” (Restaurante sem álcool). Ele seria um lugar ideal pra eu ir na época do texto de hoje... Mas voltando, passamos por ele na ida pra cidade alta e na volta. Até estiquei meu pescoço pra ver como era lá dentro... e o comentário do Tim se confirmou: “Restaurante sem álcool e sem clientes!”
Gardenal
A primeira vez que ouvi falar esse nome, nem tinha noção do que era. Só sabia que teria que tomar um comprimido por dia, ao deitar. Após uma convulsão durante o sono, fui parar num pronto-socorro, e o plantonista disse que eu tinha que ir a um neurologista. Minha mãe me levou a um, que pediu eletroencefalograma (EEG) e raio X do crânio. Ao pegar os exames, ele só disse que o raio X da cabeça era normal, não esclareceu coisa alguma sobre o EEG, mandou tomar aquele remédio toda noite e disse pra minha mãe que me trouxesse de volta no mês seguinte – mas que voltasse antes caso acontecesse alguma coisa.
Não aconteceu nada nem antes nem no mês seguinte – tudo na mais perfeita ordem. Então minha mãe pensou que não era mais necessário voltar. Ela não tinha obrigação de saber... o médico é que deveria ter explicado que era imperativo voltar na consulta, porque o tratamento não era coisa de um mês.
Eu tinha 12 anos, e era aluna exemplar na escola, só tirava notas máximas, era muito atuante no esporte, jogava vôlei no time mirim... enfim, tinha uma vida absolutamente compatível com alguém da minha idade. Ou melhor, quase compatível... era muito tímida e nunca tinha algum paquera. Mas isso é assunto pra outro texto.
Aproximadamente dois anos se passaram... e aconteceu de novo: convulsão, agora mais intensa do que antes. Susto geral em casa, afinal meus pais pensaram que eu estava “curada” daquilo. Pois é, o tratamento iria começar de novo ali, mas agora com informações corretas sobre o que devia ser tratado.
O meu problema era disritmia cerebral. A melhor explicação a respeito me foi dada por uma médica com quem me tratei dos 14 aos 18 anos. Ela não só explicou a disritmia com a diferenciou da epilepsia: “Imagine que o cérebro é um conjunto de lâmpadas que precisam acender e apagar simultaneamente. A epilepsia é quando uma lâmpada queima – e não tem como trocar, portanto, quem tem isso vai ter que tomar remédio a vida inteira. A disritmia é quando elas acendem e apagam desordenadamente. O remédio atua na reordenação das ondas elétricas do cérebro, reduzindo essa falta de ritmo até um nível em que o medicamento não será mais necessário”.
O interessante é que depois que passei a tomar esse remédio, comecei a ouvir colegas da escola dizendo (não pra mim) que quem tomava Gardenal era doido. Eu é que não iria assumir que tomava aquele remédio de doido... eu me considerava normal! Depois de pouco tempo entendi o motivo: pessoas que NÃO PRECISAVAM do remédio e que queriam “ficar doidonas” tomavam Gardenal com birita em grande quantidade, pra “dar um barato”. Nunca foi o meu caso: eu sabia que não devia tomar nada alcoólico e nem passava perto.
Foram longos anos de tratamento até que o medicamento pudesse ser suspenso. E como eu não podia beber nada alcoólico, aprendi a me divertir sem isso. Nas baladas da faculdade, era comum gente que não me conhecia dizer que eu estava “alegrinha” demais, fazendo alusão à bebida. Mal sabiam eles que a alegria era pura e genuína, do tipo que não precisa do álcool pra se manifestar.
Ah, hoje em dia eu não dispenso um bom coquetel numa balada, uma taça de vinho a dois ou uma cerveja em um biergarten (afinal, estou na Alemanha!), embora eles não sejam imprenscindíveis para a minha diversão!
Alguns que me conhecem pouco vão ler esse texto e dizer “bem que eu sempre desconfiei que ela tinha algo de anormal”... Fiquem tranqüilos... eu sou normal. De longe, porque de perto ninguém é!
kkkk
13 comentários:
Eu conheço uma pessoa que faz uso desse medicamento mas por ter epilepsia, na verdade tanto a disritimia quanto a epilepsia não impedem a pessoa de levar uma vida normal.
A prova disso está aí: vc é uma mulher muito inteligente!
Bjuxxx.
:D
Oi Mariana meu nome é Fabio eu tbm tomo esse remedio,graças a Deus hj vc não precisa mas,meu sonho é poder ficar livre dele tbm pois é muito ruim viver dependendo de um remedio vivo tranquilo normal,quase ninguem sabe q tomo pois tenho vergonha,trabalho de carteira assinada mas nas entrevistas sempre perguntam se eu ja tive crise certamente se eu falar a verdade não seria contratado
mas creio q um dia Deus vai me libertar desse remedio
fik com Deus e seja feliz
Bem interessante o seu relato viu, minha namorada teve convulsão e está tomando gardenal, apesar de brincar (e muito) com o fato dela tomar gardenal, eu entendo que gardenal não é coisa de louco, tenho ctz disso pq ela já era louca antes mesmo de tomar o remédio, e não mudou nadinha desde então...rsrs
Tive minha primeira disritimia com 4 anos (pois nao chorei quando nasci) tomei o remedio durante 4 anos. Hoje tenho 24 anos nunca mais tive outra crise, vivo tranquilo e nunca tive problema enm nada (esportes, escola, faculdade, namoro, etc) ja sou formado em design. E a quem diz que pra tomar tem q ser louco, deveria procurar um psicatra.
rsrs
a todos boa sorte
e otimo topico
ola Mariana estou passando o mesmo problema que vc teve mas com o meu filho, foi uma barra quando descobri mas agora estou me informando melhor quanto ao assunto e ja consigo ver que nao é o fim do mundo! Obrigado por nos dar uma explicação tao afundo! BOa sorte!
OI,
MEU NOME É DANIELLE, SOU BRASILEIRA, TENHO 27 ANOS
FUI DEPENDENTE DESTE MEDICAMENTO ATE OS 9 ANOS DE IDADE, AS CRISES CONVULSIVAS MANIFESTARAM-SE ANTES DOS 2 ANOS DE IDADE. EM 91, DEPOIS DE UM ACIDENTE QUE QUASE TIROU A MINHA VIDA, OS MÉDICOS APÓS UMA SÉRIE DE EXAMES NAO SOUBERAM EXPLICAR MAS ESTAVA PRATICAMENTE CURADA COMO SE NUNCA TIVESSE TIDO ALGO.
HOJE SOU ESTUDANTE DE MEDICINA, E A EXPLICAÇÃO MAIS CABÍVEL P/ TODAS ESTAS COISAS FOI O PODER E O PROPÓSITO DE DEUS EM MINHA VIDA.
QUE DEUS TE ABENÇOE MARIANA.
myoceann.blogspot.com(lisbella)
fiquei sabendo que tenho DC hoje e ao passar por aqui vi seu comentario o que me aliviou bastante
obrigada! que deus te abençoe!!
Seu comentário foi perfeito,,,,,, o gardenal nada mais é que um medicamento, que deve ser utilizado com um propósito, não da certo utiliza-lo com álcool simultaneamente, pois além do álcool interromper as instruções que a medicação impõe ao cérebro, o álcool desvirtua tudo, pois o medicamento e o álcool percorrem a mesma via, havendo o conflito de inforamações ao cérebro... além do efeito de potencializar o medicamento, provocando convulsões, mesmo em que nunca teve.
Boa noite....
foco2000@bol.com.br Hilla
Boa noite, tenho 24 anos e tomo esse remedio(Gardenal 100mg)desde os 15, eu sempre fui muito festeira, sempre gostei de beber com os amigos. Até que um dia meu médico resolveu diminuir meu remédio de 15 em 15 mg por semana para tentar fazer eu parar, foi aí que tive uma nova crise aos 17 anos, aí veio todas as imagens das coisas que eu bebia a minha cabeça, foi quando realmente eu parei de beber e comecei a levar o tratamento a sério. Hoje eu diminui o remedio por conta, tomo 50 mg por noite. Tenho esperança que um dia vou conseguir parar de tomar esse remedio.
No inicio eu tinha muita vergonha de assumir isso, mas hj em dia vivo normal e levo tudo na esportiva.
re.rb@zipmail.com.br
Olá Mariana...assim como você precisou, eu também tomo este medicamento. Tive convulsão febril quando criança, depois uma convulsão aos 30 anos...(foi quando procurei o médico). Mas meus exames sempre dão normal, dizem que eplepsia às vezes é diagnosticada pelos sintomas, é o meu caso, infelizmente. Fiquei 3 meses sem o medicamento por conta própria e tive uma outra crise. Dizem que 5 anos sem crise é considerado cura. Tomara Deus. bjs
Olá Mariana...assim como vc precisou, eu tbem tomo este medicamento. Tive convulsão febril quando criança, repeti aos 30 anos...(foi quando procurei o médico). Mas meus exames sempre dão normal, dizem que eplepsia às vezes é diagnosticada pelos sintomas, é o meu caso, infelizmente. Fiquei 3 meses sem o medicamento por conta própria e tive uma outra crise. Dizem que 5 anos sem crise é considerado cura. Tomara Deus. bjs
Olá...assim como vc precisou, eu tbem tomo este medicamento. Tive convulsão febril quando criança, repeti aos 30 anos...(foi quando procurei o médico).Meus exames sempre dão normal, eplepsia às vezes é diagnosticada pelos sintomas, é o meu caso, infelizmente. Fiquei 3 meses sem o medicamento e tive uma outra crise. Dizem que 5 anos sem crise está curado. Tomara. Bjs
Olá Mariana meu nome é Davi eu tive uma convulsão antes de completar 01 ano de idade.Daí fiz todos os procedimentos como: exames de eletro,acompanhamento e o gardenal. Tomei o medicamento até os meus 16 ou 17 anos. Hoje tem 42 anos não uso mais, mas sempre tive muitas de dificuldades na escola,deficit de atenção, e outras coisas. Passaram-se anos fiz novos exames sobre dislexia, mas não teve muito resultado. Hoje continua a perpetuar as dificuldades que sempre tive quando criança, só que agora talvez mais agressiva, pois a idade já não é mais a mesma, com o tempo às vezes esqueço alguns detalhes simples, tipo como perder coisas,ter dificuldades de fazer contas, e isso tem me preocupado muito. Estou disposto a procurada médicos da área para poder buscar ajuda. Meus parabéns pelas suas informações.
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